A vontade de mostrar a variedade de técnicas e linguagens da produção contemporânea brasiliense orientou o curador Carlos Silva na seleção de obras e artistas da exposição Uma e muitas Brasílias: Aniversário de 62 anos. Em cartaz na Galeria Casa, no Casapark, a coletiva reúne obras de 14 artistas em comemoração ao aniversário de 62 anos de Brasília.
As obras foram produzidas entre 2013 e 2022, em técnicas e suportes variados, por artistas da cidade, estrangeiros e outros que passaram pelo DF em períodos de residências mais ou menos prolongados. "É um núcleo comemorativo dos 62 anos da cidade e, ao mesmo tempo, pensamos em questões de inserções e amplificações de circuito", avisa o curador Carlos Silva. "A ideia é de que há uma e muitas Brasílias e, com isso, queríamos fazer uma homenagem efetiva aos 62 anos e, pela via da organização dos trabalhos, tentar propor uma referência de homenagem que pudesse ser considerada crítica e poética ao mesmo tempo."
A variedade é a marca da seleção realizada por Silva. Há obras produzidas em bordado, por exemplo, que não é mais novidade na arte contemporânea e desperta curiosidade do ponto de vista técnico, assim como há as tradicionais pintura e fotografia que buscam a construção do olhar por um viés mais intimista, como a produção de Tatiana Reis. Há também a referência explícita à violência nos trabalhos de Thiago Pinheiro e Gu da Cei e um núcleo de esculturas naturalistas realistas assinadas por Cadu Alves.
Brasília também está presente em algumas obras, caso da produção fotográfica de Rodolfo Ward e Clausem Bonifácio. "Eles têm olhares específicos para foto, uma foto que, de certo modo, enaltece o monumento arquitetônico, mas, ao mesmo tempo subverte", avisa o curador. "Brasília, de alguma forma, aparece nessas obras porque existe, sim, um certo tipo de tributo à paisagem urbana, à cidade, à uma modernidade, mesmo que utópica." A monumentalidade é marca na produção dos dois artistas.
Na obra de Rodolfo Ward sobressaem as cores e as paisagens brasilienses, enquanto Bonifácio trabalha em preto e branco com o contraste entre o elemento arquitetônico e o vazio urbano em imagens feitas no decorrer da pandemia. A solidão e o aspecto dramático da cidade esvaziada durante os isolamentos tornam-se elementos de linguagem para o fotógrafo. Brasília também dá as caras nas esculturas em resina de Cadu Alves: duas delas representam o arquiteto Oscar Niemeyer. Nas imagens das intervenções de Gu da Cei, é Ceilândia a protagonista em registros como o de uma projeção da mensagem "O Brasil é uma invasão" na Caixa D'Água da cidade.
Uma e muitas Brasílias: Aniversário de 62 anos
Curadoria: Carlos Silva. Com obras de Cadu Alves, Clausem Bonifácio, Cris Coelho, Danielle Dumoulin, Débora Passos, Gu da Cei, Laura Biato, Lis Marina Oliveira, Patrícia Bagniewski, Quentin Germain, Rodolfo Ward, Tatiana Reis, Thiago Pinheiro e Tsolak Topchyan. Visitação até 24 de abril, de terça a sábado, das 14h às 22h, na Galeria Casa (Casapark, Piso Superior, dentro da Livraria da Travessa).
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