Historicamente, a arte tem estado presente em Brasília, desde antes da inauguração, em 21 de abril de 1960. Nas suas vindas à futura capital, quando a cidade era ainda um gigantesco canteiro de obras, o presidente Juscelino Kubitschek promovia concorridos saraus no Catetinho, sob o comando do violonista Dilermando Reis.
Seis décadas depois, com obras de arte expostas em diversos pontos do Plano Piloto — parte do seu conjunto arquitetônico —, Brasília é vista como um museu a céu aberto. Mas, absorve-se manifestações artísticas também em locais fechados como teatros, cinemas, casas de espetáculos e centros de cultura.
Na celebração dos 62 anos da capital, o brasiliense e os visitantes poderão usufruir gratuitamente uma série de diversificados eventos nas áreas da música, artes cênicas, artes plásticas, dança, literatura e fotografia, inseridos na programação elaborada pela Secretaria de Cultura. Paralelamente, haverá, alguns shows que também fazem parte das comemorações.
A programação será desenvolvida em vários núcleos, tendo como ponto de partida o Catetinho. A residência do presidente Juscelino Kubitschek, durante a construção de Brasília, desenhada por Oscar Niemeyer, fechado por dois anos, será reaberta, depois de ampla reforma e revitalização de suas instalações. Às 9h, haverá a cerimônia de entrega da medalha Seu Teodoro.
No Eixo Cultural Ibero-Americano (antigo Complexo Cultural da Funarte, próximo à Torre de TV) o público poderá assistir e participar de várias atividades culturais, a partir das 10h às 20h, que incluem: Mostra Niemeyer, do fotógrafo Juan Carlos Vegas; Desenhaço e contação de histórias; roda de samba com os grupos 7naRoda, Coisa Nossa e a cantora Ellen Oléria; Feira Criativa; e apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, sob a regência do maestro Cláudio Cohen.
O programa do concerto sinfônico inclui composições mais populares de grandes mestres da música erudita, temas de clássicos do cinema e até sucessos do pop rock nacional e internacional. "Tenho Brasília como fonte de inspiração para o meu trabalho. A vejo como um espaço criativo, onde o artista pode explorar a diversidade cultural de nossa metrópole", observa Cohen.
Uma feira étnica e colaborativa funcionará das 10h às 17h, no Memorial dos Povos Indígenas, no Eixo Monumental, com a participação de artistas dos povos originários, na qual artesanatos estarão expostos e à venda. Eles farão também narrativas orais e escritas. Haverá, ainda, apresentação da cantora Nívia Tupinambá. "Essa programação é especialíssima, porque estaremos diante de um espaço único e sagrado da nossa formação como brasileiros", enaltece o secretário de Cultura Bartolomeu Rodrigues.
Entre outros itens da programação comemorativa dos 62 anos de Brasília destacam-se: reabertura da Gibiteca TT Catalão, no Espaço Cultural Renato Russo, às 14h; show do cantor e compositor Digão, na Concha Acústica (Orla Norte do Lago Paranoá, às 17h; e um especial da companhia de comédia Melhores do Mundo, às 20h, no Cine Brasília.
"Neste show da Concha Acústica, em que terei a companhia de Fernando Castro (baixo) e Caio Cunha (bateria), farei uma retrospectiva da obra dos Raimundos, clássicos do The Cure, Red Hot Chilli Pepers e claro, Ramones tocarei também músicas da Legião Urbana, Plebe Rude e Titãs", adianta Digão. O cantor e guitarrista brasiliense, que passa boa parte do tempo na estrada em turnês, diz que, por conta da pandemia, permaneceu um período maior em Brasília, nos últimos dois anos. "Brasília recarrega minha energia. É aqui onde me sinto mais à vontade, onde tenho grandes amigos", ressalta.
Um dos integrantes da trupe dos Melhores do Mundo, Adriano Siri adiantou que no Cine Brasília, o público assistirá a um mix de espetáculos Misticismo, Notícias Populares e Política apresentados por ele e seus companheiros de grupo Adriana Nunes, Jovane Nunes, Victor Leal, Ricardo Pipo e Welder Rodrigues. "Já fomos assistidos presencialmente por três milhões de espectadores; lançamos o filme Hermanoteu na Terra de Godah, três DVDs, gravados aqui, no Rio de Janeiro e em Nova York", conta. "Nos orgulhamos de ser uma companhia teatral originária de Brasília, cidade onde todos nós continuamos a morar e trabalhar. Apresentar um espetáculo no aniversário da capital do país nos enche de alegria", acrescenta.
Muitas opções
Lenine será a principal atração do projeto Virada Cultural Brasília 62 Anos, idealizado pelo BRB Seguro, que ocorrerá hoje na área da Torre de TV, as 20h, com a participação de DJs e grupo de teatro. O artista pernambucano terá a seu lado no Palco 360, o, filho cantor e compositor Bruno Giorge, com quem vem percorrendo o país com a turnê Rizoma.
"O show serve como plataforma para que o duo compartilhe com o público versões acústicas das canções do meu repertório", explica Lenine, que incluiu no repertório sucessos como Dia que faremos contato, Leão do Norte, Jack sou brasileiro, Hoje eu queria sair só e Paciência.
Antes, às 15h, a Companhia Teatral Neia e Nando encenará a peça Moana. No encerramento da programação, após às 21h30, o coletivo de DJs Criolina comandará uma festa para celebrar o aniversário de Brasília, tocando remixes ritmos brasileiros, base do trabalhos que desenvolvem.
Um dos mais tradicionais clubes da capital, o Unidade de Vizinhança (108/109 Sul) festejará os 62 anos de Brasília com o pompa e circunstância. Às 12h, o governador Ibaneis Rocha, acompanhado pelo presidente da Terracap Izídio Santos Júnior, entregará ao presidente do CSUV Gerson Dias de Lima a Escritura de Regularização Fundiária da instituição, fundada em 1961. Após a solenidade, terá início uma festa, em que a atração principal é o show do cantor e compositor barreirense Bosco Fernandes. Acompanhado por Lázaro Ricardo (percussão), Alan Romero (bateria), Bruno Danilo (guitarra e teclados) e Diovan Cleber, ele passeará por um repertório que inclui composições de ritmos como samba reggae, samba de roda e do repertório do sobrinho Saulo Fernandes, destaque da axé music.
Renato Vasconcellos participará das comemorações do aniversário da cidade, ao mesmo tempo em que celebrará 40 anos da Suite Brasília, um clássico da música candanga, fazendo show, às 21h, na Corina Cervejaria (Quadra 1, Conjunto B). O pianista e compositor terá a companhia do saxofonista Evaldo Robson, com quem, na década de 1980, criou o grupo de jazz Instrumental e Tal, e o cavaquinista Pedro Vasconcellos. (IRL)
» Homenagem a Toninho Maia
Rênio Quintas é o destaque de hoje do Festival de Música Instrumental On line, em tributo a Toninho Maia. No show, em que celebra os 62 anos de Brasília, o pianista, acompanhado por Alexandre Macarrão (baixo) e Ademar Noca (bateria), tocará Moldura, tema jazzístico, composto pelo homenageado. O registro está disponível no canal do evento no YouTube.
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