Música

A riqueza cultural do Nordeste

*Isabela Berrogain
postado em 06/02/2022 00:01
 (crédito: Gaya Schuller/Divulgação)
(crédito: Gaya Schuller/Divulgação)

O lançamento de O mundo é nosso salão, quarto disco de estúdio do brasiliense Túlio Borges, marca o encerramento de uma trilogia iniciada em 2015. Há sete anos, Borges começou uma aventura de exploração da música e da poesia popular nordestina que culminou nos discos Batente de pau de casarão, de 2015, e Cutuca meu peito incutucável, de 2017. Agora, o músico fecha este ciclo com um novo disco de brasilidades que, ao longo de 10 faixas, conta com parcerias como Climério Ferreira, Afonso Gadelha e Vicente Sá.

"Sinto uma grande realização ao dar fim a um ciclo. Este movimento de incursão à música e à poesia nordestina sempre me pareceu uma longa conversa que tinha em aberto comigo mesmo e terminá-la - sabe Deus até quando - é libertador para o início de novos trabalhos, de explorar outras áreas", confessa Túlio Borges em entrevista ao Correio.

Apesar de brasiliense, Borges sempre teve uma relação muito íntima com a região Nordeste. O pai do músico nasceu em São José do Egito, Pernambuco, uma cidade muito importante para a poesia popular nordestina. "Iniciei por conta própria um caminho de volta à região, de curiosidade, de estudo,de  muita leitura e de audição dos mestres da cultura popular de lá. Minhas raízes familiares, meus amigos poetas parceiros e circunstâncias me guiaram para fazer este estudo de como eu vejo e como me encaixo neste universo peculiar que é o de ritmos do Nordeste", explica.

Com as atenções voltadas à região, Túlio Borges acabou descobrindo o poeta e compositor Climério Ferreira, que rapidamente virou um ídolo para o brasiliense. "Climério Ferreira sempre foi uma inspiração, muito antes de conhecê-lo. Um dia, sem que eu soubesse, estive em um mesmo sarau em que ele estava. Quando se aproximou de mim com seu sorriso de criança, disse, para minha surpresa: "Estava me preparando para conhecê-lo", e me entregou um envelope com 16 letras", relembra Borges. Assim começou a longínqua parceria, que rendeu, até então, cerca de 100 composições, algumas delas presentes em O mundo é nosso salão.

Acompanhada por faixas autorais, a música As moças de angical, famosa na voz de Dominguinhos, é a única releitura do álbum. "Tudo o que eu faço em matéria de disco é por prazer, alegria e honra. E As moças de angical é uma música que eu ouvi muito, adoro e acho que nunca tinha sido regravada. Estava ali a minha deixa. Espero que Dominguinhos a tenha aprovado, onde quer que esteja. Essa, além de me agradar, era a meta", finaliza o músico.

*Estagiária sob a supervisão

de Severino Francisco.

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