Música

Dia Nacional do Samba é comemorado com show na Rodoviária do Plano Piloto

Entre as atrações da apresentação comemorativa estão Cris Pereira, Kris Maciel, Carol Nogueira, Teresa Lopes, Rosemaria, 7naRoda e Milsinho, entre outros

Expressão artística de grande popularidade no país, o samba, segundo historiadores, se originou dos batuques trazidos por africanos que vieram como escravos para o Brasil. O primeiro exemplo desse gênero musical tipicamente brasileiro é atribuído a Pelo telefone, que surgiu em reuniões na casa de Tia Ciata, na região central do Rio de Janeiro, na primeira metade do 20, das quais paticipavam, entre outros, os pioneiros Donga, João da Baiana e Sinhô, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres -- todos negros,

O samba caiu no gosto da classe média a partir da década de 1930, após o surgimento de compositores como Noel Rosa, Ismael Silva, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Ary Barroso e Cartola. E isso se deveu, em grande parte, às emissoras de rádio que tinham a música como maior atração, criando inclusive programas de auditório, responsáveis pelo surgimento de estrelas como Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Cauby Peixoto, Jorge Goulart, Nelson Gonçalves e OrlandoSilva.

A Brasília o samba chegou trazido por servidores públicos cariocas nos primórdios da nova capital do país. Boa parte deles se instalaram no Setor Residencial Econômico Sul, conhecido inicialmente como Gavião que depois passou a ser chamado de Cruzeiro. Ali, em 21 de outubro de 1961 foi fundada a Aruc -- Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro, que recentemente comemorou 60 anos, mantendo-se como um dos pólos desse gênero musical, registrado na Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.

Lei n° 554, de 27 de julho de 1964, do antigo Estado da Guanabara, instituiu o Dia Nacional do Samba, que passou a ser comemorado em 2 de dezembro. A data, escolhida em homenagem a Ary Barroso, autor de Aquarela do Brasil — tomado como representante dos outros sambistas -- é celebrada em várias partes do Brasil, inclusive Brasília, onde ocorre a Plataformado Samba. Amanhã, a partir das 16h, o evento vai ser realizado pela 15ª vez, na parte inferior da Estação Rodoviária, no centro da cidade.

Referências do samba brasiliense como as cantoras Cris Pereira, Kris Maciel, Carol Nogueira, Teresa Lopes, Rosemaria, os cantores Milsinho e Khalil Santarém, o grupo 7naRoda e os coletivos Mulheres de Samba e Samba na Comunidade estão entre os destaques da grande roda de samba que tem a Onã Produções e a Paó Comunicação como parceiras, e apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Nesta edição, as grandes homenageadas são Leci Brandão, cantora e compositora carioca, radicada em São Paulo; e Edenia Lucas de Paiva, compositora nascida no Rio de Janeiro, moradora de Ceilândia desde a década de 1980.

"A Plataforma do Samba deve ser vista como um ato de resistência num período em que a cultura brasileira vive tempos de muita dificuldade, em parte pelo desprezo de órgãos governamentais. Com esta grande roda de samba, cheios de alegria, vamos celebrar o gênero musical que, artisticamente, é uma espécie de identidade nacional", destaca Cris Pereira, uma das idealizadoras e produtoras do evento."Iremos homenagear duas mulheres que têm dado importante contribuição ao samba, a mangueirense Leci Brandão e a também carioca e compositora Tia Dênia, radicada em Ceilândia há vários anos", complementa.

Na avaliação de Breno Alves, vocalista, pandeirista e um dos criadores do grupo 7naRoda, a retomada da Plataforma do Samba, depois da interrupção, no ano passado, determinada pela pandemia covid-19, é relevante por voltar a reunir os sambistas brasilienses. "Esta é uma roda totalmente democrática, em que cantores, compositores e instrumentistas de todas as regiões do Distrito Federal poderão tomar parte,harmoniosamente.Há espaço para todos, é só chegar", ressalta.

