Todos os anos são marcados pelo crescimento e popularização de novos artistas. Um dos gêneros que mais produziu talentos nos anos recentes foi a música alternativa. Com frequência, artistas que só conversavam com nichos específicos conquistam um público em plano nacional e chegam aos rankings de mais ouvidos em plataformas de streaming.
Em 2022, alguns nomes se mostram promissores para romper a barreira do alternativo e conquistar, de vez, os ouvintes brasileiros, fechando grandes casas de shows e ocupando espaços maiores em festivais pelo país.
O Correio separou quatro nomes que despontam como grandes apostas para 2022. Artistas que já acumulam na casa de milhão de visualizações, mas, com novos lançamentos marcados para 2022, prometem movimentar a cena atual da música do país e conquistar ainda mais.
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Agnes Nunes
Fenômeno desde dos 15 anos, Agnes Nunes é, talvez, a cantora que mais conquistou sucesso com o público maior na lista. Ela lançou este ano o disco Menina mulher, com músicas de todas as fases dos quatro anos de carreira da artista, agora com 19 anos. "Eu espero que as pessoas vejam que eu estou mais madura, que eu vivi mais", conta.
Nunes comanda uma série YouTube Originals, Abre alas; já cantou com nomes do calibre de Elza Soares, Ivete Sangalo e Tiago Iorc; e acumula mais de milhões de reproduções, em pelo menos quatro músicas lançadas no Spotify. Mesmo tendo esse começo arrasador, ela prega calma com a própria trajetória. "Eu estou fazendo tudo com muita calma, estou realmente construindo uma carreira. Não tenho pressa de jeito nenhum para nada, faço questão de viver cada coisinha que acontece comigo e aprender com isso", explica a artista.
Porém ela já sonha com o futuro e o que ele tem aguardado para ela. "Eu quero que, daqui há 10 anos, as pessoas ouçam as minhas músicas como se fosse a primeira vez", pontua Agnes, que também tem um desejo mais comum para essas regalias que o sucesso proporciona. "Eu quero ganhar um Grammy também", almeja.
Terno Rei
Dos nomes citados, com mais tempo de estrada, a banda de São Paulo, formada por Ale Sater, Bruno Paschoal, Greg Maya e Bruno Cardoso, tem 10 anos de carreira. O grupo lança, hoje, o quarto álbum de estúdio, Gêmeos, e se prepara para uma turnê nacional, que tem como paradas o Lollapalooza Brasil, em 26 de março, e Brasília, onde tocam no Espaço Infinu no dia 21 de maio.
"Quando você tem 10 anos de banda, você vai se preocupando em fazer uma coisa diferente, para que outras pessoas comecem a curtir o seu som", afirma Bruno. "É uma exploração constante de novas estéticas e de coisas que a gente gosta, mas tentando deixar com a nossa cara o máximo possível. Isso faz com que se fure certas bolhas, o que também é bom para banda, para montar a carreira", complementa o guitarrista da banda.
Eles vêm de um grande sucesso com o disco Violeta, que proporcionou a experiência de lotar casas de show em todo Brasil, com ingressos esgotados em 45 minutos em alguns locais. Eles atribuem a Gêmeos a oportunidade de chegar a um público maior. "Talvez o novo disco seja o que tem mais potencial de furar a bolha", afirma Bruno.
A banda aceita com carinho todos os novos públicos que têm conquistado. "Os pais vão com os filhos nos shows não só para acompanhar, mas vestidos com a camisa da banda", conta o baterista Luis Cardoso. Os integrantes perceberam que estão conquistando faixas etárias diferentes e estão muito felizes com o fato. " A gente faz música para atingir e conversar com as pessoas. Se chegar mais gente é sempre muito legal, vou abraçar ainda mais e estaremos juntos", afirma Ale Sater, vocalista e baixista do conjunto.
Urias
A cantora mineira, natural de Uberlândia, ficou primeiramente conhecida como braço direito de Pabllo Vittar. Urias iniciou 2022 apresentando o novo álbum Fúria. O trabalho foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, que exaltaram a mescla de gêneros que vão do pop ao rap, passando pelo R&B e até pelo psicodélico. "Eu tento mostrar para as pessoas que eu não sou só isso que elas pensam que eu sou", conta a artista.
Mulher trans e muito querida no meio LGBTQIA , Urias quer ultrapassar o público que já a conhece, quer alçar novos voos. "Eu queria que minha voz rompesse as minhas bolhas, porque quem vai resolver os meus problemas não faz parte do meu recorte social", pontua Urias. A cantora quer que a própria música seja mais do que apenas entretenimento. "Eu queria que furasse a bolha mais do que só no sentido de fazer parte do mainstream e alcançar mais pessoas, isso eu sempre quero, claro. Queria algo mais social mesmo, quero que os outros considerem que pessoas como eu são gente", complementa.
As metas da artista têm se concretizado. Mesmo com os curtos três anos de carreira, ela acumula milhões de reproduções em clipes no Youtube e músicas no Spotify. Urias será o ato de abertura da turnê europeia de Pabllo Vittar e estampou um comercial em um telão da Times Square, em Nova York. Ela vê tudo como parte das apostas que tem feito na própria música. "É muito bom saber que talvez eu esteja começando uma coisa nova, que eu sou capaz de romper barreiras", comenta a cantora. "Gosto de fugir do que está na moda para me destacar e achar um lugar só meu. Eu acho que tenho feito muito bem isso", conclui.
Jovem Dionísio
Banda curitibana que logo no início da carreira estourou graças a um remix da música Ponto de exclamação, feito pelos Djs Vintage Culture e Future Class, a Jovem Dionísio é a única da lista que ainda não apresentou um álbum em 2022. Porém acumula mais de 1 milhão de reproduções em praticamente todos os últimos lançamentos, dois deles este ano.
A banda começou apenas tocando covers e há, aproximadamente, quatro anos, assumiu uma carreira autoral, mas desde que começaram sempre tiveram na música uma diversão. "A maior bolha que a gente furou foi de fazer o nosso maior hobby, o nosso trabalho", conta Ber Pasquali, vocalista e guitarrista da banda. Ele atribui a popularização não só da banda dele como de todos os recentes casos de sucesso à música de qualidade. "Se existe um alfinete que estoura as bolhas, ele é o fazer música boa. E pela resposta do público, pelo que parece, a gente andou fazendo umas músicas boas por aí", crê o cantor.
Pasquali ainda faz uma análise do mainstream, termo em inglês conhecido como a classificação de músicos que fazem sucesso com um público mais abrangente. "O mainstream é uma discussão muito boa. A gente acredita muito que, atualmente, ele é uma parada muito relativa", analisa o cantor. "A gente discutiu dentro da banda que, hoje, com as plataformas de streaming e com o jeito que as músicas são publicadas, o lançamento de músicas deu uma falsa democratizada, porque qualquer um pode lançar. Porém isso saturou o mercado também, tem muito mais música disponível fazendo com que fique difícil dizer o que é o mainstream", complementa. "O jeito que a música tem sido consumida no Brasil e no mundo fez com que cada nicho tivesse seu próprio mainstream", conclui.