Na manhã de sábado (23/4), o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) se tornou assuntos nas redes sociais após Luana Piovani comentar sobre o suposto diagnóstico do seu ex-marido, Pedro Scooby. Em seu Instagram ela falou sobre o comportamento do surfista dentro da casa mais vigiada do Brasil (BBB22). "O que eu tenho visto é que ele anda meio desligado, ele some. Ele diz que tem déficit de atenção, mas acho que nunca foi diagnosticado", disse.
Segundo a escritora e psicóloga Carina Alves, o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por uma série de sintomas como, de desatenção, de inquietude e de impulsividade.
"O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como avoadas, 'vivendo no mundo da lua' e geralmente estabanadas. Meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites", explica Carina.
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Já em adultos, a escritora esclarece que o TDAH se dá por meio de problemas de desatenção para tarefas do cotidiano e do trabalho e são muito esquecidos e inquietos. "Eles vivem mudando de uma coisa para outra, são impulsivos e têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isso afeta os demais à sua volta. Pode estar associado a ansiedade e depressão.
A própria Luana Piovani afirmou que esses episódios de "desligamento" ou de desatenção de Pedro foi um dos motivos para a separação. "Para mim, a minha conta não estava fechando. Quando se é namorado, as coisas ficam irrelevantes. Isso pesa quando se tem responsabilidades, tem que ter comprometimento porque tem muita coisa com filho. Três filhos, Dom, Ben e Liz, tem muito horário, muita coisa para organizar e aí babau. Do contrário, ele deve passar em brancas nuvens", comentou a atriz.
Em geral, os sintomas mais comuns independentemente da faixa etária são:
- Se distrai com facilidade
- Não gosta de realizar atividades que exijam esforço mental, como tarefas escolares e diárias
- Tem problemas de organização e prazos
- Perde objetos com facilidade
- Sensação de inquietude
- Pessoa falante demais
- Não consegue se manter parado/sentado por muito tempo
Vale lembrar que, apesar destes serem os sintomas mais comuns e apesar de você ter ou não episódios de desatenção ou "desligamento", apenas um especialista pode oferecer um diagnóstico completo.
Diagnóstico
O diagnóstico para esse transtorno é inteiramente clínico com uma abordagem multiprofissional. "É um transtorno que acomete a criança durante a gestação. Não tem cura e não desaparece com o tempo, mas pode ser bastante amenizado com o tratamento", explica a psiquiatra Jaqueline Bifano. Ainda, segundo a especialista, o tratamento é medicamentoso com terapia cognitiva comportamental, terapia ocupacional e fonoaudiologia.
"É válido lembrar que o TDAH é diferente do TDA. Enquanto o TDA se caracteriza pela dificuldade de atenção e problemas relacionados à memória, atenção e concentração, o TDAH apresenta sintomas associados à hiperatividade", salienta Bifano.
As causas
O TDAH afeta áreas do cérebro que são responsáveis por algumas atitudes comportamentais, como a capacidade de prestar atenção e manter o autocontrole. De acordo com Carina Alves, as causas do TDAH podem ser:
- Hereditariedade: a pessoa pode ter uma predisposição a apresentar o TDAH devido a genes presentes nos pais ou familiares
- Alterações cerebrais: alteração no cérebro do bebê devido a substâncias ingeridas na gravidez
- Questões familiares: história de negligência familiar, abuso psicológico e abandono parental podem contribuir para a evolução do TDAH
O comportamento de Scooby que ganhou ares cômicos para muitas pessoas, pode ter um outro diagnóstico que também requer muita atenção e tratamento. Conhecido como crise de ausência, esses "desligamentos" podem ser um tipo de epilepsia.
O neurologista do Sistema Hapvida, Marcelo Marinho, explica que as crises de ausência correspondem a um tipo específico de crise epiléptica, na qual o paciente se desliga de maneira abrupta do meio externo, fica irresponsivo aos estímulos e aos chamados com um olhar vago. Após poucos segundos ele volta ao normal como se nada tivesse acontecido.
Esse "desligamento" ocorre quando há descargas elétricas excessivas e anormais no cérebro do indivíduo, mas quando essa descarga é restaurada, o paciente retorna à realidade. Por se tratar de um tipo de crise extremamente curta, o especialista conta que não há nada específico para o paciente ou seu familiar fazer. "Basicamente a crise precisa ser reconhecida para, posteriormente, buscar um atendimento médico e consequente tratamento".
Mesmo sendo muito mais comum de aparecer em crianças e jovens, a condição também pode surgir em pessoas com a idade mais avançada. No caso da influencer e youtuber Kahena, sua filha pequena foi diagnosticada com esse tipo de epilepsia e, por meio das suas redes sociais, ela conscientiza sobre esses episódios de desligamento e como isso não é brincadeira.
"No início e achava graça. Achava que ela estava pensando na vida, nos boletos, mas o assunto é muito sério", disse a blogueira nos stories do seu Instagram. Diferente do TDAH, se "desligar", nesse caso, significa ficar fora da realidade. "Temos a mania de ficar olhando e viajando com os pensamentos, mas quando a pessoa te chama, você volta e está ciente de tudo que está acontecendo a sua volta. Na crise de ausência você chama a pessoa, mas ela não volta e não percebe o que aconteceu a sua volta", completa Kahena. Segundo Marinho, é assim que se diferencia a crise de ausência de um outro problema.
A influencer relata que, em um de seus episódios, sua filha estava escovando os dentes quando teve a crise, Kahena então retirou a escova de dente das mãos de sua filha que, quando voltou a realidade começou a chorar sem entender onde estava a escova.
O especialista conclui dizendo que o tratamento para tal condição é feito com uso de medicamentos anticonvulsivantes de uso regular, sendo capaz de diminuir bastante ou até anular as crises.