Fernando Brant e Tavinho Moura, integrantes do Clube da Esquina, tiveram a obra conjunta reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade. O catálogo dos artistas foi condecorado após votação na assembleia-geral da instituição.
A Unesco apontou a motivação da condecoração: "(A obra) reflete todas as camadas culturais, sociais, de conflitos de culturas e de rearmonização do mundo através das inúmeras referências às populações originárias, à população africana e às populações europeias que criaram, por meio de muitas batalhas, o que hoje podemos considerar a cultura da região de Minas Gerais".
Os mineiros Fernando Brant e Tavinho Moura deram o pontapé nas carreiras musicais junto ao grupo Clube da Esquina, nome dado a um movimento de artistas e compositores mineiros da década de 1960, do qual Milton Nascimento e Lô Borges fizeram parte. A dupla compôs em conjunto em diversas oportunidades, como no álbum Conspiração dos poetas e no musical Fogueira do divino, citados pela Unesco.
Tavinho Moura se dedicou a adaptar o folclore brasileiro e, em especial, o mineiro nas obras musicais. Além das canções, também trabalhou na produção de trilhas sonoras para filmes, que lhe renderam diversos prêmios. Em 2014 teve o álbum Minhas canções inacabadas indicado ao Grammy Latino na categoria de "melhor álbum de música regional ou de raízes brasileiras".
Fernando Brant, que recebe a condecoração de forma póstuma, despontou na música com o trabalho de compositor. A convite de Milton Nascimento, escreveu a letra da canção A travessia. Desde então, não parou. Com Nascimento, a parceria foi intensa. Escreveram juntos mais de 200 canções, entre elas os clássicos Maria, Maria, O vendedor de sonhos, Canção da América e Paisagem da janela. Brant morreu em 2015 em decorrência de complicações ao realizar uma cirurgia de transplante de fígado.