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Humor alucinado Terry Gilliam exibido e analisado em mostra do CCBB

Ator, roteirista e diretor, Gilliam, de 81 anos, terá a retrospectiva da obra, com curadoria do doutorando em literatura da Universidade Federal Fluminense, Eduardo Reginato, e do cineasta Christian Caselli, com exibições de graça

Depois do Rio de Janeiro, Brasília é a segunda capital a receber a mostra sob o título de Terry Gilliam — O onírico anarquista, com programação que se estenderá até 17 de abril, no CCBB. Dono de entretenimento que congrega mitologia e passeia por espaços medievais adulterados por traçado onírico, Gilliam é o único único norte-americano a integrar o grupo de humoristas britânicos do Monty Python. Ator, roteirista e diretor, Gilliam, de 81 anos, terá a retrospectiva da obra, com curadoria do doutorando em literatura da Universidade Federal Fluminense, Eduardo Reginato, e do cineasta Christian Caselli, com exibições de graça. Ao todo, serão 28 sessões presenciais. Um catálogo via internet (ccbb.com.br/brasilia) traz apanhado de textos críticos sobre os filmes.

Nesta terça-feira, às 17h, o CCBB traz uma seleção de curtas como Story time e A lenda de Hallowdega. No primeiro, de 2010, muitos mistérios unem um apresentador de programa noticioso a um investigador de paranormalidade. Animação de 1979, A lenda de Hallowdega apresenta a revisão do diretor para uma série de criações presentes na obra Flying Circus (esquetes do Monty Python apresentados entre 1969 e 1974). Às 19h30, será a vez do longa E agora para algo completamente diferente, título de 1971 que apresenta refeituras das obras do famoso grupo londrino.

Amanhã, às 19h30, Jebberwocky, um herói por acaso (feito no Reino Unido de 1977) emprega o clima de comédia e fantasia de Gilliam, na revisão de um texto de Lewis Carroll, em que um dragão desafia a felicidade não apenas de um pacato aldeão, mas ainda de um reino inteiro. O filme tem atores como Terry Jones e Michael Palim.

Filmes como Os irmãos Grimm, com Matt Damon em torno da tentativa de enriquecimento rápido por parte dos criativos irmãos Wilhelm e Jacob, que são obrigados a encarar uma maldição real, compõe a mostra que aposta em elementos de contos de fadas recalibrados. Nostalgia e ilusão são temas que movem uma palestra dentro da programação, que ainda trará um debate sobre cores, artes e figurinos.

À frente de filmes nos quais pipocam poesia e aventuras em meio a distopias, Gilliam, volta e meia, aposta em tipos lunáticos e em enredos desprendidos de lógica cartesiana. Personagens batalhadores, apegados a metas e conquistas individuais, muitas vezes estão dispostos em cenários monumentais, nas obras do mestre naturalizado inglês.

Na mostra, estarão obras com indicações ao Oscar, entre as quais Brazil, o filme (candidato a melhor roteiro original e direção de arte, em 1985) e Os doze macacos (apontado pelo melhor figurino e pela atuação do coadjuvante Brad Pitt). No primeiro, uma sociedade ultrapassada e burocrática prova da subversão de revoltosos, que atacam uma elite pega de surpresa, já o filme com Pitt é ambientado em 2035, e traz o personagem de Bruce Willis tentando alterar uma realidade em que a Terra é assolada por um vírus. Além de exibir o clássico Monty Python em busca do Cálice Sagrado (1975), o CCBB mostrará O homem que matou Dom Quixote (2018), com Adam Driver, e que aposta no delírio operante num corajoso artista disposto a recriar a célebre ficção espanhola.

 

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