O Ministério Público do Ceará denunciou o cantor Wesley Safadão, a mulher dele, Thyane Dantas, a produtora Sabrina Tavares Brandão e uma servidora da Secretaria de Saúde de Fortaleza pelos crimes de peculato e corrupção passiva privilegiada durante a vacinação contra a covid-19.
De acordo com o portal Uol, a denúncia foi protocolada nesta sexta-feira (4/2) na Justiça, dois dias depois do TJ-CE decidir pela liberação das investigações em curso pelo MP, paralisadas por um habeas corpus impetrado pelo cantor em novembro de 2021.
De acordo com o Ministério Público, o esquema contou com a participação de servidores efetivos e terceirizados da Secretaria de Saúde de Fortaleza, além de assessores e amigos do cantor.
Entenda o caso
A esposa do cantor, Thyane Dantas, recebeu o imunizante contra a covid-19, sem estar na faixa etária determinada pela Prefeitura de Fortaleza. Ela também não estava cadastrada para receber a vacina, protocolo utilizada no município para regulamentar a vacinação.
Na época, a assessoria do casal afirmou que a dose de Thyane teria sido da "xepa", o que foi desmentido pela prefeitura. O MPCE, após a constatação, abriu investigação sobre a imunização de Safadão por suspeita de que o cantor teria mudado o local em que a vacinação estava agendada com intuito de escolher o imunizante.
O casal estava agendado para ser vacinado em 8 de julho no Centro de Eventos do Ceará, mas foram a outro posto de vacinação, o mesmo em que Thyane recebeu a vacina da Janssen.
Os dois deram depoimento sobre a suposta vacinação irregular na Delegacia de Combate à Corrupção, em Fortaleza. Além da produtora Sabrina Tavares Brandão, eles também foram indiciados em setembro segundo confirmação da Secretaria de Segurança Pública do Ceará.
De acordo com a investigação do MP, a escolha de um local diferente do agendado para receber a vacina foi motivada por um interesse do cantor em receber a vacina da marca Janssen, aceita à época para ingresso nos Estados Unidos, onde Safadão faria uma turnê em novembro.
“Wesley procurou então por uma vacina amplamente aceita no exterior, em especial nos Estados Unidos e, para tanto, mobilizou servidores efetivos e terceirizados, além de assessores próximos para que fosse viabilizada a imunização dele com a vacina da Janssen. E, como se não bastasse, aproveitou para contribuir para o desvio de doses em favor da assessora e da esposa, que nem estava agendada para aquele dia, em razão de não possuir a idade exigida”, diz a denúncia do Ministério Público do Ceará.
Foi oferecido um Acordo de Não Persecução Penal a Safadão, Thyane e Sabrina, durante a investigação. O Ministério Público o ofereceu a proposta de pagamento de prestação pecuniária de 360 salários mínimos (cerca de R$ 430 mil) para o cantor, 360 salários mínimos para Thyane e 25 salários mínimos (cerca de R$ 30 mil) para Sabrina. O valor seria designado para entidade pública ou privada com destinação social.
Nenhum dos três aceitou a proposta e para a celebração do acordo, é necessária a confissão dos fatos.