Um dos heróis mais populares dos filmes e dos quadrinhos, Batman é sucesso com diversos públicos, gerações e em todo planeta. São nove longas, uma série de sucesso, inúmeras animações, jogos de videogame, sem contar o universo das HQs. Quando parecia que a fonte estava se esgotando, o homem-morcego emplaca mais um ano de sucesso estreando a primeira série de podcast original de um super-herói, Batman despertar.
A produção, original do Spotify, conta uma história alternativa do personagem, uma narrativa que não foi tirada dos quadrinhos. Criado pelo roteirista David S. Goyer, o mesmo responsável pela trilogia Batman Cavaleiro das Trevas, protagonizada por Christian Bale, Batman despertar apresenta um Bruce Wayne médico legista, que não perdeu os pais e trabalha no hospital do qual Thomas Wayne é diretor. Porém, um serial killer, denominado Ceifador, passa a aterrorizar o personagem, que decide investigar por conta própria o caso, mesmo não se lembrando que um dia foi o homem-morcego.
"O Batman, na minha opinião, é um dos personagens mais completos das histórias em quadrinhos. Ele é um ser humano comum, com dores comuns e, de repente, a gente está entrando no interior dele, na questão psicológica e num lugar que normalmente não se vai nas histórias do Batman", afirma Rocco Pitanga em entrevista ao Correio. Ele pontua que o podcast leva o ouvinte a um nível de exploração da figura do Batman e do Bruce Wayne pouco visto antes no audiovisual. "Foi um mergulho muito intenso, com uma série de camadas do personagem podendo ser vistas e desdobradas", completa.
A série é uma produção norte-americana, porém ganhou uma versão nacional, protagonizada por Rocco Pitanga. Além do ator que faz o Bruce Wayne, a série ainda tem Augusto Madeira, no papel de Charada; Tainá Muller vive Barbara Gordon; Hugo Bonemer é o vilão Ceifador; Marcelo Varzea é o responsável por Dr. Hunter; e Maria Bopp como Vicki Vale. A direção foi assinada por Daniel Rezende. Nomes como Camila Pitanga, Érico Borgo, Felipe Castanhari e Gabriel Godoy também figuram no elenco.
"É uma história sem clichê nenhum, com muitas camadas. Foi muito gratificante para a gente trabalhar com ela. Quando parte de um material bom, de um bom texto, já facilita muito o caminho", afirma Augusto Madeira. "Nada dessa série é o que parece ser e isso é uma das coisas mais interessantes. É uma sucessão de surpresas e plot twists que vão fazendo você se questionar o que é a verdade dentro daquela realidade", complementa Hugo Bonemer.
Essa história diferenciada rendeu ao podcast o topo da lista dos programas mais ouvidos no Spotify brasileiro. Adaptações da mesma história em outras línguas também chegaram ao topo das paradas nos Estados Unidos, na França, na Austrália, na Alemanha, no Reino Unido, na Irlanda, na Itália e no México. Porém, para os roteiristas, o mais interessante é a oportunidade de estar em uma história do Batman. "Dar as notícias de Gotham foi um sonho que eu nem sabia que eu tinha", conta Maria Bopp. "Eu nunca me imaginei tendo acesso a fazer a esse universo, é uma coisa muito longe para gente. Eu fiquei bem orgulhoso e gostei de estar lá" acrescenta Augusto Madeira. "Em nenhuma expansão do mercado seria possível que nós estivéssemos aqui. Se não fosse essa maluquice que o Spotify fez, jamais, estaríamos aqui interpretando pessoas que moram em Gotham City", conclui Bonemer.
Gotham é aqui
"A gente já vive em Gotham, a gente está no Brasil. Não é tão diferente assim", pontua Tainá Muller. O elenco acredita que, de alguma forma, a vida em Gotham City e no Brasil está ficando perigosamente mais próxima. "Eu sinto que Gotham foi feita para parecer um pouco de cada grande metrópole do mundo. Então, para mim, sim, o Brasil é um pouco Gotham", adiciona Hugo.
Nos quadrinhos e nos filmes, Gotham City é apresentada como um local obscuro e corrompido, quase sem salvação. Uma cidade dominada pelo crime organizado, desde a máfia até policiais e políticos corruptos que só pensam nos próprios interesses. Uma terra tão sem lei, que pessoas fantasiadas andam pelas ruas causando o caos. A única possibilidade se torna o Batman, o alter ego de um bilionário que acredita que a melhor forma de salvar a cidade não é com dinheiro, mas, sim, com investigação e força bruta. "Até o texto em que Vicki Vale fala sobre Gotham e menciona um palhaço que comanda as ruas se assemelha ao que a gente está vivendo", pontua Muller.
"O que está acontecendo é que, nós como atores, estamos fazendo essa série, em um mundo muito polarizado, muito difícil, muito bélico, estranho, solitário e encapsulado que as pessoas estão, independentemente da posição política, buscando desesperadamente heróis que os salvem dessa destruição que o homem promoveu por conta da própria ambição" analisa Marcelo Varzea. "Nesse caso, fazer o Batman, ainda mais nessa série que fala de um resgate de uma sociedade apodrecida, é muito bacana", conclui o ator.
"Eu acho uma pena a gente estar olhando para o Brasil dessa forma hoje em dia, fazendo esse paralelo onde o Brasil parece Gothan City", reflete Rocco, que também comenta que o sucesso mundial da série conversa com o momento atual do mundo, já que vive uma fase de polarizações e, inclusive, uma guerra. "As pessoas não percebem que cuidar do outro é cuidar de você também, não é individual, a gente é uma rede. Está tudo muito virado, estamos em um momento muito caótico", aponta o dublador do Bruce Wayne.
Histórico
O Batman alcançou marcas expressivas em 2022. Além de uma estreia no formato de áudio e a chegada no topo dos mais ouvidos da plataforma, o personagem também estreou com um novo longa nos cinemas, estrelado por Robert Pattinson. A produção também foi sucesso absoluto, tendo juntado mundialmente US$ 767 milhões em bilheteria no mundo todo. A estreia do filme em streaming foi marcada por um recorde, o longa mais assistido em seu lançamento na história da HBO Max. O sucesso foi tamanho, que uma sequência já foi confirmada pela Warner Bros.
A diversidade também foi um acerto tanto no filme quanto no podcast. O Batman dos cinemas devolveu o manto de Mulher-Gato a uma mulher negra, com Zoë Kravitz vivendo Celina Kyle, e repetindo feito de Halle Berry em 2004. No produto de áudio tanto o Bruce Wayne brasileiro, quanto o norte-americano, forma feitos por atores negros. No Brasil, ficou a cargo de Pitanga, enquanto nos Estados Unidos ouvem a voz de Winston Duke. "Eu acho ótimo quebrar com esse estigma que a população negra vem sofrendo há muito tempo. Ser um super-herói a nível mundial ajuda a desmistificar esse lugar submisso da população negra e contribui para a auto-estima de crianças que estão crescendo agora sem perspectiva, sem acreditar", diz o artista brasileiro.
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