Música

Aloizio Lows, do Bloco Divinas Tetas, faz rifa devido a gastos inesperados

O cantor e produtor afirma que ação só é necessária devido a falta de apoio que o meio artístico tem recebido durante toda a pandemia

Pedro Ibarra
postado em 20/01/2022 14:23 / atualizado em 20/01/2022 14:32
Aloizio (esquerda) em apresentação do Divinas Tetas -  (crédito: Nina Quintana/Divulgacao)
Aloizio (esquerda) em apresentação do Divinas Tetas - (crédito: Nina Quintana/Divulgacao)

Cantor e produtor musical conhecido majoritariamente pelo trabalho com o bloco de carnaval Divinas Tetas, Aloizio Lows está vendendo uma rifa para ajudar a arcar com custos pessoais. O sorteio tem o valor de R$ 50 por número comprado e tem entre os prêmios a produção de uma música, um mini curso de produção musical e seis ingressos gratuitos para shows dele ou do Bloco Divinas Tetas mais uma peça de merchandising.

A necessidade da rifa veio após uma viagem do músico em que o carro dele teve um problema e posteriormente, Aloizio teve uma suspeita de covid-19. A junção das situações levaram ele a gastos inesperados que levaram praticamente todas as economias que ele tinha feito durante os dois anos de pandemia, em que teve menos oportunidades de trabalho devido às pausas dos shows e eventos presenciais. A forma que ele achou para se recapitalizar foi sortear o próprio trabalho.

Apesar de ser um momento difícil, ele afirma que essa situação o fez abrir o olho para como ele tem uma rede forte de pessoas próximas para ajudá-lo. “Nas primeiras 4 horas o post já estava indo muito bem! Estou muito emocionado vendo amigas e amigos compartilhando e participando. Como diria Emicida: quem tem um amigo, tem tudo!”, conta o artista ao Correio.

Porém toda essa situação abriu o olho dele para como a classe artística tem sido tratada mais recentemente. “Como diria Glauber Rocha: "O brasileiro precisa descobrir o Brasil. Nossa cultura é a macumba, não é a ópera". Precisamos valorizar mais os artistas daqui. Boa parte da grana que nós gastamos com música, vai pra fora”, explica Aloizio. “Precisamos deixar essa grana, nossos ouvidos e essa atenção aqui. Estamos vivendo um dos piores momentos da história pra cultura brasileira graças a este (des)governo que tenta diariamente acabar com a nossa classe. Mas seguiremos lutando e ativos”, completa.

Atualmente, Aloizio está com diversos trabalhos paralelos enquanto não pode se apresentar ao vivo. O músico pretende lançar ainda este ano um novo EP, intitulado DELÍRIO, com músicas compostas e produzidas no final de 2021. Além disso, tem singles gravados com nomes como Letícia Fialho, Haniel Tenório, Rudá Carvalho e Victor Abrão e trabalha como produtor dos artistas Taís Cardoso, Raquel Reis e Junin.

Para comprar a “Rifa do LOWS” basta fazer o pix do valor para o e-mail pixdolows@gmail.com, não há limite para compra de fichas. Caso vencedor do prêmio da produção de uma canção não seja músico há possibilidade da criação de uma música apenas com as ideias da pessoa ou como presente. O sorteio será feito dia 2 de feveriero de 2022 às 22h22 no Instagram @aloiziolows.

Carnaval 2022

Lows aproveitou o momento para falar sobre a importância da festa para a classe artística. Ele tem como principal fonte de renda o Bloco Divinas Tetas e com o cancelamento do carnaval vê que a situação para os profissionais do meio cada vez mais complexa. “O carnaval é o momento em que a galera do mercado da música faz mais grana no Brasil. Aqui em Brasília muita gente consegue se manter por meses com os cachês dos eventos desse período. E não estou falando só dos artistas, mas também os técnicos, produtores, ambulantes...é muita gente afetada com o cancelamento das festas”, comenta. Ele também afirma que só para um dia de evento do bloco que ele rege são pelo menos 150 pessoas envolvidas. “Ou seja, além dos eventos normais que acontecem durante o ano, toda essa cadeia vai deixar de receber sua principal grana pra sobreviver”, adiciona.

“Concordo plenamente que tem que cancelar pela segurança de todos. Mas cancelar sem distribuir a verba, sem conversar com os agentes culturais para pensar em outras possibilidades de realizar o carnaval...é um erro gigantesco do governo. Muita gente da cultura tem desistido e ido buscar outras alternativas”, analisa Lows.

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