vozes de ouro

Pela primeira vez no Brasil, The Ten Tenors se apresenta em Brasília nesta terça

Pela primeira vez no Brasil, The Ten Tenors promete apresentar um repertório diversificado na turnê que estreia em Brasília

Ricardo Daehn
postado em 24/05/2022 06:00 / atualizado em 25/05/2022 18:25
 (crédito: Dylan Evans)
(crédito: Dylan Evans)

"Sou apenas 10% do grupo", entrega o tenor australiano Boyd Owen, modesto para quem já apresentou Carmina Burana, no prestigioso Carnegie Hall (Nova York), e que chega a Brasília, com a turnê Love is in the air, com direito à passagem por quatro outras capitais. Junto com nove amigos, com quem forma a primeira turnê do grupo The Ten Tenors pelo Brasil, depois de mais de 2,5 mil apresentações mundo afora, com venda superior a 3,5 milhões de ingressos, Boyd Owen antecipa muito do fator surpresa do show que alinha releitura do cancioneiro romântico internacional: "Não se espera que estes caras de smoking e gravatas avermelhadas sejam capazes de relaxar, no palco".

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Aos moldes de um time de futebol, o Ten Tenors, pelo que enfatiza Owen, traz integrantes diferentes, a cada formação: "É algo natural, uma vez que estamos juntos há mais de 27 anos. Iniciamos, aos meados dos anos de 1990, justo quando o trio Pavarotti, Domingo e Carreras explorava algo absolutamente novo. A música clássica, à época, era mantida nas casas de ópera e por lá ficava, com um limitado grupo de admiradores. Mas, os três sabiam que o erudito podia muito bem ser apreciado por um maior público. Nós começamos, de modo muito informal, e eles foram uma inspiração".

Nessa linha, depois de apresentações com Rod Stewart e Alanis Morissette, e da gravação de 15 álbuns e 4 DVDs (entre os quais Amigos para siempre), Owen e os parceiros Cameron Barclay, Daniel Belle, Michael Edwards, Keane Fletcher, Nigel Huckle, Nathan Lay, JD Smith, Sam Ward e James Watkinson apresentarão músicas como Life is perfect, A thousand years e All of me. Never enough e ainda árias como Una furtiva lagrima (de Donizetti) e Nessun dorma (Puccini) não fogem do repertório a ser apresentado, hoje, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Pequenos pontos (colocados nos ouvidos), no palco, ajudam no checar de vozes e na comunicação com a equipe técnica, em complexa afinação. "No mais, ensaiamos, ensaiamos e ensaiamos, até o mais próximo da possível perfeição. Trabalhamos duro, absolutamente todos os dias. Ainda que tenhamos ensaios regulares, a cada apresentação, tomamos ao menos uma hora para aperfeiçoamentos e ajustes. Buscamos um som único e especial com momentos poderosos, desde a integração das vozes no palco até os momentos de holofote e brilho para uma única voz peculiar ganhar projeção. A constância dos ensaios é que resultou na harmoniosa experiência. Não podemos ainda deixar de observar a escolha afunilada de repertório", entrega o cantor.

Ao ressaltar que tenores não se limitam à identidade junto ao clássico, Owen lembra de Freddie Mercury (do Queen) e John Longmuir. "Eu tendo a soar como cantor clássico, mas alguns (do The Ten Tenors) vêm com a afivelada tonalidade de rock. Levamos o público para uma jornada de sons muito diversos. Nós realmente gostamos de surpreender", comenta. Celebrar o amor e as primeiras danças de noivos, a cada casamento, formulou o conceito de Love is in the air. A espera pela apresentação no Brasil está engasgada, há dois anos, quando tudo se viu modificado pela pandemia.

"Finalmente, podemos nos apresentar. É o que em mim toca, ao apresentar Love is in the air: ficar sem cantar, por dois anos, me fez sentir como se uma parte de mim estivesse ausente. Me levanto, pela manhã para isso: para entregar a música. Os últimos dois anos nos deixaram em frangalhos. Em duas horas de apresentação, espero que haja transcendência. A música toca nosso coração, e acentua a nossa interação. Queremos, de verdade, exercer uma mudança, como numa forma de cura. Quero que todos se sintam vivos novamente — contactar o que existe de pulsante na vida, algo perdido nos últimos anos", observa Boyd Owen.

Num patamar técnico e que dimensiona o grupo, vale lembrar que um dos álbuns foi gravado em Praga com a Orquestra Filarmônica Tcheca, mas, em Brasília poucos instrumentistas estarão no palco. "Às vezes, compactamos o som da orquestra num computador", brinca o artista. Na reta final de uma longa jornada, depois de enorme aceitação pela Europa e Américas do Sul e do Norte, Owen conta da intimidade com o relacionamento mantido com públicos diversos com alemães, australianos, italianos e chineses. E, do Brasil, como ouvinte, do que gosta Owen? "Adoro samba, e que é, claro, marca brasileira. Gosto de Gilberto Gil, mas, no momento, adoro as músicas de Ivete Sangalo, ainda que minha favorita seja Maria Rita. Com a música brasileira não há quem fique triste", observa. Ciente do entendimento do que apeteça o público, Owen é catedrático: "Nosso atual show é dos que mais me orgulha, trata-se de um dos melhores. Fazemos trocas culturais, e temos Mas que nada (Jorge Ben). Injetamos o inesperado, com medleys e twists, e nunca deixaremos de fora Bohemian rhapsody. É um show animado, e, no encerramento, é muito bacana ver todo mundo dançando, e sentindo", conclui Boyd Owen.

The Ten Tenors

Show com quase duas horas, hoje, às 21h, no Auditório Ulysses Guimarães, a partir de revisões de músicas como Unchained melody, Somebody to love e Make you feel my love, entre muitas outras. Ingressos individuais (poltronas) têm valores entre R$ 150 (meia, superior) e R$ 350 (meia, premium), e podem ser adquiridos, de modo online, em: www.bilheteriadigital.com (sujeito à taxa de serviço). Não recomendado para menores de 14 anos.

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