Barbie Revolucionária

Mattel lança primeira Barbie trans, inspirada na atriz Laverne Cox

Edição de tributo da Barbie é lançada em comemoração ao aniversário de 50 anos da atriz e segue a tendência da empresa em expandir a diversidade das bonecas

Izabella Caixeta - Estado de Minas
postado em 26/05/2022 14:43
 (crédito: ELIZABETH BRAUNSTEIN/MATTEL)
(crédito: ELIZABETH BRAUNSTEIN/MATTEL)

Laverne Cox, atrix reconhecida por seus papéis em Orange is the new black e Inventando Anna, é a primeira mulher trans a ser representada em uma boneca Barbie. O lançamento, anunciado na quarta-feira (25/05) pela Mattel, é uma homenagem ao aniversário da atriz, que completa 50 anos neste domingo (29/05).

"Não posso acreditar. Amo a roupa dela", disse Cox em entrevista à revista People. "O que mais me excita sobre ela estar no mundo é que as jovens trans podem vê-la e talvez comprá-la e brincar com ela, e saber que há uma Barbie feita pela Mattel, pela primeira vez, à semelhança de uma pessoa trans", completa.

Vice-presidente executiva e chefe global de Barbie e bonecas da Mattel Lisa McKnight ressaltou o orgulho da empresa em destacar a inclusão e aceitação em todas as idades, e reconheceu o impacto significativo de Laverne na cultura com uma Barbie Tribute Collection.

O processo de criação da boneca, que usa um espartilho vermelho e saia de tule sobre um body prateado com botas de salto alto, foi totalmente acompanhado por Cox, que deu sugestões sobre os traços afro-americanos e sobre o cabelo. A roupa, que pode se transformar em várias combinações, também foi ideia da atriz.

Barbie de Laverne Cox tem várias combinações de roupas
Barbie de Laverne Cox tem várias combinações de roupas (foto: Reprodução/ Mattel)

Uma boneca que representa uma pessoa trans, da amplitude de Laverne Cox, isso empodera, dá visibilidade e nos sujeita a entender que a diversidade também deve ser colocada nas brincadeiras, nas ações cotidianas, nos jogos...”, afirma Layza Lima, Coordenadora da área de mulheres trans da Aliança Nacional LGBTQIA.

Não é a primeira vez que Laverne Cox faz história. Em 2015, tornou-se a primeira pessoa trans a ganhar estátua no museu Madame Tussauds, e a primeira trans a aparecer na capa da revista Time.

Revolução da Barbie

A Mattel tem se empenhado em acompanhar as mudanças culturais e sociais criando Barbies que representem a diversidade do mundo, mas nem sempre foi assim. A boneca Barbie, que fez parte da infância de milhares de crianças ao redor do mundo, difundia a imagem da mulher “perfeita”: magra, loira e de olhos azuis, sendo considerada o maior exemplo de brinquedo “de menina”.

Laverne Cox contou à revista People que na infância era proibida de brincar com bonecas por ter nascido como um menino. “Quando eu estava nos meus 30 anos, eu estava em terapia e disse ao meu terapeuta que me foi negada a oportunidade de brincar com bonecas Barbie. E meu terapeuta disse: 'nunca é tarde demais para ter uma infância feliz, e o que você deve fazer pois sua criança interior é sair e comprar uma boneca Barbie'”, desabafou Cox. “Então, estar completando 50 anos e ser transgênero e ter uma Barbie na minha vida, isso parece um momento de cura de círculo completo”, completa.

Uma experiência parecida foi vivida por Layza, que na infância sofreu com a imposição de brinquedos específicos e cores. Era incentivada a brincar de carrinho, que é colocado socialmente como “coisa de menino”, e não podia brincar de boneca ou de casinha, que são geralmente associados a meninas. Situação que se repete com muitas crianças no Brasil e no mundo até hoje.

“Essa imposição, notoriamente falando, até hoje fomenta o machismo nas simples brincadeiras de criança. A gente promove a desigualdade de gênero desde crianças. Quando a gente fala de moldar uma sociedade mais tolerante, menos machista, a gente precisa entender que as nossas crianças precisam trabalhar no contexto da diversidade”, explica Layza.

Dessa forma, a boneca Barbie de Laverne Cox assim como a linha da Barbie que representa mulheres que são destaque no mundo e líderes mundiais, ou com características inclusivas como a versão da boneca com aparelho auditivo e do boneco Ken com vitiligo não é apenas um brinquedo, mas visibiliza corpos que são notoriamente apagados dentro de uma sociedade ainda preconceituosa, como uma forma de construir um futuro melhor e mais igualitário, que respeite as diferenças.

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