O modernismo não começou em São Paulo nem por lá se encerrou. Muito antes de uma elite formada por herdeiros do café, grandes industriais e alguns intelectuais fazerem da capital do estado o centro das atenções da arte moderna, vários outros pontos do país experimentavam a ousadia de artistas, escritores e pensadores no quesito moderno. Professora de história da arte, Magnólia Costa é enfática ao frisar que as ideias modernas repercutiram durante muito tempo nos anos seguintes ao evento no Teatro Municipal de São Paulo. "Isso que a gente entende como arte moderna, como a poesia de verso livre não rimada, que não segue estilos pré-estabelecidos, com temática mais voltada para o contemporâneo, para o fluxo de consciência, e mesmo nas artes visuais, uma coisa que foge, que é mais expressiva, mais voltada para a liberdade de estilos da pessoa, são elementos que existiam em artistas que não estavam produzindo em São Paulo e que fizeram isso antes", avisa a pesquisadora, que inaugura o Espaço Casa, da Livraria da Travessa, com a palestra O Modernismo além de São Paulo e além de 22.
Com 100 vagas presenciais e transmissão no Instagram da livraria, a apresentação vai focar em como a ideia de modernismo se espalhou pelo Brasil. "O interesse do encontro é falar de modernismo de maneira mais geral. Mais legal do que o que acontece nos anos 1920 em São Paulo é a discussão que levanta no Brasil inteiro", avisa Magnólia. Para ela, o melhor da literatura brasileira moderna está no Nordeste, por exemplo. Rachel de Queiroz começa a escrever sobre a seca aos 20 anos, nos anos 1930, e Jorge Amado começa a publicar em 1928. José Lins do Rego e Graciliano Ramos, grandes nomes do modernismo nacional, não são de São Paulo.
E Guimarães Rosa, uma das maiores vozes desse período na literatura, vem de Minas Gerais. "Minha ideia é mostrar para as pessoas que o modernismo não é uma invenção de São Paulo. O que aconteceu é que tinha pessoas que pertenciam à elite e financiaram isso. O desejo era fazer de São Paulo um lugar cosmopolita, introduzindo uma cultura cosmopolita, porque São Paulo era muito mais provinciano que o Rio. Como tinha dinheiro, eles publicavam manifestos, tinham periódicos e as ideias foram circulando", explica Magnólia, que criou uma plataforma com o próprio nome para dar aulas de história da arte.
Ela acredita que um dos fatores responsáveis por dar uma cara paulista ao movimento moderno brasileiro foi a postura das universidades e das pesquisas acadêmicas. "Já faz mais ou menos uns 70 anos, desde os anos 1950, quando a universidade se fortaleceu, em particular a de São Paulo, que os eventos acontecidos em 1922 e o modernismo da década de 1920 começaram a ser estudados como um fenômeno paulista", diz.
O modernismo de São Paulo e além de 22
Por Magnólia Costa. Hoje, às 19h, no Espaço Casa ( Mezanino da Livraria da Travessa- Casapark). Vagas: 100. Entrada gratuita. cação indicativa livre
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