A vencedora da edição de 2021 do reality show Big Brother Brasil, Juliette Freire, tem um histórico trágico na família com diagnósticos de aneurisma cerebral.
A irmã da estrela de televisão faleceu quando tinha 17 anos, em decorrência de um aneurisma cerebral que se rompeu. A mãe de Juliette, Fátima Freire, também sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em 2019.
E ano passado, a ex-BBB passou pelo mesmo susto, após receber ela mesma um diagnóstico de aneurisma cerebral após um check-up de rotina.
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Em entrevista ao programa "Conversa com Bial" da TV Globo na terça-feira (08/03), Juliette contou que, após analisarem seus exames, os médicos acreditaram se tratar da mesma condição que vitimou sua irmã.
Ela foi então encaminhada para uma cirurgia, mas quando acordou foi surpreendida com a notícia de que não foi encontrado aneurisma, mas sim uma "formação atípica" da artéria.
Mas apesar do desfecho favorável de Juliette, médicos neurologistas alertam para a importância de pessoas com histórico de aneurisma em suas famílias acompanharem de perto sua situação, com exames de rotina e aconselhamento especializado.
"É importante ressaltar a necessidade de que familiares de pacientes com aneurisma procurem um médico para entender se há risco ou indicação para exame", diz Eberval Gadelha Figueiredo, neurocirurgião e presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
"A história familiar é um grande fator de risco", afirma ainda.
O que é o aneurisma cerebral e quais suas causas?
Segundo o médico neurologista, o aneurisma cerebral é uma dilatação dos vasos sanguíneos, causada por uma fraqueza na parede do vaso.
"O vaso é constituído por uma camada de músculo e em regiões onde há fraqueza dessa camada muscular pode-se desenvolver uma dilatação, algo semelhante a uma bolha ou um balão de ar", explica. "Se essa fraqueza progride pode haver a ruptura do vaso, causando uma hemorragia cerebral ou, como chamamos na área médica, um AVC hemorrágico".
O médico ressalta que o aneurisma em si não é uma condição grave, mas sua ruptura pode ser muito danosa. "A ruptura é uma condição de alta mortalidade: cerca de 50%, ou seja, metade dos pacientes, infelizmente não conseguem sobreviver. A outra metade sobrevive com sequelas", diz.
Os principais fatores de risco já conhecidos e relacionados à origem da fraqueza na parede dos vasos do cérebro são o tabagismo, a hipertensão arterial e a genética.
Pessoas fumantes podem sofrer de um desbalanço enzimático na parede do vaso, que causa o aneurisma. Ao mesmo tempo, pacientes que fazem ou já fizerem uso do cigarro também correm mais risco de ver um aneurisma se romper.
Para os que sofrem de pressão alta, a recomendação é acompanhar o caso com um especialista e buscar tratamento para controle da condição.
Já o fator genético não pode ser tratado. "A indicação nesse caso é evitar ao máximo os outros fatores de risco e acompanhar. Atualmente existem diversos exames pouco invasivos que nos auxiliam nisso", diz o dr. Eberval Gadelha Figueiredo.
Além do aneurisma cerebral, existem outros tipos de aneurisma, como o de aorta. Nesse caso, os fatores de risco são pressão arterial alta, diabetes, colesterol alto e o tabagismo também.
Quais são os sintomas?
O presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia explica que o aneurisma é uma condição silenciosa e, por isso, na grande maioria dos casos não há sintomas aparentes.
"O aneurisma costuma ser assintomático até que ele se rompa", diz. "Existem alguns casos mais raros, de aneurismas gigantes, que o paciente pode apresentar queda da pálpebra, perda de visão, cefaleia e AVC. Mas esses quadros representam cerca de 5% do total apenas".
É por isso que muitos dos pacientes descobrem o aneurisma cerebral apenas quando ele se rompe. Nesse caso, os sintomas mais comuns são dor de cabeça súbita, náuseas, vômitos e perda da consciência.
"E justamente por o aneurisma ser assintomático é tão importante que pessoas com qualquer um dos fatores de risco procurem um médico para verificar a possibilidade de realizar exames de rotina".
Existe tratamento?
Felizmente, a resposta para a pergunta é positiva. Quando um aneurisma cerebral é detectado por meio de exames de imagem, os médicos podem optar por indicar tratamento com microcirurgia ou cateterismo.
A escolha de um ou outro método deve ser avaliada por um especialista, de acordo com as condições do paciente.
"Quando se decide pela via de cateter, o cirurgião coloca uma mola de platina ou um stent [um tubo pequeno e extensível] na região do aneurisma. Já na microcirurgia se coloca um clip no local para evitar rompimento", diz Eberval Gadelha Figueiredo.
O médico ressalta, porém, que nem sempre o tratamento é indicado. "Alguns aneurismas muito pequenos, de 2 ou 3 milímetros, em pacientes que não tem fator de risco ou que estão localizados em regiões específicas do cérebro, como o chamado seio cavernoso, podem ser acompanhados sem necessidade de tratamento", diz.
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