Entre os dias 22 e 27 de março, o festival Circolar traz de volta a alegria do circo. On-line e com formato inovador, a proposta se divide em seis episódios que reúnem apresentações autorais de companhias circenses de Brasília. Os capítulos serão disponibilizados um por dia, sempre às 19h20, no canal oficial do festival no YouTube.
O respeitável público vai desfrutar das brincadeiras e estripulias do circo no aconchego do lar. Para driblar os impedimentos de aglomeração com graça, o festival Circolar adapta o clássico ato circense para um formato filmado. Dividido em seis partes, o festival encontra uma esquina entre o cinema e o circo, o roteiro e o improviso. A cada capítulo, uma companhia de teatro brasiliense comanda um espetáculo autoral. Apesar do caráter episódico, há uma trama maior que permeia todos os atos: a vida na fictícia Vila Circolar, refúgio dos artistas em tempos de pandemia. O palhaço Zambelê, um dos moradores, nos dá o escopo do cotidiano divertido e atrapalhado dos palhaços, mágicos, acrobatas e gigantes de pernas-de-pau.
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Experimentações
Quando, no começo da pandemia, Filipe Duque se deparou com o edital de fundo emergencial de apoio à cultura e encontrou uma categoria destinada ao desenvolvimento de um projeto de festival on-line de circo, ele se sentiu predestinado a ocupar a vaga. Formado em direção de fotografia pela Universidad del Cine, em Buenos Aires, na Argentina e com 12 anos dedicados à Companhia Circênicos de Brasília, Duque tinha o olhar ideal para registrar em vídeo a mágica do circo. O currículo do cineasta e videomaker já acumulava experimentações entre o audiovisual e a palhaçaria. Apesar da experiência, ele sabia que não seria tarefa fácil. Os espetáculos circenses bebem da interação com o público. Tirar a plateia da equação seria árduo. Depois de explorar ideias e discutir com os parceiros, o conceito, enfim, ficou claro. Além da criação de um cenário especial, a Vila Circolar, era preciso contar uma história que envolvesse os espectadores. Nasceu, assim, o conceito de "festival narrativo", como Filipe apelidou.
A pandemia, que motivou o fundo de apoio para a produção da obra, acabou por atravessar a barreira entre o real e fictício e se tornou importante para a trama. No mundo pandêmico, as companhias de circo se reúnem para fundar a vila e passarem o tempo de isolamento juntas. A situação gerou a oportunidade de mostrar os bastidores da vida desses artistas. Dessa forma, o projeto também ganha ares de reality show: "Os personagens se comunicam direto com a câmera para trazer um ar aconchegante que mostra um pouco do que seria o cotidiano. A gente propôs situações e cenas que mostrassem a vivência desses artistas quando eles não estão se apresentando. O que eles estão fazendo? Onde eles estão? Não tem público. Como eles estão vivendo? Como os personagens fantásticos do circo vivem quando não estão no palco?", comenta Filipe.
Narrativas
Para a seleção das companhias, um chamamento público foi aberto. Dezenas de vídeos foram enviados para que Filipe Duque e José Regino, o palhaço Zambelê, fizessem a curadoria. Era importante escolher espetáculos que apresentassem uma veia narrativa forte e que estivessem abertos a se adaptarem ao contexto proposto, mas sem abrir mãos da originalidade. Enfim, seis trupes com atos autorais foram selecionadas. O grupo Os Buriti apresenta o espetáculo O circo em quarentena, dirigido, atuado e roteirizado por Eliana Carneiro, Naira Carneiro e Guian Johansson; o coletivo Instrumento de Ver - Julia Henning apresenta Teoria de tudo, interpretado e criado por Julia Henning; o Circo Teatro Artetude performa O eterno retorno dos irmãos saúde, dirigido pelos Irmãos Saúde e protagonizado por Ankomárcio Saúde, Ruiberdan Saúde e Pablo Ravi Maroccolo; As irmãs Bellaneiro, com Brincadeiras de palhaças, interpretado por Madame Frôda, Ana Luiza Bellacosta, Berruga, Elisa Carneiro, Seu Firula e Lucas Ferrari e criado por Ana Luiza Bellacosta e Elisa Carneiro; Ana Flávia Garcia performa A incrível mulher que virou jarro; por fim, a cia. Circênicos, com Utopia, dirigido por Eliana Carneiro, Dan Marques e Gabriel Marques.
O dia 27 de março, data de encerramento da festa, é o Dia Nacional do Circo no Brasil. Para estender a celebração, Filipe Duque, em meio à felicidade de avivar o circo de forma tão robusta, quer ampliar a data e comemorar, dos dias 22 a 27, a Semana Nacional do Circo. Para tal, conta com a presença de todos os entusiastas desta arte centenária no picadeiro virtual.
Festival Circolar
De 22 a 27 de março de 2022, sempre às 19h20, no canal oficial do Festival Circolar no YouTube. A transmissão é gratuita.
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco
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