Crítica

Doutor Estranho mostra camadas de terror numa ação da Marvel

Confira a crítica do jornalista Ricardo Daehn ao filme 'Doutor Estranho no Multiverso da Loucura'

Ricardo Daehn
postado em 12/05/2022 06:00
 (crédito:  Fotos: Marvel Studios/Divulgação)
(crédito: Fotos: Marvel Studios/Divulgação)

Com o peso de administrar tudo ao redor, o protagonista de Doutor Estranho no multiverso da loucura abre alas, e brechas entre mais de 70 universos, para uma guerreira nada ponderada: a Feiticeira Escarlate, num papel que acolhe todo o talento de Elizabeth Olsen. Já com a ação engrenada, seis anos depois do estouro de Doutor Estranho, o novo filme apresenta os conflitos de cada peça que compõe o drama interno ajustado a tipos como América Chavez (Xochitl Gomez) e Mordo (Chiwetel Ejiofor).

Numa espécie de estica e puxa, a ação do filme de Sam Raimi encontra viagens multiversais que redimensionam fatos dados como certos. Há uma excelência visual e de edição capaz de respaldar toda a experiência, daí a direção de arte ser vital para a produção. Recursos são tão apurados, que, numa cena em especial, o espectador pode ser convencido de que o som tenha sido materializado, graficamente.

Num primeiro momento, a ação, que caminha para o terror aos moldes do j-horror, traz a perseguição a um livro com lastro à la Santo Graal. Não demora, Doutor Estranho se verá responsável pela proteção de América Chavez, que, separada das mães dela, passa a colidir com realidades paralelas. Cabe ao personagem-título de Benedict Cumberbatch a contenção do caos em que a moça imerge, com poderes desconhecidos, e medos como o de enfrentar, por exemplo, um polvo monocular que parece saído de Homens de Preto.

Grosso modo, questões de autoconfiança e o encarar de medos resultam no melhor do filme, que desenvolve bem os personagens. A transcrição de feitiços, o despontar de um grupamento especial (que extrapola esferas da Marvel. como S.H.I.E.L.D., Hydra e Vingadores) e os desvios em pontiagudas realidades dão muito da graça na ação. Desencontrada na vida e à beira do descontrole, Wanda Maximoff (a Feiticeira Escarlate) se aproveita de brechas e rompe os escudos, sobretudo, os empunhados por guerreiros de Kamar-Taj. Além de combates corpo a corpo, o filme se vale de situações como as apropriações de mente (com peso para a chamada "dominação onírica") e um duelo de magia nas esferas do Darkhold (que abastece mal abundante) e o contraponto disso, com o livro dos Vishanti.

Com ares das aventuras de He-Man, a aventura de conexões e fusões contempladas no filme aproveita criativos rearranjos em conceitos de portais, espíritos e memórias. Respeitado, mas ainda carente de amor, Doutor Estranho tem lá os seus momentos (com direito ao inseparável manto), e traz as bizarrices de encarar a própria morte e desprendimentos vitais — onde se ressalta o aspecto aterrorizante da direção de Sam Raimi. Mas é o reinado de sangue e aparência de zumbi de Wanda Maximoff que dão lastro ao acerto definitivo no filme.

Nota final: quatro estrelas

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