Em um momento de respiro, após a difícil tarefa de encarar o paredão, Jessilane Alves, ou Jessi como prefere ser chamada, vai se aproximando de um mês dentro do Big Brother Brasil. Apesar do alívio, após seguir viva do primeiro paredão o qual foi indicada, a sister tem um longo caminho pela frente. O Correio foi até a casa em que Jessi cresceu e, em uma conversa com a mãe e a irmã da atual BBB, descobriu que, se depender do próprio histórico de vida, ela não vai desistir tão cedo do programa com o prêmio máximo de R$ 1,5 milhão no bolso.
"Ela é igual a mim, quando decido que vou fazer algo, posso nem saber como, mas corro atrás, busco até eu conseguir. Todas as nossas lutas a gente chega até o fim e conquista o que queremos", afirma Cleudete Alves, mãe da participante do BBB. "Temos a esperança e a fé de nunca desistir do que a gente deseja. Nem eu nem ela e, muito menos, a minha mãe desistimos de nada", complementa Caroline Alves, sobre a perseverança da jovem professora, que, aos poucos, vai conquistando o coração dos brasileiros.
A mãe e a irmã acham que o principal trunfo de Jessilane é estar sendo ela mesma. "Ela está sendo verdadeira ali, está fazendo as coisas da forma que eu ensinei a ela", afirma a mãe. "Pessoas podem até achar que ela está errada, mas, para mim, ela está certa. Ela aprendeu comigo a ser verdadeira, falar as coisas na cara, não fazer fofoca", adiciona.
Apesar de acharem estranho ver a filha 24 horas por dia sem ter contato com ela, como era antigamente, é unânime que a Jessi do BBB é a mesma da casa da família. "É diferente mesmo, mas ela não mudou. Ela está sendo a mesma pessoa ali, mas agora a gente consegue ver ainda mais características do que no tempo em que convivemos com ela aqui fora", pontua a irmã.
Por estarem acompanhando tão de perto e torcendo muito, mãe e irmã sofrem a cada momento que Jessilane tem dificuldade na casa. "Para mim, é muito complicado, fico tensa, tremendo e é muito agoniante. A gente quer que aconteça as coisas que a gente quer, fico perdida. Dá vontade de falar com ela", conta Cleu, apelido de Cleudete. "A gente sofre igual, chora também. Olha que nós não somos é de chorar muito, mas a gente vê ela chorando e quer chorar. Na formação do paredão, por exemplo, só faltou a gente colocar o coração para fora de tão apreensivas que ficamos", acrescenta Carol, como Caroline gosta de ser chamada.
As duas lembram que foi um momento de muita tensão quando Tadeu Schmidt falou durante o paredão em que Jessi saiu livre e Rodrigo acabou eliminado. "Eu diria que foi uma experiência indescritível", aponta Caroline. "Só de ele começar em libras, eu já falei: "'Pronto, agora ela vai sair'. Pensei que, como a única que falava em libras ali era ela, Jessi estava fora", rememora Cleu. "Eu só entendi a palavra professora, depois comecei a chorar e falar que ela ia sair", completa Carol.
Apesar de ambas estarem o dia inteiro com a televisão ligada para acompanhar, passo a passo, Jessi e sempre na esperança de que ela chegará até o final do programa, as parentes admitem que a saudade já bateu.
As duas estão torcendo para que ela conquiste o máximo no BBB, com o apoio do público brasileiro. "Eu acredito que, quanto mais ela estiver fora dos paredões, mais as pessoas vão gostar dela. Ela é muito engraçada, falo que ela é um meme ambulante, toda hora faz uma coisa que você morre de rir", diz Carol. "Ela é engraçada, é amor, muito companheira. Acho que o Brasil vai gostar muito desse lado", acrescenta.
Trajetória de batalhas
Até chegar no BBB, Jessi teve um caminho longo para conquistar o próprio espaço. Atualmente professora, classificada em primeiro lugar no concurso da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, a sister precisou batalhar muito para chegar no ponto que se apresenta no programa, o qual também lutou para entrar, visto que se inscreveu três vezes até ser escolhida.
Grande parte dessa trajetória, a atual BBB deve à mãe, que batalhou com o salário incerto do emprego de cabeleireira para dar as melhores condições que podia às duas filhas. "Não foi fácil, foi um pouco difícil. Eu nasci de uma classe bem baixa na fazenda, não consegui estudar, tive as duas (filhas) e vim para Valparaíso, trabalhando de doméstica, sempre imaginando que eu queria um mundo diferente para as minhas filhas", relembra Cleudete. "Não estudei, mas queria que elas estudassem para se formarem, para que elas estivessem preparadas", destaca.
Foi pelo estudo que tanto Jessi quanto Carol se desenvolveram. Cleu buscou dar o melhor para elas, as vezes até pedindo dinheiro para passagem de ônibus emprestado a amigos para que as duas pudessem estudar em colégios públicos melhores no DF. "Sempre falei para elas que a primeira obrigação era estudar", conta a mãe. Porém, a meta de estudar era tão séria que, às vezes, Jessilane exagerava. "Ela estudava tanto, que tinham momentos que eu pedia para estudar com calma", ri a mãe.
O resultado, no fim, foi o esperado, as duas filhas estão formadas — Jessi mestre em biologia e Carol advogada. "Eu tento lembrar como consegui que as duas se formassem. A minha luta foi grande e não consigo decifrar como cheguei lá. Era um tiquinho daqui, um tiquinho dali, apertava aqui e folgava acolá, até que eu conseguia", fala com orgulho Cleudete. "Eu não desistia e não deixava elas desistirem. Sempre apoiei e corri atrás para fazer o possível para ajudar", adiciona.
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