Cinema

Animais Fantásticos chega ao terceiro filme com maior coerência

No retorno aos cinemas, saga de Animais fantásticos chega ao terceiro capítulo, com maior coerência e brilho

Ricardo Daehn
postado em 16/04/2022 06:00
 (crédito:  Warner Bros. Pictures/Divulgação)
(crédito: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Entre personagens obrigados a provar lealdade, a multiplicação e a perda de maletas que contêm elementos definitivos para o universo e ainda a proximidade entre duas poderosas forças antagônicas, o terceiro filme da saga, Animais fantásticos: os segredos de Dumbledore, transcorre, na suave pista de limpar os estragos causados pelos longas anteriores, exibidos em 2016 e 2018. Revirando um universo anterior a era da suprema magia de Dumbledore, na famosa escola de Hogwarts (o berço de formação para Harry Potter), o roteiro do novo filme é da autora J.K. Rowling e de Steve Kloves.

Animais fantásticos: os segredos de Dumbledore traz o talentoso Mads Mikkelson (de Druk), no antigo papel de Depp: o do mago Grindelwald. Na trama, ele se coloca como uma espécie de guia, num processo de liderança de magos e daqueles chamados trouxas (os cidadãos comuns). É neste processo, com uma postura austera (mas sem quase falar) que desponta a figura de Vicência Santos, papel da brasileira Maria Fernanda Cândido. Numa realidade assemelhada à do Terceiro Reich alemão, o emprego da magia, em dimensão política, estabelece a dinâmica da Confederação Internacional dos Bruxos.

No enredo, há uma eleição (de bruxo) que tem a cara deslavada de jogo com carta marcada —, tudo, aliás, aponta para a adoção de um modelo nazista. Um personagem soturno, Vogel (Oliver Masucci) definitivamente incrementa os comparativos com a tirania. Como no filme anterior, arestas e parentescos entre muitos dos personagens serão claramente expostos. Os feitiços seguem correndo soltos no filme que traz  personagens criadas por computação gráfica. Numa cena fundamental ao filme, é justo a caminhada de um dos animais — o dócil qilin, assemelhado à mascote — que determinará o futuro de todos habitantes do mundo.

Sem contar toda a sorte de acontecimentos determinados numa região tida como originária da magia (o Butão), o novo exemplar de Animais fantásticos investe em "consertar as coisas", segundo aponta um dos personagens. Nessa perspectiva, o tipo interpretado por Eddie Redmayne, o magizoologista Newt Scamander, fica bem reduzido em relação aos outros longas. Com um crescimento sorrateiro, o vilão Grindelwald se destaca em muitas cenas. Outro personagem que cresce exponencialmente é o padeiro Jacob Kowalski (papel de Dan Fogler).

Na base da sofrência, dado o amor que sente por Queenie (Alison Sudol), a moça capaz de passar para a facção negativa da trama. Junto com Bunty (Victoria Yeates) e Eulalie (Jessica Williams), Jacob responderá por momentos muito impactantes do filme, que advém da interação entre os bruxos.

Apesar dos feitiços tenderem ao desbotado, Os segredos de Dumbledore carrega as tintas no famoso personagem interpretado por Jude Law. O enfrentamento entre ele e o antigo amado (Grindelwald) tem tudo para vencer um periclitante pacto de sangue endossado entre ambos. Com uma presença de Credence (Ezra Miller) bastante decepcionante, ainda que protagonize uma cena de ação eletrizante, o filme acerta ao concentrar, na graça, coreografado teor cômico. Antes das circunspectas cenas nas escadarias, que demarcam o desfecho, é possível rir bastante com a adoção do jogo de cintura de Newt, no que ele chama de "mímica límbica", ao engambelar um bando de lagostas que infestam a sequência da libertação do personagem de Callum Turner, Teseus Scamander. Grosso modo, faz até lembrar o frio na barriga que acompanhou o enfrentamento do dragão Smaug (de O Hobbit).

  • Reserva acionado: Mads Mikklesen substitui Johnny Depp na trama Warner Bros. Pictures/Divulgação
  • O astro de O traidor, Pierfrancesco Favino Rai Cinema/Divulgação

Também estreia O traidor

Com estreia em 12 cidades do país, o mais recente longa-metragem do diretor Marco Bellocchio, estrelado por Pierfrancesco Favino e Maria Fernanda Cândido, conta com cenários nacionais. Por um bom período da vida, o contraventor Tommaso Buscetta, peça vital para o tráfico de drogas coordenado pela máfia italiana. Às vias de um encontro com o juiz Giovanni Falcone, Buscetta reflete sobre a possibilidade de trair juramentos atrelados à Cosa Nostra. No elenco do dramático filme estão Jonas Bloch e Nicola Siri.

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