Uma das publicações mais antigas e populares da internet no Brasil, a revista Bula celebra neste março 20 anos de existência. Com foco no jornalismo cultural e pioneira no mundo on-line, a Bula se mantém extremamente relevante no cenário atual, mesmo após duas décadas no ar. Hoje, a revista conta com uma média de 20 milhões de acessos mensais no site e 500 mil assinantes em sua newsletter.
"Quando criamos o primeiro projeto daquilo que se tornaria a revista Bula, em 1999, a internet era apenas um vilarejo", relembra Carlos Willian Leite, editor da Bula, em entrevista ao Correio. Entre idas e vindas, a ideia da revista só foi consolidada em março de 2002. "Acho que, talvez por termos sido pioneiros no Brasil, tivemos que nos adaptar às várias mudanças que aconteceram ao longo dos anos. Na internet e, sobretudo, nas redes sociais, o mundo envelhece a cada 30 minutos. Talvez nosso principal diferencial tenha sido exatamente esta capacidade de nos adaptarmos às tendências que surgiram", opina.
Foi essa capacidade de adaptação que permitiu que a revista, ao longo dos últimos 20 anos, se reinventasse para acompanhar o avanço do jornalismo cultural, dos hábitos dos leitores e da internet. "Talvez o principal problema das publicações de cultura no Brasil seja tentar permanecer fiel ao que era realidade dez, 15 anos atrás. Isso não é personalidade editorial, é pedir para morrer", aponta o editor.
"Quando iniciamos o projeto, em 2002, pensávamos que deveríamos publicar apenas aquilo que julgássemos que tivesse qualidade acima da média. Com o tempo fomos percebendo que só seria possível ter retorno financeiro e, consequentemente, manter o projeto, se fizéssemos concessões editoriais", revela. "Não adianta você ter o melhor conteúdo do mundo se ninguém ler", garante.
Após duas décadas, a revista conta com um acervo composto por mais de 12 mil textos, divididos entre entrevistas, estudos críticos, ensaios, perfis biográficos, obituários, listas sobre os mais variados temas e crônicas. Para Carlos Willian Leite, um dos principais legados da Bula até então é "ter provado que é possível ter audiência sem sangue ou fofocas, falando de livros, filmes, séries, música".
Para os próximos anos, a revista pretende continuar aberta às adaptações e novas tendências, oferecendo conteúdos que estimulem e inspirem seus leitores. "Para se ter sucesso na internet com sites de cultura, é preciso disciplina, disciplina, disciplina, um pouco de resignação e, sobretudo, financiamento", finaliza o editor.
*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco.
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