MÚSICA

Nada foi como antes depois do 'Clube da Esquina', que completa 50 anos

Disco foi lançado em março de 1972 e idealizado por Milton Nascimento

Bituca era amigo de Fernando e Márcio, irmão de Lô, que tinha uma banda com Beto, que amava os Beatles. Bituca foi para o Rio e conheceu Ronaldo, que ainda não tinha entrado na história – mas que, ao lado de Bituca, Lô, Márcio e Fernando, e também de Wagner, Toninho, Nelson, Tavito e tantos outros, fez história ao participar da criação de um dos marcos da música brasileira. Lançado em março de 1972, o disco “Clube da Esquina”, idealizado por Milton Nascimento, o Bituca, em parceria com o então novato Lô Borges, completa 50 anos sendo tudo o que ele consegue ser: expressão maior do talento e invenção de um grupo de amigos que deixou o coração bater sem medo.

“Eu costumo dizer que, sem a amizade, nada disso teria acontecido. E vou ainda mais longe: tenho certeza de que nada na minha vida seria como foi sem os amigos que tive, e que ainda tenho, ao meu lado”, afirma Milton Nascimento, em entrevista ao Estado de Minas. “A amizade, a confiança e o amor entre essas pessoas regeram o disco, são a base de tudo”, complementa Lô Borges, também em depoimento exclusivo para a série de reportagens que o EM Cultura publica a partir da edição deste domingo (6/3).

Depois de 1972, nada foi como antes na carreira de Milton, que ganhou o mundo, nem de Lô, que gravaria na sequência outro álbum indispensável: o chamado “Disco do Tênis”. A jornada dos letristas Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos também não seria mais a mesma, assim como a de Beto Guedes e a de alguns instrumentistas que deram forma ao disco “Clube da Esquina”: Toninho Horta, Wagner Tiso, Nelson Angelo.

E, claro, de todos que, ao longo das últimas cinco décadas, tiveram as suas vidas transformadas pelos acordes e versos das 21 músicas do álbum duplo: quem inventou o cais, pegou o trem azul, subiu novas montanhas para procurar diamantes, tingiu um girassol com a cor dos seus cabelos, dançou no pó e meteu o pé na estrada, acordou de um sonho estranho, falou de coisas mórbidas e homens sórdidos, temperou a vida com cravo e canela, sentiu um gosto de sol… Coisas que a gente não esquece de dizer. Canções que o vento não nos cansa de lembrar.