Martinho da Vila, de 84 anos deu sua opinião sobre o atual cenário político do Brasil. O cantor criticou a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e que votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas eleições presidenciais.
Em entrevista ao jornal O Globo, o artista apontou o governo federal tem influência nos casos recorrentes de racismo que o país tem enfrentado nos últimos anos, uma vez que o atual presidente da República "não dá bons exemplos, ele dá maus exemplos".
"A função do chefe é dar exemplos. Eles não vêm de baixo, vêm de cima. Quem toca as coisas é o chefe da família, o chefe da nação", declarou.
Martinho explicou que o racismo "é uma doença terrível mas, segundo o Nelson Mandela, é uma doença curável", no entanto é algo que se aprende e, então, é reproduzido.
"Ninguém nasce racista. Aprende a ser racista. E, se aprende a ser, pode aprender a amar o próximo. O racismo está forte. E agora, com a internet, as pessoas podem fazer agressões e ficar escondidas. Então, os racistas botaram as asinhas de fora", desabafou.
Durante o bate-papo, Martinho ainda se retratou em relação ao termo preto de alma branca – usado para classificar Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, no programa Roda Viva, da TV Cultura e disse que gostaria de encontrar o presidente da instituição para "tentar conquistar o sujeito".
"Eu gostaria de me encontrar com ele por acaso. A melhor arma é a conquista. Se eu te faço uma coisa ruim e você reage com força, dá margem para eu reagir com força também. Na verdade, tem de dizer: 'Calma aí!' É preciso tentar conquistar o sujeito: 'Você é tão maneiro!' Quando falei que ele era preto de alma branca, não era o que eu queria dizer. A expressão saiu rapidamente. Eu queria dizer que ele é branco. Age como branco, atua como branco. Por ele, voltava o cativeiro, voltava tudo. Ele se esquece de que, se voltasse o cativeiro, ele estava lá", destacou.
Eleições 2022
Quanto ao pleito presidencial que acontecerá em outubro de 2022, o sambista deixou claro que seu voto será em Lula. Martinho afirmou que se o pré-candidato pedir, ele fará campanha à favor do petista.
"Se ele me pedir, eu faço [campanha], porque ele é meu amigo. Para os amigos eu faço tudo. Para os inimigos, nada".
Martinho da Vila
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