Seguindo as empresas de entretenimento que interromperam os negócios com a Rússia, a Globo anunciou que suspendeu, por tempo indeterminado, a transmissão de produções autorais em canais abertos e fechados no país de Vladimir Putin. As novelas da Globo fazem grande sucesso em solo russo desde a década de 1970.
A sanção também vale para os conteúdos russos, que deixarão de ser cogitados para importação nos canais de TV e streaming da emissora.
Mesmo que a Rússia não seja um produtor relevante para os catálogos dos canais Globo na TV paga e na aberta, conteúdos como filmes, séries e animações de origem russa saíram do radar de negociações da empresa brasileira, como apontou reportagem da Folha de S. Paulo. No caso dos conteúdos brasileiros que são transmitidos em solo russo, o comércio é mais intenso.
Algumas produções brasileiras estão em exibição no momento na TV aberta russa. Por exemplo, as novelas "Por Amor", do autor Manoel Carlos, gravada em 1997 e "O Clone", de 2001, de Glória Perez. Pelas plataformas de streaming locais, a Globo está presente com "O Clone", "Avenida Brasil", de 2012, de João Emanuel Carneiro, "Justiça", de 2016, série de Manuela Dias, "Ilha de Ferro", de 2018, de Max Mallmann e Adriana Lunardi, e "Verdades Secretas", de 2015, de Walcyr Carrasco.
Grande mercado
A Rússia é um mercado importante para as novelas da Globo. Tudo começou com a novela "A Escrava Isaura", de Gilberto Braga, gravada em 1976, que abriu portas para a emissora no mundo todo. Por conta dessa produção, a atriz Lucélia Santos, que interpretou Isaura, é uma das brasileiras mais conhecidas na Rússia e na Ucrânia. A entrada nos países europeus ocorreu quando ainda existia a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Em 1990, o sucesso de "Tropicaliente", de Walther Negrão, lá batizada "Tropikanka", motivou o turismo de russos no litoral cearense, onde a produção foi gravada. A novela fez tanto sucesso que outra criação brasileira, "Mulheres de Areia", de Ivani Ribeiro, também de cenário litorâneo brasileiro, acabou sendo chamada lá de "Tropikanka 2", para pegar carona no sucesso, embora um enredo nada tenha a ver com outro.
Mesmo depois que a União Soviética se desfez, em 1991, o hábito de ver novelas brasileiras nas ex-repúblicas soviéticas se manteve e continua forte até hoje.
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