Carlos Elias

Cantor e compositor de 83 anos, mineiro, ex-integrante da Ala de Compositores da Portela, em Brasília desde a década de 1980, quando criou o Clube do Samba no Teatro Galpão. Tem músicas gravadas por Paulinho da Viola, Beth Carvalho e grupo 7naRoda(ex-Adora Roda). Lançou o DVD Estou de bem com a vida, produzido por LeandroBraga.

Tia Edenia

Carioca do subúrbio de Pilares, com 56 anos de idade e compositora desde a adolescência. Tia Edêniaé moradora de Ceilândia desde a década de 1970, foi gravada por Milsinho e pelo grupo Amor Maior, além de ser autora de sambas-enredo da escola Capela Imperial. Ela é uma das homenageadas na 15ª edição da Plataforma do Samba, amanhã, na Estação Rodoviária.

Marcelo Senna

Um dos fundadores e líder do Coisa Nossa, o grupo de samba com mais tempo de atividade em Brasília. ocantor e pandeirista Marcelo Senna tem marcadopresença em projetos e eventos no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades brasileiras. Já se apresentou ao lado de destacados sambistas de diferentes gerações, de Jorge Aragão e João Cavalcanti.

Dhi Ribeiro

Nascida em Nilópolis (RJ), Dji Ribeiro iniciou a carreira em Salvador e está radicadana cidade desde o começo da década de 1990. Aqui, onde lançou os CDs Manual da mulher eLeme da liberdade, é uma das cantoras mais requisitadas para shows em casas noturnas, festas e eventos corporativos.Desenvolve o projeto Festa Preta.

Milsinho

Ex-integrante do grupo Amor Maior e do Fundo de Quintal, Milsinho tem 33 anos de samba e 12 de carreira solo, é um dos destaques da cena do samba na capital. Uma das atrações da Plataforma do Samba, em comemoração ao Dia Nacional do Samba, ele tem um CD e um DVD lançados.

Cris Pereira

Uma das criadoras do projeto Plataforma do Samba, integrante dos coletivos Mulheres de Samba e Nós Negras, ao lado de Renata Jambeiro, Chris Maciel, Teresa Lopes e Kiki Oliveira. A cantora e compositora Cris Pereira tem se destacado pela liderança que exerce na cena musical brasiliense. Em 15 anos de carreira, lançou um álbum e tem outro gravado.

Breno Alves

Sambista desde a adolescência, Breno Alves éum dos cantores e instrumentistas mais atuante no cenário do samba em Brasília. Vocalista e pandeirista do 7naRoda, com o qual lançou dois discos e fez apresentações em bares da Lapa e na sede da Portela, em Madureira (RJ). Em carreira solo tem dois discos lançados.

Renata Jambeiro

Outra cantora e compositora ativa participação no samba brasiliense, Renata Jambeiro, com quatro CDs e um DVD lançados, é responsável também pela criação de projetos. Num deles, trouxe à cidade a grande dama do samba Dona Ivone Lara. Já levou seu trabalho para casas noturna do Rio de Janeiro e São Paulo.

 

Alan Shvarsberg/Divulgação - O projeto Plataforma do Samba proporciona um momento de celebração na Rodoviária
Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press - 28/01/2016. Crédito: Jhonatan Vieira/Esp.CB/D.A. Press. Brasil. Brasilia - DF. Influencia do Carnaval. Perfil do sambista Carlos Elias.
Thiago Sarandy/Divulgação - Dhi Ribeiro: " Ainda estou relutante. Há muito ainda para se pensar. Mas, particularmente, acho que é necessário que a cadeia produtiva possa voltar a funcionar. Tudo com o maior cuidado"
Arquivo Pessoal - Crédito: Arquivo Pessoal. Cantor Milsinho com seu cavaquinho.
Divulgação - Cris Pereira (Mulheres de Samba)
Jhon Henrique/Divulgação - 2021. Crédito: Jhon Henrique/Divulgação. Cultura. O sambista Breno Alves.
AlexPires/Divulgação - 2019. Créditos: Alex Pires/Divulgação. Cultura. Cantora brasiliense Renata Jambeiro.
Divulgação - 30/11/2021-Credito:Divulgação Tia Edenia é uma das grandes matriarcas do samba do Distrito Federal e autora