Marisa Monte utilizou bem o período em que precisou ficar em casa, durante a longa quarentena— por conta da pandemia —, para produzir o primeiro disco solo, depois de 10 anos. Ao álbum, lançado em julho de 2021, deu o nome de Portas, para o qual compôs 16 canções, feitas com antigos companheiros de jornada e novos parceiros. Em Brasília, onde tem vindo com suas turnês desde, praticamente, o início da carreira, a cantora faz o show hoje, às 21h30, na Arena BRB no Estádio Mané Garrincha. Antes da apresentação, a musa conversou com o Correio e falou sobre a história dela com o DF.
Logo depois a cantora iniciou os ensaios visando a turnê do show que recebeu o mesmo nome do LP. A estreia foi em São Paulo e logo em seguida ela partiu para os Estados Unidos, onde cumpriu uma série de apresentações em várias cidades, com ótima acolhida de norte-americanos e de brasileiros, radicados naquele país. De volta ao Brasil, quase que ininterruptamente, Marisa passou com o Portas por capitais do Nordeste.
Em Brasília, onde tem vindo com suas turnês desde, praticamente, o início da carreira, a cantora faz o show hoje, às 21h30, na Arena BRB no Estádio Mané Garrincha. No palco tem a companhia da banda formada por Dadi Carvalho (baixo, violões e piano), Davi Moraes (guitarra), Pupillo (bateria), Pretinho da Serrinha (percussão e cavaquinho), Chico Brown (violões e piano), Antônio Neves (trombone), Eduardo Santana (trompete) e Oswaldo Lessa (sax e flauta).
“De todas as minhas aventuras na música nada se compara à parceria com Marisa e fazer parte da banda que a acompanha no show Portas. É sempre leve e intuitivo tocar e criar em meio de amigos tão motivadores e profissionais”, destaca Chico Brown. “Ter a honra de compor com Marisa, ver nossas criações alçando seu próprio voo e as pessoas se identificando, cantando junto é uma sensação cuja descrição sempre me desafia e emociona”, acrescenta.
Na criação do repertório, como costuma fazer, Marisa mesclou músicas que se tornaram marcantes em sua trajetória artística de 35 anos com outras do coletivo Tribalistas e boa parte das que gravou no novo trabalho. Os espectadores vão ouvi-la cantar Vilarejo, Ainda lembro, Infinito particular, Ainda bem, Preciso me encontrar, Depois, Pelo tempo que durar, Vento sardo, Você não liga e Velha infância, entre outras.
Entrevista // Marisa Monte
Do show Tudo Veludo, de 1987, no Jazzmania no Rio de Janeiro, ao Portas, decorrem 35 anos de carreira. Que avaliação faz de sua trajetória?
Comecei intérprete e a voz me abriu o caminho. Aos poucos vejo que evolui ampliando meu campo de ação na música. Comecei a compor meu repertório, produzir meus álbuns até que meu trabalho como produtora e compositora foi além da minha obra como intérprete e comecei a compor e produzir para outros artistas. Percebo uma evolução que aconteceu não só para frente, mas também lateralmente.
Você sempre fez longas turnês, mas a de agora supera as anteriores em termos de tempo na estrada. O que foi determinante levá-la a vários continentes?
Na verdade, já fiz turnês mais intensas e mais extensas quando era mais jovem. Cheguei a fazer 250 shows na turnê de Cor-de-rosa e Carvão/ Barulhinho Bom. Nesse tempo todo, viajei pelo mundo e fui consolidando meu espaço e alargando os horizontes. A música é uma forte representante do Brasil no mundo, existe um espaço que já vem sendo aberto há muitos anos por artistas que vieram antes de mim desde os Oito Batutas passando por Carmen Miranda, Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre tantos. A música brasileira representa a nossa identidade, a potência da nossa cultura, a diversidade, a originalidade, encanta, emociona o mundo.
O que de inovador traz este show, com título homônimo ao do álbum lançado em julho de 2021?
O show é um meio audiovisual, que vai além do álbum e das músicas, onde as imagens potencializam os sentidos das canções. O cenário do show foi desenvolvido a partir da série “Fundos”, obra da artista plástica Lúcia Koch. Ela faz um trabalho a partir de caixas criando ambientes arquitetônicos com luzes e sombras que achei que seria perfeito para a atmosfera do show. A ideia era criar um diálogo entre o mundo interior, o isolamento, confinamento, e o mundo exterior, através da imaginação, do sonho, do poético e do lúdico. A partir desse princípio, uma equipe de criação e de editores, programadores e iluminador, tendo Batman Zavareze e Claudio Torres como codiretores, desenvolveu os vídeos e efeitos visuais.
Músicas do novo disco estão lado a lado no repertório com outras que foram marcantes em sua obra. A ideia foi revisitar canções que fazem parte da memória afetiva sua e dos fãs?
Hoje, depois de tantos anos de carreira e tantos álbuns gravados, tenho um repertório muito extenso, e é natural que as canções circulem pelo repertório do show e se alternem num equilíbrio interno entre estilos, temas, ritmos e fases. Neste show, procurei trazer canções que não canto há muito tempo, apresentar um panorama da minha história e equilibrando canções novas e antigas.
Desde a turnê do MM você tem vindo a Brasília. Aqui já esteve com Paulinho da Viola e com o memorável concerto dos Tribalistas. Como vê a acolhida que recebe do brasiliense?
Sou sempre muito bem recebida em Brasília, que nunca fica de fora em todas as minhas turnês e onde vivi momentos inesquecíveis. Já fiz show em diversos espaços diferentes na cidade para um público sempre caloroso, sensível e carinhoso.
Preocupa a você vir à capital federal no momento em que o país vive uma crise institucional?
Não. Na verdade, fico satisfeita. Nunca foi tão importante defender a cultura e oferecer resistência poética para acalmar os corações e amplificar a imaginação e a criatividade das pessoas, um campo onde tudo pode ser imaginado e sonhado. Precisamos poder sonhar com um país melhor para transformar o ideal em real.
Como artista e cidadã, como vê o tratamento que o atual mandatário do país tem dado à cultura?
Lamento muito e vejo como desperdício. Gostaria de uma gestão com mais consciência da potência econômica que significa a cultura e a indústria criativa. Num pais em crise com altos níveis de desemprego, nosso setor gera muitos empregos, é uma parcela considerável do PIB, fomenta economia de outros setores, além do valor intangível e imaterial da cultura, que representa o Brasil positivamente no mundo. Infelizmente, percebo uma falta de noção dessa grandeza na forma como a cultura é tratada. Porém isso faz com que eu me sinta mais motivada ainda a estar na estrada levando arte e cultura.
Show de Marisa Monte e banda, neste sábado (14/5), às 21h30, na Arena BRB do Estádio Mané Garrincha (Eixo Monumental);
Ingressos: R$ 100 (cadeira lateral), R$ 150 (cadeira gold), R$ 230 (vip), R$ 400 (cadeira premium lateral) e R$ 500 (cadeira premium central) - valores referentes a meia entrada
Ingresso solidário: 50% de desconto sobre o valor de inteira para quem levar um quilo de alimento (exceto sal e açúcar) ao acesso do evento.
Venda: www.eventim.com.br/marisamonte
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