Música

A Intervenção lunar e humanista da banda mato-grossense Vanguar

Gravado entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, 'Intervenção lunar' é um trabalho mais íntimo, onde os violões dão a tônica das músicas e o ouvinte se sentisse parte da banda

A Vanguart, em 20 anos de carreira, lançou cinco CDs e dois DVDs. Embora com um trabalho autoral bem avaliado, a banda mato-grossense não faz parte do mainstream do rock nacional. Em 2019, ao sair da casinha, focando na obra de uma das suas referências, desenvolveu o elogiado projeto Sings Bob Dylan.

Esse disco de releituras, em homenagem ao astro do folk norte-americano, antecedeu Intervenção lunar, que chegou recentemente às plataformas digitais. Gravado entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, o álbum colocou em evidência "intimidade e doçura", binômio que caracterizava o Vanguart Acoustic Night, show apresentado em algumas cidades brasileiras há quatro anos.

Em Intervenção lunar, produzido por Fábio Pinczowski, em parceria com a banda, o cantor e multi-instrumentista Hélio Flanders, o baixista e guitarrista Reginaldo Lincoln e a vocalista e violinista Fernanda Kostchak tiveram a companhia do baterista e percussionista Kezo Nogueira. Houve, ainda, a participação de Pedro Pelotas (órgão e piano) e João e Pierro (violas).

O álbum traz sete músicas no repertório. Seis delas, Vamos viver (que ganhou clipe), Canção para o sol, Sente, e a faixa título têm a assinatura de Flanders e Lincoln; enquanto está foi composta por Kostchak. "Como em todo disco que lançamos, Intervenção lunar traz uma proposta. Quisemos fazer um álbum mais íntimo, em que os violões dessem a tônica das canções, uma estética que começamos a construir a partir do show Acoustic Night",ressalta Hélio Flanders, fundador do Vanguart.

Intervenção lunar

Álbum da banda Vanguart com sete faixas. Lançamento da Deck nas plataformas digitais.

Três perguntas para / Hélio Flanders

Intervenção lunar dialoga com a obra do Vanguart, ou, na sua avaliação, é uma proposta nova?

Eu acredito que todo álbum que lançamos traz uma proposta, mas sempre mantendo a nossa voz. Depois de Beijo estranho, que era um disco mais épico, mais grandioso, podemos dizer assim, por sua imensa camada de instrumentos, orquestrações, sentimos vontade de fazer um álbum mais íntimo, onde os violões dessem a tônica das músicas, como se o ouvinte se sentisse com a banda tocando dentro de seu quarto. Essa é uma estética que começamos a construir a partir do nosso espetáculo Acoustic show, que estreamos em 2017, e acabou sendo natural vir para o álbum. Sobre as letras, acho que amarramos um conceito de um jeito novo também. Inicialmente, pode-se pensar que é um disco mais místico, mas, ao ouvir, você percebe que esse suposto misticismo é a respeito do coração humano.

As canções do álbum foram compostas no período da quarentena, determinada pela pandemia?

Algumas sim, mas tentamos não nos apegar apenas a esse tema, uma vez que já era algo posto, sólido em nossas todas. Tentamos olhar além dela, como se ela fosse um obstáculo e de que deveríamos cantar a vida após ela, com as marcas e aprendizados desse período.

Que importância teve o ótimo álbum de releituras em homenagem a Bob Dylan?

Gravamos o Vanguart Sings Bob Dylan praticamente ao vivo no estúdio, incluindo a voz, junto com a banda. Isso nos trouxe ainda mais intimidade e confiança para tentarmos fazer ao máximo coisas valendo, em vez de ficar repetindo ou procurando um take perfeito. Uma chave para isso é o baterista Kezo Nogueira, que nos acompanha desde esse álbum e que é muito sólido em suas performances. E isso no estúdio contribui muito para que a música flua em sua naturalidade — para um folk como o nosso, isso faz muito diferença.

 

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