Ambientado no interior da Inglaterra, numa época em que a sobrevivência se tornou um enorme desafio, A última noite traz um casal interpretado por Keira Knightley e Matthew Goode à beira de crise conjugal. Ainda assim, ambos optam por oferecer uma recepção para muitos convidados — fator que pode agravar os problemas de ambos.
Uma problemática bem menos realista habita o longa Annette, estrelado por Adam Driver e Marion Cotillard (foto). Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, o filme é comandado por Leos Carax. Numa Los Angeles contemporânea, Henry e Ann, ambos vindos do ramo do entretenimento, se surpreendem com potenciais inesperados da filha que se mostra uma sumidade, aos dois anos de idade. Marion Cotillard está candidata ao Globo de Ouro de melhor atriz em drama ou musical, pelo filme.
Ainda na temática das desavenças de namoro ou casamento, o longa alemão Undine também ganha projeção. Uma mulher se afunda em questões relacionadas ao coração. Confira a crítica.
Crítica / Undine **
Ondine — uma mítica ninfa aquática que rendeu a criação de A pequena sereia, pela fértil imaginação de Hans Christian Anderson — já aportou nos cinemas, há 12 anos, num filme com Colin Farrell dirigido por Neil Jordan. Tendo caído na rede do pescador interpretado por Farrell, Ondine era uma extensão da natureza que inspirava a enorme paixão daquele homem. Agora, em nova adaptação para as telas, comandada pelo diretor Christian Petzold, Ondina (como foi descrita na literatura de Camões) ganha a nomenclatura de Undine, mesmo nome da produção que deu visibilidade internacional para a atriz Paula Beer.
Na trama, Undine é nitidamente um ser deslocado na Terra. O que pareceria um caso de mulher que ama, assustadoramente, demais — já que na primeira cena, ela ameaça matar Johannes (Jacob Matschenz), caso ele a deixe — não se confirma. Historiadora, que reconta em palestras mecânicas, todas as reformulações arquitetônicas de Berlim, Undine revela um encantamento e um entrosamento gritante, quando mergulha nas águas de arredores da urbe.
A ligação proposta no roteiro também assinado por Petzold dá conta de que Undine se apresente como uma espécie de elemento obsessor. Ao suprimir muitas bases da realidade, o cineasta se afasta de universos que o consagraram, como o longa Barbara, que lhe rendeu o Urso de Prata de melhor diretor, Phoenix, detido na temática do Holocausto e Em trânsito, rendido à troca de identidades durante um período fascista.
Enquanto em Yella (2007), a premiada atriz Nina Hoss se aventurava na trama de uma mulher perseguida do marido, em Undine, a protagonista parece algoz. Quem parece sofrer um tanto nas mãos dela é o mergulhador Christoph (Franz Rogowski), a quem ela confunde pela fusão nas águas. Entre pequenos mistérios acomodados no enredo, um outro, presente na vida real é que surpreende: por que Paula Beer conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim? (RD)
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