Rafinha Bastos ficou nacionalmente conhecido quando foi repórter do extinto CQC, da Band. A atração humorística era destaque por abordar pautas que eram consideradas polêmicas. O programa com amplo espaço para sátira a políticos foi exibida de 2008 a 2015.
O humorista fazia reportagens conversando com políticos nos corredores do Congresso Nacional, em Brasília, no Distrito Federal.
Na época, o atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL) era deputado federal e tinha pouco protagonismo no cenário nacional bem antes do uso político de plataformas como Twitter e Facebook — algo que mudou após a atração comandada por Marcelo Tas.
Em entrevista ao Splash, do portal Uol, Rafinha abriu o jogo e falou sobre o período em que participou do programa.
O Custe o que custar procurava Bolsonaro em sua época de parlamentar em busca de declarações polêmicas, o político foi um dos personagens mais frequentes do CQC. Mas o comediante não acha que tenha culpa pela eleição como presidente.
"Nunca obriguei ninguém a votar no Bolsonaro. O programa não fez campanha política. Se o povo é ignorante, a culpa não é minha. As escolhas quem faz é o próprio povo", afirmou.
"O que as pessoas não podem apontar é que ele ficou louco do dia para noite. O público se identifica com esse discurso e a culpa é minha que conversei com ele? Talvez a culpa pela exposição sim, mas a culpa pelo voto não. Nunca votei e nunca votaria [no Bolsonaro]", acrescentou.
Depois de quatro anos conturbados pela pandemia da Covid-19 e a crise econômica gerada por causa dela, Bastos entende o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitoral presidencial de 2022, mas admite que não é este seu cenário ideal.
"É um momento que a gente está buscando figuras mais empáticas. Naturalmente, a gente cai na figura do Lula. Por todas as críticas e escândalos de corrupção, é uma figura que o povo sempre identificou como um cara que pensa no povo. Acho importante essa busca por uma figura de esquerda", explicou
"Se eu tivesse que escolher, não escolheria o Lula depois de tudo que vivemos. Mas o processo político é esse. A gente rejeita aquilo que a gente acabou de viver. O Brasil rejeitou o Lula e agora rejeita o Bolsonaro". Rafinha Bastos
Mea-culpa
Rafinha Bastos pediu desculpas no seu Instagram por ter "contribuído" para que Jair Bolsonaro fosse conhecido nos quatro cantos do Brasil. O desabafo foi feito em um vídeo com o título Desculpa de 5m13s e publicado no dia 27 de maio de 2020.
Na linha de raciocínio do comunicador, a culpa pela eleição do atual chefe de Estado é da esquerda e de um grupo reacionário conservador, mas entende que a ascensão do "capitão" a nível nacional foi por culpa do Custe o que custar, o CQC e dos programas de gênero na última década.
"Não tenha dúvida de que o Bolsonaro, hoje, é uma figura conhecida nacionalmente por culpa do CQC. Não vou me eximir dessa culpa. É culpa do CQC e de todos os programas que se utilizaram dessa figura bizarra em busca de audiência, em busca de repercussão, em busca de barulho, em busca de, obviamente, dinheiro", disparou o piadista.
"A exposição dessa figura é [responsabilidade], sim, desses programas. É minha e dos meus colegas. Agora a eleição desse sujeito, aí não, essa culpa eu não vou abraçar".
Rafinha Bastos
Confira, abaixo, o vídeo:
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