Um curta-metragem 100% brasiliense vai começar a percorrer por festivais de cinema no Brasil e no mundo. Escrito pelo ator e roteirista brasiliense Bernardo Felinto e dirigido por Kleber Macedo, Redenção é uma obra de 30 minutos que explora a relação entre dois irmãos. A realidade é colocada à prova através de uma lente de aumento na vida dos dois personagens personagens, cuja relação está desgastada devido a inúmeros fatores, entre eles, a difícil relação com os pais e o rumo que a vida lhes apresenta.
A trama é uma adaptação de um longa-metragem que havia sido escrita pelo autor durante a pandemia. Sobre os desafios de produzir o filme, Bernardo conta que o trabalho mais complexo foi adaptar o roteiro para curta-metragem, selecionando os principais conflitos.
“Sempre gostei de escrever sobre relações humanas, e quis contar uma história entre dois irmãos que se amam, mas estão separados emocionalmente, perderam a conexão. O processo de escrever é algo muito solitário e desafiador pra mim, quando estou trabalhando com drama principalmente. Entro numa imersão que me consome bastante. Mas no fim, gosto de escrever. Gosto de poder me comunicar como artista de forma autêntica”, explica Felinto.
A história é composta por três personagens principais. Erik (Bernardo Felinto), um jovem problemático de 30 e poucos anos. Ainda perdido na vida, ele tem uma grave dependência financeira e emocional do irmão. Sozinho e isolado da família, enfrenta uma dura crise existencial, permeado sempre de pensamentos obscuros, sem ter um objetivo claro de futuro, numa espiral de autossabotagem. Já Bento (Mateus Ferrari), o irmão mais velho, sempre foi uma pessoa serena e responsável, com trabalho digno, casa boa e casamento aparentemente estável.
Embora tenha como gênero principal o drama, a história se desenvolve com muito suspense e mistério. Ao longo da trama, Bento tenta por diversas vezes trazer o seu irmão caçula para perto, a fim de aproximar a família do cotidiano dele. Clarissa (Rebeca Reis), esposa de Bento, é a terceira personagem da história que une os indivíduos por meio de um fio invisível que vai tomando forma ao longo da narrativa.
Enfrentando uma grave crise no casamento e sem saber como tomar as rédeas da vida, Clarissa se torna vulnerável e isso gera uma série de desdobramentos sobre a fragilidade humana.
Relação familiar
A honestidade da interpretação dos atores principais entrega uma obra realista e atual, mostrando o quão dolorosa pode ser a relação familiar. Sobre os desafios de viver o personagem Érik, Bernardo conta que buscou semelhanças aparentemente escondidas entre ele e o personagem.
"Construo os meus personagens baseado nas minhas experiências, nas minhas relações, nas minhas alegrias e perdas e por aí vai. Esse é um personagem muito carregado emocionalmente, com muitas dores, muitos traumas, muita solidão. Ele tem uma carga pesada, uma energia densa e uma fisicalidade diferente da minha. O desafio maior foi me manter nesse lugar de fragilidade emocional constante, é um personagem que está na beira do abismo”, explica Bernardo.
O filme, gravado durante a pandemia, é realizado exclusivamente por artistas de Brasília e já está inscrito nos principais festivais de cinema do Brasil e do exterior. “Essa é a carreira do curta-metragem de uma forma geral, fazer uma estrada nos festivais de cinema. Eu e minha parceira Rebeca Reis, que faz uma das protagonistas do filme, estamos apostando nos festivais presenciais agora, pois ganhamos vários prêmios no nosso último filme, o Enquanto Estamos Juntos. Mas os festivais foram todos de forma online, o que, inevitavelmente, tira um pouco o brilho das participações. O filme ainda não está liberado para o público, alguns festivais exigem esse ineditismo, por isso, por enquanto o filme só estará disponível nos festivais nos quais ele for selecionado”, finaliza Bernardo.
Confira o trailer