A coleção de barbies Mulheres Inspiradoras, da Mattel, acaba de ganhar mais uma representante: Ida B. Wells. Jornalista, sufragista e uma grande voz na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, ela se junta a outras figuras femininas historicamente importantes como Rosa Parks, Frida Khalo e Jaqueline Góes de Jesus, cientista brasileira que fez parte da equipe que sequenciou o genoma do SARS-Cov-2.
Bastante conhecida em seu país, Wells não teve a história contada muitas vezes fora dos Estados Unidos, mas tem uma trajetória de impacto em diversas lutas por sociais. Wells nasceu em Holly Springs, Mississippi, no dia 16 de junho de 1862, um ano antes da lei que pôs fim à escravidão ser assinada pelo então presidente Abraham Lincoln, conta um compilado sobre a biografia da ativista feito pela ONG Nossa Causa.
Décadas antes da famosa recusa de Rosa Parks a dar lugar para um homem branco em um ônibus, Ida B. Wells também se negou a oferecer acento em um trem. O ano era 1884, 12 anos antes das leis segregacionistas que se impuseram nos EUA mais tarde, e a ativista chegou a ganhar na justiça o direito a uma indenização pela política discriminatória da companhia ferroviária. Mais tarde, sua vitória foi revertida pelo Supremo Tribunal de Tennessee, o que não impediu que o ato de resistência se tornasse histórico.
Foi esse episódio, inclusive, que a inspirou a se tornar jornalista e buscar, através da divulgação de agressões contra a população negra, reparação para os abusos cometidos pelo estado branco. “A maneira de corrigir os erros é colocando a luz da verdade sobre eles” foi a frase que se tornou lema dessa mulher. Wells se mudou para Washington e começou a trabalhar no jornal Evening Star, além de escrever uma coluna semanal sobre racismo para o The Way.
Alguns anos depois, ela voltou para Memphis e fundou o próprio periódico antisegregação: Free Speech and Headlight. Wells foi uma das poucas jornalistas de seu tempo a documentar as torturas, linchamentos e todo tipo de abusos cometidos por brancos contra negros. Tornou-se uma voz contra o linchamento de homens negros e investigou os crimes da máfia branca de Menphis, que agia impunemente.
Seus artigos irritaram tanto os criminosos brancos da época que a sede do Free Speech and Headlight foi invadida e incendiada, mas nada apagou a importância histórica da mulher, que tem um monumento erguido em sua homenagem na cidade de Chicago. “É sem nenhum prazer que mergulhei minhas mãos na corrupção aqui exposta. Alguém deve mostrar que a raça afro-americana é mais condenada do que pecadora, e parece que caiu sobre mim fazê-lo”, escreveu em 1989.
A boneca está à venda nos Estados Unidos em edição limitada desde 17 de janeiro de 2022. Não há informações sobre a chegada deste modelo ao Brasil. A coleção Mulheres Inspiradoras tem três brasileiras: a biomédica Dra. Jaqueline Goes, responsável pelo sequenciamento do genoma do covid-19 em tempo recorde no Brasil; a surfista Maya Gabeira, detentora de dois recordes mundiais por enfrentar ondas gigantes; e a cantora Iza.