Apesar de contar com uma carreira musical consolidada há mais de uma década, o paulistano Pelu só se descobriu como artista solo no fim de 2021. Ao longo dos anos, o cantor, produtor e compositor fez parte de grandes projetos, como a banda Restart, sucesso dos anos 2010, e a dupla eletrônica Selva, em que dividia os palcos com o amigo Brian Cohen. Agora, em 2022, o artista lança Carnaval de sofá, seu primeiro EP como solista.
“Há dois anos, quando a gente começou a viver essa insanidade, estavam completando uns 12 anos desde o começo do Restart. Até aquele momento, eu nunca tinha parado em casa de verdade, porque eu saí da banda e emendei no Selva, e rapidamente a gente começou a tocar”, conta Pelu em entrevista ao Correio.
“De repente, eu me vi em casa sem poder ir para o estúdio e sem fazer show, o que foi muito ruim por um lado. Mas, por outro, me trouxe vários novos pensamentos e novas ideias. Eu comecei a achar que estava meio a fim de voltar a cantar e compor umas músicas para mim e comecei a namorar essa ideia”, relembra.
Após o lançamento de Transbordar, Tanta coisa bonita pra ver e Samba triste, singles responsáveis pelo pontapé na carreira solo, surgiu a ideia do Carnaval de sofá. “Em outubro do ano passado, comecei a pensar que seria irado fazer um projeto de carnaval”, diz. “Eu pensei: ‘Já tem tanta música de carnaval que eu acho linda, que eu gosto e tenho um apego emocional, será que eu não conseguiria fazer umas versões?’”, compartilha.
“Quando eu olhei para o mundo do axé, que tem zilhões de músicas bonitas e muito grandes, eu tentei meio que cobrir artistas que são ou foram muito relevantes para esse carnaval da Bahia e para o axé”, aponta. Ao longo das quatro faixas do projeto, Pelu faz releituras de sucessos da Banda Eva, Chiclete com Banana, Babado Novo e Timbalada.
“A Beleza rara da Banda Eva, por exemplo, é do fim dos anos 1990. É uma música que foi lançada há mais de 20 anos e, mesmo assim, se eu descer aqui na rua e cantar para qualquer pessoa, ela provavelmente vai conhecer. Isso é muito poderoso”, afirma. “São músicas que, de alguma forma, tinham um valor emocional, de nostalgia, e que eu me apaixonei mais ainda por elas no processo”, revela o músico.
Além de homenagear os grandes artistas do axé music, o EP também celebra as raízes de Pelu. “A minha mãe é baiana e, apesar dela ter vindo nova para São Paulo, eu tenho uma conexão familiar com Salvador, com a Bahia. Eu vivi carnavais lá. Para mim, carnaval sempre teve a ver com a Bahia. A primeira coisa que vem na minha cabeça é a Bahia, os trios, a galera na rua, então eu sempre tive essa relação de carinho com o carnaval de lá e automaticamente com o axé, que é uma música originalmente baiana”, explica.
“Eu sinto como se eu estivesse homenageando uma parte da minha vida, que envolve desde a minha mãe até esses momentos incríveis que eu já passei na Bahia e minha ligação com esse estado, com esse lugar que é muito forte dentro de mim. É uma forma que eu tenho de me conectar com essa parte minha também, e nada melhor do que fazer isso no carnaval”, garante. “É realmente uma coisa que eu estou satisfeito e feliz e isso é raro. É uma sensação rara”, complementa.
Acompanhando o EP, também foi lançado um videoclipe de Beleza rara, dirigido, editado e protagonizado pelo próprio artista. “De certa forma, essa independência vem da minha formação no Restart. A gente foi uma banda independente por muito tempo e isso obrigou a gente a aprender coisas e entender que a gente não podia depender das outras pessoas, porque a gente não tinha grana para pagar ninguém. Então era isso, se a gente queria fazer um vídeo, a gente tinha que aprender a fazer um vídeo”, recorda.
Sucedendo a estreia do Carnaval de sofá, Pelu pretende lançar seu primeiro álbum solo nos próximos meses. “Eu já comecei os estudos e os trabalhos para o meu disco, que vai ser lançado em novembro. Provavelmente vou começar a soltar singles do disco em abril ou maio, por aí”, adianta o cantor. “Estou curtindo agora a ideia de conhecer coisas novas, estou ouvindo novos sons e pensando: ‘Nossa, isso aqui de repente me dá oportunidade de testar algumas coisas'. Agora eu vou voltar a escrever, então a minha expectativa para esse ano é chegar nesse álbum. Eu quero muito executá-lo”, torce.
*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel