Já fazem quatro anos desde que uma menina de 15 anos juntou milhares de visualizações no YouTube cantando covers. Essa jovem é Agnes Nunes, uma cantora agora consolidada que lança nesta sexta (28/1) o primeiro álbum da carreira, Menina mulher. Atualmente aos 19 anos, a artista já tem EP e singles, mas só em 2022 decidiu apresentar o disco de estreia em que busca mostrar mais de si mesma em um passeio pelos amores, felicidades, tristezas e sentimentos íntimos da própria vida.
“Eu acho que nesse álbum está o meu lado mais íntimo, eu consegui cantar coisas que eu não sabia como falar”, afirma Agnes Nunes em entrevista ao Correio. O disco conta com 10 faixas escritas durante os 4 anos de carreira da cantora. “Ele é realmente uma linha de evolução e pensamento sobre as minhas vivências. Nesse álbum eu falo sobre os meus medos, sobre amor, sobre mim. Apesar de falar de muita coisa, o mais importante é que eu percebi que o disco é sobre a minha passagem de menina para mulher”, explica.
O disco levou dois anos para ser concebido por completo e leva o nome Menina mulher justamente por ser um processo de amadurecimento, tanto pessoal quanto musical. “É muito claro ver a crescente das músicas em relação a letra e até instrumentação, conforme o álbum vai fluindo, a música vai amadurecendo”, pontua a artista.
Os temas cantados no álbum também fazem parte do conceito de amadurecimento proposto. “Tem Agnes para todos os gostos. Sou eu triste, feliz, apaixonada, de todo jeito”, conta a cantora que ainda adianta que o álbum tem um sentimento principal. “É um disco extremamente romântico, são as várias formas do amor ser representado”, adiciona.
O álbum, por sinal, é a produção com mais a cara de Agnes Nunes. A cantora, conhecida por participações com músicos do cacife de de Elza Soares, Caetano Veloso e Tiago Iorc, optou por cantar sozinha durante as 10 canções que compõem o disco. “Eu decidi que precisava olhar para mim e falar um pouco sobre quem eu sou para que as pessoas possam me conhecer melhor. Sou só eu”, comenta.
No próprio ritmo
Desde que começou a lançar músicas em 2019, Agnes Nunes investiu em muitas formas de fazer música, mergulhou vários gêneros, estilos e ritmos musicais diferentes. Toda essa experimentação está presente no álbum. “Tudo que você imaginar. Ele é muito Brasil, fiz questão disso, mas também bebi na fonte do R&B internacional, blues e muitas outras referências e misturei tudo”, analisa a jovem.
O fato de fazer um pouco de tudo, segundo a artista, é interessante para o desenvolvimento da própria carreira. Ela, portanto, não se importa em ser encaixada em mais de um gênero musical. “Antes me incomodava, mas agora não me incomoda não. O pessoal já me chamou de nova geração do MPB, do R&B, até do rap. O bom é que eu tenho todos esses públicos comigo, tenho o rap, MPB, R&B, a Bossa e eu acho isso incrível”, diz Nunes. “ Só reforça a ideia que eu canto o que meu coração mandar”, completa.
Sotaque e essência de Agnes Nunes
“A primeira vez que eu fui fazer uma aula de canto, eu cantei uma música para que a professora pudesse avaliar e ver o que podia ou não fazer. Isso foi bem na época que eu tinha começado a fazer meus vídeos, eu nunca tinha feito nenhum tipo de aula de música, estava animada que eu tinha conseguido essa parceria com uma escola de música, saí de casa super feliz. Depois de eu cantar, ela olhou para mim e falou: ‘Esse sotaque aí a gente vai ter que tirar, porque atrapalha muito você na sua dicção’. Dali eu saí e nunca mais voltei”, relembra a cantora.
Agnes é muito conhecida pelo próprio sotaque e a cadência que ele dá para as músicas que canta. “Imagina se eu tivesse tirado o meu sotaque? Eu não ia ser quem eu sou e não teria nem metade da autenticidade que eu tenho”, acredita a musicista. “É muito importante, porque é uma representatividade ver que com o meu sotaque em canto com o Caetano, faço rap, faço todo meu trabalho sem me perder de quem eu sou e de onde eu vim. Mostro para todo mundo que dá para ser você mesmo, não precisa pegar uma borracha e apagar para ir lá tentar”, complementa.
A cantora percebe que muitos escondem o sotaque, principalmente o nordestino, quando vão cantar músicas de ritmos não locais e questiona: “por que forró pode ter sotaque e R&B não?”. “Eu não vou abrir mão da minha identidade, nem de ser quem eu sou, nem de uma coisa que fez parte da minha vida desde que eu me lembro por gente. Eu não me vejo sem o meu sotaque”, acrescenta. “Acho que fazer isso é deixar de lado a própria essência”, passa o recado.