Em mais um ano marcado pelo assombro da covid-19, vários foram os artistas que se despediram de imensas legiões de fãs. Ativos na expressão de sentimentos, hábeis na capacidade de emocionar e marcantes pelo engajamento cultural, todos deixam saudades e lacunas irrecuperáveis.
Carreiras interrompidas
Em um ano ainda assombrado pela pandemia de covid-19, a morte de maior impacto da música brasileira ocorreu em razão de uma grande tragédia. Marília Mendonça, a rainha do feminejo, morreu, aos 26 anos, após o avião em que estava, cair em Piedade de Caratinga, no estado de Minas Gerais. Artistas como Caetano Veloso, Anitta e Emicida lamentaram a perda precoce dessa potência da música. No spotify, mais de 70 músicas de Mendonça entraram no top 100 mais ouvidas. Uma perda que parou o país. Outro infortúnio marcou maio foi a morte do funkeiro MC Kevin, que caiu da sacada de um hotel no Rio de Janeiro.
Humor inesgotável
Foram quase dois meses de batalha em hospital, mas, infectado pela covid-19, o niteroiense que fez o país sair do sério — o hilário Paulo Gustavo — sucumbiu à doença em maio, aos 42 anos. Símbolo de luta e de imbatível sucesso, Paulo Gustavo, com a parte 3 de Minha mãe é uma peça conquistou a segunda posição do ranking dos filmes nacionais mais prestigiados pelo público. "Dona Hermínia (personagem baseada na mãe dele, Déa Lúcia) é desejada porque é hilária, irreverente, extrovertida", comentou o humorista, certa vez, em entrevista ao Correio. Ele ainda sacramentou: "Rir é um ator de resistência".
Colecionador de sucessos
Aos 101 anos, o ator, humorista e dublador Orlando Drummond deu voz a personagens como Popeye, Alf e Scooby Doo. Foi em julho, por falência múltipla dos órgãos, que o ator, que interpretou Seu Peru, na Escolinha do Professor Raimundo, partiu.
Os gigantes
Companheiros presentes no estrondoso sucesso da minissérie O tempo e o vento (1985), Paulo José e Tarcísio Meira morreram em agosto. Paulo tinha 84 anos e se tornou famoso pelo seriado Shazan. Tarcísio se consagrou na novela Irmãos Coragem e interpretou uma galeria de papéis importantes na tevê.
Desbravadores
Luis Gustavo, eternizado com o humorístico Sai de baixo e com icônicos tipos nas novelas Ti-ti-ti (1985) e Beto Rockfeller (1968) foi uma das perdas mais notáveis da televisão. E também Eva Wilma, atriz de Alô doçura e Mulheres de Areia.
O último capítulo
Em Brasília, a autora de mais de 20 livros e professora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB), Lucília Garcez, morreu aos 71 anos. Além de escritora, ela era uma ativista cultural generosa e agregadora. Eternamente divertido
O samba chora
Três sambistas históricos também se foram em 2021. Nelson Sargento, lendário compositor, cantor, pesquisador da música popular brasileira, artista plástico, ator e escritor brasileiro, ligado à escola de samba da Mangueira, vítima da covid-19, aos 91 anos.
Operários da arte
Morto aos 89 anos, Jean-Claude Carrière foi das grandes perdas para o dito cinema de arte, depois de escrever 80 obras, entre livros e roteiros, e ter colaborado com Buñuel e Godard. Também foi uma perda sentida a do ator Dean Stockwell, sempre requisitado por grandes diretores do cinema.
Tristeza na cultura hip-hop
Três grandes perdas marcaram o ano do hip-hop internacional. O histórico Dj, beatboxer e dono de um humor inesquecível, Biz Markie, faleceu aos 57 anos. O rapper controverso, mas extremamente influente para geração do início dos anos 2000, DMX, morreu aos 50 anos.
Outras despedidas
Betrand Tavenier, cineasta, 79 anos
Charles Grodin, ator, 86 anos
Jessica Walter, atriz, 80 anos
João Acaiabe, ator, 76 anos
Marina Miranda, atriz, 90 anos
Mila Moreira, atriz, 75 anos
Michael Apted, cineasta, 79 anos
Michael K. Williams,ator, 54 anos
Mikis Theodorakis, compositor, 96 anos