Depois de duas edições on-line, o Cena Contemporânea está de volta com uma programação focada em questões urgentes da agenda contemporânea e apresentações em palcos alternativos da cidade. "Quando pensei nessa curadoria, pensei no público de Brasília, do festival, e na nossa indigência de palcos neste momento. Vamos trabalhar com espaços alternativos, palcos que não são os usuais de grandes espetáculos e isso também direcionou o olhar da curadoria", avisa o curador Guilherme Reis.
Com um total de 21 espetáculos e início em 28 de junho, o 23º Cena Contemporânea conta com participação de grupos do Brasil, Argentina e Portugal, uma programação de atividades educativas, oficinas e exposição, além do lançamento do filme Quem tem medo?, de Dellani Lima, Henrique Zanoni e Ricardo Alves Jr, exibido no É tudo verdade, e de show de Arnaldo Antunes e Vitor Araújo.
No repertório, o momento político e social do Brasil e do mundo aparecem em uma dramaturgia que reflete a sociedade. "A gente queria trazer espetáculos que marcaram esse período pré e pós pandemia, mas que não vieram a Brasília e dificilmente viriam em outra circunstância", explica Guilherme Reis. "São espetáculos que tratam de questões hoje muito quentes da agenda brasileira, como migração, imigração, precarização do trabalho, questões ligadas à sexualidade e gênero, identidade, a questão indígena, a questão climática e a eterna exploração do ser humano pelo ser humano."
Segundo o curador, os artistas escalados para a 23ª edição do evento têm trabalhos muito ligados ao universo de pensamento de um Brasil mais voltado para o ser humano, para questões como as liberdades individuais e coletivas e para a reflexão sobre a necessidade de um estado mais democrático.
Denise Fraga abre o festival com o monólogo Eu de você, com texto criado a partir de depoimentos recolhidos pela atriz. Na noite de estreia, Janaína Leite apresenta Stabat mater, no qual reflete sobre a violência contra a mulher de um modo muito pessoal. Os pernambucanos do Magiluth trazem Estudo nº 1 Morte e vida, inspirado em poema de João Cabral de Melo Neto, e o sertão é tema de Cordel do amor sem fim ou A flor do Chico, do grupo Os geraldos e com direção de Gabriel Vilela. "É um espetáculo muito singelo, com toda aquela poesia do Gabriel Vilela, de rococó mineiro, com aquele mergulho no São Francisco que ele faz, é muito bonito e musical", avisa Guilherme Reis.
Entre os espetáculos internacionais, o destaque é para o argentino Experiência 2: Encontros breves com homens repulsivos, adaptação de texto de David Foster Wallace realizada pelo diretor Daniel Veronese, e A caminhada dos elefantes, do grupo português Formiga Atômica. No primeiro, dois homens machistas e cheios de preconceitos tentam compreender seu lugar no mundo contemporâneo e, no segundo, uma reflexão sobre mudanças climáticas, fim da vida e morte convida crianças e adultos a olhar para um modo de vida que se tornou insustentável.
Além dos espetáculos, o festival vai realizar homenagens a Darcy Ribeiro e Hugo Rodas, uma forma também de celebrar os 60 anos da Universidade de Brasília (UnB), instituição na qual as duas personalidades foram figuras fundamentais. Rodas morreu em 13 de abril deste ano e vai ganhar uma performance no Espaço Cultural Renato Russo e a exibição do espetáculo O rinoceronte, uma das últimas produções do diretor.
Este ano, o Cena Contemporânea será realizado com verba de R$ 1,4 milhão do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e contribuições do Instituto Camões e do Sesc-DF. A venda de ingressos deve estar disponível a partir da primeira semana de junho e será feita pelo site do festival.
Confira os destaques das edições anteriores:
2003
Prêt-à-porter, de Antunes Filho — série na qual o ator e a verdade cênica eram os focos do espetáculo
Alice através
do espelho, da Armazém Companhia de Teatro
com direção de Paulo
Moraes — experiência imersiva no universo da personagem de Lewis Carroll
A Paixão segundo
G.H., direção de Enrique Diaz — Mariana Lima interpretava a personagem de Clarice Lispector em montagem que simulava um quarto e podia ser vista apenas
por 25 pessoas a
cada sessão
2005
Dance on Glasses, da companhia iraniana Mehr Theatre e direção de Amir Reza Koohestani — peça refletia sobre a relação amorosa
2006
K.I. de Crime e Castigo, do diretor Russo Kama Ginkas — trabalho naturalista sobre ao clássico de Dostoiévski com a atriz e cantora russa Oksana
Myssina
2009
La piste là, do francês Cirque Aitail — Espetáculo cheio de humor e que trouxe ao festival as ideias do novo circo
2015
E se elas fossem para Moscou?, dirigido por Christiane Jatahy — Diálogo entre teatro e cinema era o tema do espetáculo criado por Jatahy, que ganhou Leão de Ouro do Festival de Veneza deste ano pela trajetória no teatro cênica 2019
Antígona, com direção de Amir Haddad — Andrea Beltrão toca o texto de Sófocles num ritmo acelerado e sempre em diálogo com a plateia
Serviço
23º CenaContemporânea
De 28 de junho a 10 de julho. Venda de ingressos na plataforma Sympla.
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