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Em tratamento contra vício em drogas, Evandro Santo aparece com rosto tatuado

Humorista está internado em uma residência com terapia assistida, em Atibaia, no interior de São Paulo

Cecília Sóter
postado em 08/03/2022 17:54 / atualizado em 08/03/2022 17:55
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

O humorista Evandro Santo, 47 anos, conhecido pelo personagem Christian Pior, afirmou, em entrevista à revista Quem, que está vivendo o momento mais feliz da vida após ter decidido se internar em uma clínica para tratar a dependência química.

Nesse processo, o ator decidiu mudar o visual radicalmente, fazendo três tatuagens no rosto — o símbolo do signo sagitário, o ascendente dele, o escorpião e a lua dele, em aquário; além de um cemitério cheio de cruzes na sobrancelha esquerda raspada. Ele também raspou metade do cabelo e da barba.

"Já tive fases na minha vida que fui muito feliz, mas tinha consciência naquele momento. Agora, tenho plena consciência desse momento importante que estou vivendo. Não vão me ver ter recaída. Vão ter que me aturar até a hora que eu cansar de brincar com a minha cara e adotar uma aparência mais séria. Vou dar um nó na cabeça das pessoas com isso, sim. É uma delícia", diz.

"Comecei a mexer no cabelo há uns dois meses. Fui ao barbeiro e mudei a geometria, também já mudei de cor. Algumas pessoas começaram a reclamar na internet que eu não estava bem. Me chamaram até de louco. O nome disso é expressoterapia. A pessoa pode se transformar no que ela quiser. É um paradoxo porque ao mesmo que todo mundo quer ter o mesmo cabelo, corpo e gostar das mesmas coisas nas redes sociais, tem uma outra leva que quer algo mais diferente", justifica.

"Se eu entendi que sou um ser humano em evolução, posso mudar minha aparência, sem precisar me encaixar em algum padrão. Vou me transformando e afastando as pessoas caretas e que eu considero bobas, não interessantes. Isso choca e incomoda. Mas qual a cara da saúde mental? A questão tem que ser qual a sua atitude que define sua saúde mental", completa Evandro.

"Comecei o tratamento na Moreira, fiquei lá seis meses e depois fiz três meses de estágio. Mas precisava dessa mobilidade para poder me movimentar. Agora estou em Atibaia, no Espaço Sinergia. Aqui é uma residência com terapia assistida, onde a pessoa sai, usa internet, faz home office e toda semana ela tem que fazer exame toxicológico e se positivo, ela sabe que não ficará mais aqui", diz o artista, que está com abstinência sexual há 11 meses.

"Você começa a ver seu valor. Não é fácil sair comigo. Eu sei disso. Tem que ser muito mente aberta para namorar comigo e entender quem eu sou. Sou um cara romântico e não vou gastar meu afetivo e energia com alguém que não esteja na mesma sintonia que eu. Quero focar nos meu projetos e não quero perder tempo com nada que me faça sair do foco", declara.

O ator revela que pretende usar sua experiência para se tornar referência em saúde mental no Brasil e que lançará um site para prestar consultoria, um podcast sobre a temática e um livro ainda em 2022.

"Já está nascendo o Santo Help, uma consultoria de saúde mental. Se você está com algum problema, a gente faz uma avaliação e te indico o tratamento profissional que vai lhe atender melhor. Vou ligar para a pessoa para saber como foi com o psicólogo, psiquiatra, na clínica e ao mesmo tempo dar o feedback para a família. Depois que ela tiver de alta, vou preparar uma estratégia para ela voltar a ser incluída na sociedade. Para algumas clínicas, o interessante é a pessoa ter uma recaída e voltar. Mas trabalho com pessoas e não depósito de gente. Sei que muitos vão torcer o nariz para mim, mas quero passar adiante tudo que absolvi e estou estudando muito nesse período", deseja.

Evandro critica os tratamentos dados aos dependentes químicos. "Estou há 10 meses em tratamento ao todo. As clínicas estão defasadas. O discurso está defasado. Não adianta você tratar o dependente químico como desvio de caráter. Ele sabe o quanto ele bebeu, cheirou, errou. Temos que ver as ferramentas para voltar a inserir ele na sociedade de forma efetiva. O índice dela ter uma recaída é muito grande. Você tem que romper os padrões dele fora da internação", aconselha.

Ele conta que começou a usar drogas já mais velho. "Fui um adolescente muito careta. Comecei a usar droga muito tarde. Era muito focado no teatro e no balé para pagar minhas contas no fim do mês. Quando entrei nessa já estava com 27 anos. Já fui escravo de trabalho, sexo, adrenalina. Mas o abuso de drogas realmente mexe com a cabeça da gente. Comecei no êxtase, depois migrei para a anfetamina e tive alguns flertes com a cocaína. Maconha não gosto e GHB também não".

Evandro saiu da televisão há 10 anos para se tratar, quando começou a perder o controle do uso de drogas. “Em 2012 foi quando tive um pico pior desse abuso. Foi quando pedi demissão do Pânico e decidiram me internar. Achava que tinha controle e podia parar. Tentei voltar a usar para uso recreativo e não consegui. Tentava usar 'x' vezes na semana, mas também não deu certo. Quando chegou a pandemia e tive um monte de shows cancelados, não conseguia mais trabalhar e aí foi ladeira a baixo", lamenta.

O comediante contou que teve a primeira overdose na frente do Faustão e que chegou a ter outros episódios trabalhando. "Já tive três vezes. A primeira foi quando fui fazer uma festa e um produtor meu, o Avestruz, me socorreu quando comecei a me debater no tapete no chão, com um princípio de AVC, na frente do Faustão. Depois foi uma vez na rádio e a terceira vez encontrei na enfermaria da balada. Tinha uma época em que o meu traficante nem queria me vender e mandava eu ir para casa, que estava sem comer, nem nada. De 300 festas que eu fiz, 15 estava chapado. Se fui três mil vezes para a rádio, 20 estava chapado. No palco, a mesma coisa, porque eu sabia que afetava o meu rendimento com o público", admite.

Briga com Rafael Ilha

Evandro Santo falou também da briga com Rafael Ilha e criticou a forma como o cantor tentou ajudá-lo na internação em 2021.

"Tem pessoas que querem surfar na sua onda para ter um destaque nesse assunto de saúde mental. Mas é um tema muito pesado. Estou falando de um tema onde pessoas se matam. É muito bonito ver saúde mental na hashtag, mas não é só isso. Briguei com Rafael porque ele queria interferir demais no meu tratamento, se metendo até no meu visual. A raiva dele é que ele perdeu a grande oportunidade de ser o cara para falar sobre saúde mental. E quando você olha o Instagram dele só tem conteúdo sem noção, piadinhas sem graça e conteúdo para adolescente. Sou um homem de 47 anos. Bloqueei ele", conclui.

 
 
 
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