Foi durante a pandemia que os coreógrafos Lenna Siqueira e Dilo Paulo, diretores da Cia. Corpus entre mundos, começaram a pensar em um espetáculo capaz de refletir sobre o renascimento, mas também sobre a relação do homem com o ambiente e a natureza. Dessa ideia nasceu Rareneger, sexto espetáculo da companhia, em cartaz a partir de hoje no Teatro Garagem.
Dilo e Lenna deram início ao processo criativo da coreografia no Parque das Garças, no Lago Norte. "Com toda essa situação pandêmica, começamos a pensar como ciclos ruins geram ciclos bons, pensamos em como se regenerar a partir da natureza. A vontade de entender o que nosso próprio corpo e a natureza são o caminho para que o mundo melhore. A partir dessa ideia, começamos a criar", explica Lenna. "Fomos percebendo que a gente faz parte da natureza e, muitas vezes, esquece isso e se coloca fora dela."
Se lido de trás pra frente, Rareneger significa regenerar. A palavra carrega múltiplos sentidos, mas o que os coreógrafos mais gostam é a ideia de ressurgimento das cinzas representada pelo mito da fênix. "Somos como a fênix, conseguimos renascer, mas depende de nós", acredita a coreógrafa. No palco, além dos sete integrantes da companhia, estão também 13 convidados que fazem parte do programa de residência da Corpus entre mundos.
No total, 20 bailarinos se movimentam ao som de uma trilha sonora formada por músicas de nomes como Elza Soares e Baianasystem, mas também composições africanas, como as gingas do Maculusso, um grupo de Angola, terra de Dilo Paulo. "Elza é nossa inspiração de vida, ela traz muito desse lugar da fênix, e Baianasystem entra pela ideia de comunidade e conjunto", avisa Lenna. "A gente trabalha muito em cima do que está sendo cantado, do som que está sendo feito."
Os quatro elementos — água, fogo, terra e ar — serviram de base para a criação dos movimentos, que também se ancoram nas letras e harmonias das próprias canções. "Primeiro, a gente foi atravessado por tudo que vivemos, Dilo e eu, e, a partir daí, a gente começou a permear pelas músicas", conta Lenna. A ideia de grupo, de trabalho em conjunto e de construção em coletividade norteou os coreógrafos. "A gente está cada vez mais egoísta por causa da pandemia, então queríamos trazer essa ideia de que todo mundo junto é mais forte, a ideia de que todo mundo junto consegue construir algo melhor", diz.
A Corpus entre mundos foi criada por Dilo Paulo há oito anos e tem, hoje, um repertório de seis espetáculos, incluindo Rareneger. A dupla de coreógrafos decidiu trazer a companhia para Brasília há dois anos e, mesmo com a pandemia, conseguiu apresentar os espetáculos Muxima e Semutsoc em teatros da cidade. "Decidimos vir para Brasília pela oportunidade que a cidade oferece, tem muitos bailarinos bons e queríamos sair um pouco do Sudeste e trabalhar em outros pontos do Brasil, porque o Brasil tem muita coisa para explorar ainda no sentido de trabalhar, de conhecer", garante Lenna.
Rareneger
Espetáculo da Cia Corpus Entre Mundos . De hoje a domingo, às 20h, no Teatro Sesc Garagem (913 Sul). Ingressos: R$40,00 e R$20,00 (meia)
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