Música

Premiações no Grammy coroam sólida trajetória de Jon Batiste

Multi-instrumentista Jon Batiste tem nove discos de estúdio lançados, tocou com grandes nomes do jazz e vai do erudito ao popular com a mesma facilidade que vocaliza questões raciais

O último fim de semana foi marcado por uma grande surpresa na maior premiação da música norte americana, o Grammy. O artista do jazz e R&B Jon Batiste desbancou nomes como Olivia Rodrigo, Billie Eilish, Justin Bieber e Taylor Swift, e saiu como o vencedor do principal prêmio da noite, o de Álbum do ano. Ele havia sido o artista mais indicado com 11 categorias e levou outros quatro Grammys para casa

Porém, apesar de ter sido inesperado que um artista menos popular ganhasse o gramofone dourado mais cobiçado da noite, a presença de Jon Batiste no mundo da música é tão impactante que era apenas uma questão de tempo para que ele ganhasse as merecidas láureas pelo trabalho que vem desempenhando na carreira.

Vindo de uma família envolvida com a música em New Orleans, Jon é multi-instrumentista, mas tem o piano como principal instrumento. Apaixonado por jazz o artista já tocou com grandes nomes do gênero e da música como geral. A lista de músicos que Batiste acompanhou vai de Prince e Steve Wonder a Wayne Shorter e Quincy Jones. Desde os 13 anos, ele lidera bandas e se especializa no estilo que o alavancou agora em caráter mundial.

Com 35 anos, Batiste já rodou bastante e, apenas na carreira solo tem nove discos de estúdio lançados, sendo We are, responsável pela coroação recente, o mais popular deles. O artista chegou ao conhecimento do público maior por ser parte da banda de apoio do programa do apresentador Stephen Colbert.

O alcance de Jon vai do erudito ao popular em uma facilidade quase inexplicável. Bons exemplos são os próximos trabalhos que ele está produzindo para lançar em Nova York, Uma sinfonia no Carnegie Hall e um musical para Broadway. O próprio álbum vencedor do Grammy tem muito dessa característica do músico. Com composições pops como Freedom, batidas do hip-hop Whatchutalkinbout, levadas clássicas do jazz em Movement 11', os cantos do gospel na faixa título e uma mescla de R&B e música folk em Cry. Jon Batiste transita com muita destreza pela história da música norte-americana usando de base uma das maiores joias que o país dele trouxe para a arte: o jazz.

Homem negro, muito orgulhoso das próprias origens e ativista de forte voz nos movimentos do Black Lives Matter em 2020, o cantor também abre espaço para grandes discursos. A música We are, por exemplo, fala sobre a importância do gueto e como todas as pessoas negras e periféricas são estrelas, são "de ouro". Nos discursos de aceitação de prêmios, Batiste costuma falar sobre questões sociais e raciais, representando aqueles que acreditam e lutam pelas mesmas causas que ele.

Rodeado de ouro

Não foi apenas o Grammy que consagrou Jon Batiste. O Oscar um ano antes, em 2021, também agraciou o músico. Ele foi um dos três premiados pela trilha sonora da animação Soul, juntamente com Trent Reznor e Atticus Ross. Ele foi o responsável por todo o Jazz visto e ouvido no filme. A história do personagem principal, Joe, interpretado por Jamie Foxx, tem até um toque da vida de Batiste já que ele também foi apresentado à música pelo pai. Soul ainda rendeu um Grammy este ano ao músico, de Melhor trilha sonora para filme.

 

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