CINEMA

Gustavo Milan confia na escolha de ''Seiva bruta'' para concorrer ao Oscar

Filme brasileiro está entre os 15 selecionados para disputar uma das cinco vagas da lista de melhor curta em live-action. Relação dos indicados sai em fevereiro

Daniel Barbosa
postado em 02/01/2022 12:25
 (crédito: Slim Dog Films/divulgação)
(crédito: Slim Dog Films/divulgação)

Diretor de “Seiva bruta”, filme brasileiro que figura na lista de semifinalistas ao Oscar de melhor curta-metragem em live-action, Gustavo Milan não hesita em dizer que acredita que a produção vai passar para a próxima etapa.

A relação definitiva dos cinco indicados, escolhidos entre os 15 que estão no páreo, será divulgada em 8 de fevereiro, após nova rodada de votações dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O cineasta teve a oportunidade de assistir a alguns títulos selecionados para a lista de pré-indicados e, a despeito da qualidade dos concorrentes, confia na indicação de “Seiva bruta”.

“Tenho recebido muitos comentários positivos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, e isso é um incentivo muito grande. O fato de o público responder de forma otimista já dá um gás na crença de que sim, ‘Seiva bruta’ pode estar entre os finalistas”, confia.

JAPÃO

A produção foi qualificada para tentar uma vaga no Oscar 2022 após ser consagrada como melhor curta-metragem internacional no Short Shorts Film Festival (SSFF & ASIA 2021), no Japão.

“Seiva bruta” foi selecionado para 17 festivais internacionais e conquistou prêmios em 10 deles. Foi considerado o melhor curta de ficção e recebeu o Grand Chameleon no Festival de Cinema do Brooklyn, em Nova York. Levou o troféu de melhor curta latino no Directors Guild of America. Ganhou o prêmio de melhor curta-metragem no Festival Internacional de Cinema de Rhode Island (Estados Unidos). Foi também considerado o melhor curta no National Board Review, nos EUA.

Milan observa que esses prêmios são importantes porque os festivais são a única vitrine de curtas-metragens, que não encontram espaço nas salas do circuito comercial de exibição.

“Quando você entra num festival desses, já é um grande passo, porque normalmente são curadorias muito boas. Quando você ganha o festival, aí é dez vezes melhor, porque gera burburinho, as pessoas começam a entrar em contato, querem assistir ao filme, ele desperta o interesse de produtores e distribuidores. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil é importante ter o apoio das pessoas que compõem o circuito de festivais”, destaca.

De acordo com ele, a trajetória de seu filme “mudou da água para o vinho” quando venceu o festival japonês que qualifica as produções para o Oscar. Foi, conforme diz, o impulso de que “Seiva bruta” precisava para chegar ao radar dos membros da Academia de Hollywood.

Milan considera que essa conquista se deve a todos os envolvidos na produção. “Você faz um curta com a ajuda das pessoas, um amigo faz o som direto, outro empresta um dinheiro, quer dizer, é uma rede de apoio. Então, o reconhecimento é gratificante, dá vontade de seguir em frente”, diz.

O diretor ressalta que “Seiva bruta” já desfruta de reconhecimento com os prêmios que acumula, mas pondera que o Oscar tem um significado especial, pelo alcance de sua audiência.

“O mundo inteiro manda filmes para o Oscar, é algo que chama a atenção em âmbito global. O ‘Seiva bruta’ mostra a força do cinema latino-americano. Apesar de ter sido feito por equipe brasileira, o elenco é quase inteiramente venezuelano, então diz respeito à força do cinema produzido no continente. É legal que o mundo se interesse em saber o que a gente está fazendo”, salienta.

AMAZÔNIA

Na trama, mulher venezuelana ajuda um casal de conterrâneos e seu bebê que entraram no Brasil com destino a Manaus. O título em português (em inglês, é “Under the heavens”) faz alusão ao fato de a protagonista Marta (Samantha Castillo), que deixou a filha na Venezuela, amamentar a criança do casal vivido por Jorge (Abilio Torres) e Alice (Brenda Moreno), diante da impossibilidade da mãe de fazê-lo.

Radicado há cinco anos nos Estados Unidos, onde cursa o mestrado em filmmaking na New York University Tisch School of the Arts, Gustavo Milan, também estudou na escola francesa de documentários Ateliers Varan, em Paris.

Ele aponta que a realidade da produção de curtas no Brasil não é muito diferente do que se observa no restante do mundo. “Estou um pouco distante do Brasil, então não conseguiria fazer uma análise mais específica desse cenário no país, mas percebo que a realidade do curta é a mesma no mundo inteiro. Ou seja, um ajudando o outro. Você arranja a locação com um amigo, consegue a adesão de um ator que se interessa pelo projeto e pode dar dimensão maior para o filme. É sempre um processo muito colaborativo”, destaca.

Independentemente do resultado que vai apontar os cinco finalistas ao Oscar, Milan acalenta alguns projetos para 2022. Está finalizando outro curta, filmado em Areias (SP), produção menor do que “Seiva bruta”, e planeja seu primeiro longa-metragem.

“Ele vai seguir mais ou menos o formato de road movie, como o ‘Seiva bruta’ também é um pouco. Dependendo do resultado do Oscar, podem surgir mais e melhores oportunidades para viabilizar esse projeto do longa”, conclui.

NA DISPUTA

“Seiva bruta”
“The criminals”
“Censor of dreams”
“Ala Kachuu – Take and run”
“Distances”
“Les grandes claques”
“The dress”
“Frimas”
“On my mind”
“Please hold”
“Tala’vision”
“You’re dead Helen”
“When the sun sets”
“Stenofonen”
“The long goodbye”

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