CRÍTICA

Estreia hoje o frenético 'Ambulância — Um dia de crime', de Michael Bay

Confira a crítica da estreia de hoje 'Ambulância — Um dia de crime': ***

Ambulância — Um dia de crime, que estreia hoje, tem todos os indícios de um filme comandado por Michael Bay: frenética ação, breves piadas infames e um tipo particular de lição de moral (quase sempre enviesada). Nos moldes de O sequestro do metrô 1 2 3, já derivado de um filme de meados dos anos 1970, Ambulância parte de um título dinamarquês de 2005. Na trama, o veterano de combate do Afeganistão Will (Yahya Abdul-Mateen III, do longa Nós) é cooptado pelo irmão Danny (Jake Gyllenhaal) para ambicioso roubo de US$ 32 milhões.

Mesmo diretor da saga Transformers, Michael Bay sabe apresentar e bem distribuir os personagens por cenários que lembram operações de guerra. Num ritmo de show, a câmera mergulha com profundidade em cada cena. Muito do realismo, impresso num meio de ações exageradas, parte do contato com uma personagem importante: a durona socorrista Cam (papel da mexicana Eiza González). Ela entra em cena, pouco antes da impressionante cena de roubo a banco, quando atende com coragem o caso de uma criança empalada nas ferragens de um carro.

Com coreografias que remetem aos movimentos de aeronaves, Ambulância traz desenfreadas corridas que envolvem caminhões, carros, helicópteros e, obviamente, uma ambulância. A isso, se somam atiradores de elite, bloqueios de veículos e absurdos esquemas de camuflagem.

Com plano de saúde vencido, Will investe em crimes como saída para se reconectar com "a vida real", em que as pessoas ajam como "seres humanos". O problema é que ele se sujeita a agir como máquina, pelo passado de fuzileiro. Cam, a socorrista, se torna refém dos irmãos, ao lado de um romântico policial ferido (Jackson White). Na interminável perseguição, destacam-se personagens como o capitão Monroe;  a despachada Zaga, que conduz um enorme caminhão, e Clark, um integrante do FBI, que traz o detalhe diferenciado de ser gay, num filme de ação da pesada, e frequentar terapia com o marido.

"Nós não paramos" é o lema adotado por Danny, nas estradas de Los Angeles, no filme que sabe ser divertido, trazendo piadas autorreferenciais de Bay, que brinca com filmes que conduziu, como Bad boys e A rocha. Além de piadas discretas como em que os vilões entoam Sailing (e reforçam o refrão "em breve, eu serei livre") ou no reforço do caráter metrossexual de Danny (preocupado em não estragar acessórios de cashmere). Outra boa sacada está no fato de os vilões não vestirem a carapuça, e se verem como "os caras que apenas querem ir para casa".

Claro que pesam no filme momentos estúpidos, como um em que Will desacorda, com um soco, o personagem do policial romântico que, absurdamente, passará, em meio ao corre-corre de carros, por uma operação remota sob orientação do ex-namorado de Cam. Fica estranha no filme a indução da ideia de que o vilão Will seja um sujeito bonzinho, "empurrado" para o crime. Curioso é o estágio de loucura, em momentos, de Danny, feito justamente por Gyllenhaal, que, em O abutre, deu as caras como um apresentador de tevê viciado em instigar a criminalidade e, literalmente, perseguir situações de calamidade. Numa cena muito específica, Bay investe na injeção de adrenalina num dos personagens, mas a verdade é que ela já foi parar nos braços dos espectadores, há muito tempo.

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