João Pessoa - Como uma alegoria na peleja da proteção ao forró e às raízes nordestinas contra o dragão do descaso e do esquecimento, o pesquisador paraibano Everaldo Qurino da Silva se vestia de Lampeão durante a abertura do IV Encontro Nacional de Forrozeiros, iniciado nesta segunda-feira (14/12), em João Pessoa, e que vai ocorrer até o dia 18.
“Estamos nesse evento maravilhoso para reafirmar a importância do forró e suas matrizes para a cultura nordestina e brasileira. São delegações de 15 estados, e até um representante vindo do Japão, que vão celebrar o forró como patrimônio do Brasil e debater ações concretas de políticas públicas e econômicas para esse gênero musical, que envolve uma grande cadeia produtiva e de geração de emprego”, destaca Quirino, que é presidente do Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço (Gepec), ao lado da também estudiosa Célia Maria “Bonita”. O casal fazia coreografias no Teatro Paulo Pontes, localizado no Espaço Cultural da capital paraibana.
O tradicional encontro é coordenado por Joana Alves, representante da associação cultural Balaio Nordeste. Ela descreveu o evento deste ano como um importante espaço de diálogo entre o movimento social e governo da Paraíba para valorizar e desenvolver o setor ligado ao forró. “É um momento de articulação entre os forrozeiros”, principalmente depois do registro do forró como patrimônio imaterial junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A edição deste ano homenageia o cantor Genival Lacerda, mais uma vítima da covid-19.
Segundo a Enciclopédia da Música Brasileira, o forró tem raízes africanas, porém, foi no Nordeste do país, que se solidificou o gênero musical. Expressão bastante difundida por Luiz Gonzaga, é tradicionalmente tocado em trio - por um zabumbeiro, um sanfoneiro e um tocador de triângulo - com sonoridades voltadas ao xote, xaxado e baião enquanto ritmo e poesia.
Entre os temas que serão discutidos estão ações para salvaguarda das matrizes tradicionais do forró e discussões contemporâneas sobre a profissionalização da dança do forró, além de oficinas ligadas ao cordel e um debate sobre os 10 anos de mobilização para o registro das matrizes tradicionais do forró, além de apresentações e shows.
O repórter viajou a convite do evento e da PBTur