Elba Ramalho e Raimundo Fagner gravaram discos e dividiram o palco com Luiz Gonzaga, a quem sempre tiveram como uma das principais referências. Artistas da mesma geração e de muitas afinidades, a cantora paraibana e o cantor e compositor cearense, em 50 anos de carreira, nunca haviam se juntado em algum trabalho. Esse encontro, porém, ocorreu, recentemente, quando os dois se reuniram num projeto em que prestam tributo ao eterno rei do baião.
Acaba de chegar às plataformas digitais o álbum Festa, com o qual Elba e Fagner além de reverenciar Gonzagão, celebram a decisão do Iphan de declarar o forró como patrimônio imaterial do país. Com direção artística do multi-instrumentista Zé Américo, profundo conhecedor do universo musical nordestino, o disco de 12 faixas traz composições que ganharam registro na voz do homenageado — embora nem todas sejam de autoria dele. O álbum marca também o lançamento do selo Bonus Track, braço fonográfico da empresa de entretenimento comandada pelo empresário Luiz Oscar Niemeyer.
Quando Elba surgiu artisticamente, no começo dos anos 1970, como participante do espetáculo A feira, protagonizado pelo grupo pernambucano Quinteto Violado, o repertório de Gonzaga já lhe era familiar. Fagner, que se projetou nacionalmente, no início da mesma década, após vencer um festival em Brasília, tomou conhecimento da obra do autor de Asa Branca, ainda na infância, em Fortaleza. Já com a carreira consolidada, ambos se aproximaram do artista que se tornou símbolo da música do Nordeste.
O cantor, nascido em Orós, no interior do Ceará, gravou LPs com Luiz Gonzaga em 1984 e 1988 e fez alguns shows com o ídolo; enquanto a cantora originária de Campina Grande lançou os CDs Elba canta Luiz (2002) e Cordas, Gonzaga e Afins (2015). O fato de eles terem conhecimento do vasto acervo do mestre, em vez de facilitar a seleção das 13 canções que deram formato ao Festa, acabou sendo algo difícil. Por isso, precisaram contar com o auxílio de Zé Américo.
Para compor o repertório foram escolhidos clássicos como Danado de bom (Luiz Gonzaga e João Silva), Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Vem morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), O cheiro da Carolina (Luiz Gonzaga e Amorim Roxo) e Baião da Penha (Guio de Moraes e David Nasser). Mas há também composições menos conhecidas — mesmo sendo importantes — entre as quais Forró nº 1 (Cecéu), Sanfona sentida (Dominguinhos e Anastácia), Facilita (Luiz Ramalho) e a faixa que dá título ao disco, composta por Gonzaguinha.
Gravado nos estúdio Luni Áudio (Recife) e Gigante de Pedra (Rio de Janeiro), o álbum foi masterizado no Zap Studio, contou com a participação de músicos como Zé Américo (teclados e arranjos), Mestrinho (acordeon), Tostão Queiroga (bateria), Marcelo Martins (flauta, piccolo e pife), Fernando Fofão (baixo), Zapa Souza (guitarra) e Durval (percussão).
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