Exposição

Bloco carnavalesco Menino de Ceilândia homenageia o poeta Francisco Morojó

Em 'Ver, ouvir e dançar frevo', o poeta ganha um boneco gigante para celebrar a importância dele para a cultura da cidade

A exposição Ver, ouvir e dançar frevo remonta a trajetória de 27 anos do bloco de carnaval Menino de Ceilândia por meio de fotografias tiradas por foliões na festa. Situada no Centro Cultural de Ceilândia, a mostra promove, hoje, um sarau em homenagem ao poeta Francisco Morojó, conhecido como Pezão, que também ganha um boneco gigante. A entrada é gratuita.

Criado em 1995, o bloco de carnaval Menino da Ceilândia veio para movimentar a festa da cidade. De acordo com Ailton Velez, membro fundador, não havia atividades carnavalescas na cidade. A forma encontrada de engajar as pessoas foi criar um bloco de rua gratuito. Com um pequeno apoio financeiro, o primeiro boneco gigante foi criado para desfilar e recebeu o nome de Ceilândia. Daí, o Menino de Ceilândia. A alcunha faz alusão, também, à notícia que circulava à época sobre a alta taxa de pais adolescentes na cidade. Em vez de reprimir os jovens, o bloco trouxe arte e criatividade para eles.

Com 27 anos de existência, o Instituto Menino da Ceilândia extrapolou o conceito de bloco de rua e ampliou as atividades. O grupo promove saraus, exposições, palestras, oficinas de frevo e da arte de produção de bonecos gigantes, além de várias ações envolvidas na cadeia produtiva do carnaval. O hiato promovido pela pandemia trouxe a oportunidade de olhar para trás e refletir sobre a história escrita. Pelas lentes dos foliões, nasceu a exposição Ver, ouvir e dançar frevo. Registros crus e marcantes em diferentes fases do bloco estão expostos em Ceilândia para matar a saudade do carnaval. Os retratos também deixam aparente o engajamento da comunidade.

Marcos do frevo, os bonecos gigantes são o destaque do Instituto. O grupo usa essa arte para homenagear figuras importantes de Ceilândia. Neste ano, o homenageado é Francisco Morojó. Morador de Ceilândia, mas nascido na Paraíba, Pezão passeou por diversos tipos de expressões artísticas. Escreveu músicas, fez teatro e artesanato, mas o carro-chefe era a poesia. Morojó peregrinava pelos bares de Brasília, Taguatinga e Ceilândia para vender os versos que escrevia. Ailton Velez ressalta o trabalho de ativismo cultural e a tentativa de melhoria dos equipamentos culturais da cidade por parte do poeta. Francisco Morojó morreu de forma precoce em 2003, vítima de um acidente de carro. Para celebrar a memória de Pezão e o conjunto da obra, esse personagem marcante de Ceilândia ganha um boneco gigante, acompanhado de um sarau com poesias do autor, que ocorre hoje,a partir das 14h, no Centro Cultural de Ceilândia, local da exposição.

A exposição chega ao fim em 26 de fevereiro, sábado de carnaval. Apesar das restrições, a data não passará em branco. O Menino de Ceilândia prepara uma live com repertório especial da orquestra de Ceilândia. As informações serão compartilhadas no perfil oficial do Instagram do Menino de Ceilândia (@meninodeceilandia).

*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco.


Sarau em homenagem ao poeta Pezão

Centro Cultural de Ceilândia, Ceilândia Norte QNN 13. Hoje (19/2), a partir das 14h. A exposição Ver, ouvir e dançar frevo segue até o dia 26 de fevereiro, sempre das 8h às 18h. A entrada é gratuita.