cinema

Nova versão de 'Amor, sublime amor' chega às telas com produção requintada

Na narrativa, há acréscimo de uma camada moderna, pela entrada em cena de um revólver, num contexto em que, antes, os moleques estavam armados com canivetes

Ricardo Daehn
postado em 11/12/2021 06:00
Ariana DeBose e David Alvarez em musical 'Amor, sublime amor' -  (crédito: Niko Tavernise/ Disney)
Ariana DeBose e David Alvarez em musical 'Amor, sublime amor' - (crédito: Niko Tavernise/ Disney)

Remexer em um clássico como Amor, sublime amor (1961), vencedor de dez prêmios Oscar, não acusa panorama mais óbvio para um diretor da estatura de Steven Spielberg. No mesmo ano em que despontou no cinema o colorido e a festividade do musical Em um bairro de Nova York, a mesma cidade acomoda as cores fortes de Amor, sublime amor, no passado, dirigido pelos sessentistas Robert Wise e Jerome Robbins.

Marginais, arruaceiros e imigrantes se encontram nas ruas do filme que tem ação dimensionada pelo roteirista Tony Kushner (a partir de obra de Arthur Laurents). Facções juvenis chamadas Sharks e Jets formatam verdadeiras irmandades que digladiam num cenário de reurbanização norte-americana em que a integração de imigrantes soa à extrema quimera. Os herdeiros diretos do Tio Sam se dão ao direito de massacrar até mesmo bandeira de pátria estrangeira. Uma questão de território lateja nos embates entre os autoproclamados maiorais ianques.

O foco do longa está particularmente concentrado no amor impossível experimentado pelos jovens Maria (Rachel Zegler) e Tony (Ansel Elgort). A problemática em muito decorre das origens porto-riquenhas de Maria, controlada pelo irmão Bernardo (David Alvarez). Anita (Ariana DeBose), a esposa do boxeador Bernardo, é o furacão que apara arestas entre os irmãos. A estranha dança inicial, que aproxima Tony e Maria, desde já, reclama a chancela de icônica. Sem traquejo pleno de cantor, Ansel Elgort injeta muita emoção em suas cenas de cantoria.

No novo filme, como esperado, clássicos de autoria da dupla Leonard Bernstein e Stephen Sondheim roubam a cena, quando a tela se enche com as notas de Maria, Somewhere, America e Gee, Officer Krupke. Quatro vezes indicado para o Oscar, e duas vezes vencedor (com filmes bélicos de Spielberg), o diretor de fotografia Janusz Kaminski é um dos que abrilhantam a qualidade técnica do novo Amor, sublime amor.

Nada soterra o campo de criatividade empregado nos anos de 1960, mas é impossível omitir o requinte das imagens no filme. Na narrativa, há acréscimo de uma camada moderna, pela entrada em cena de um revólver, num contexto em que, antes, os moleques estavam armados com canivetes. Um clima operístico, pouco a pouco, se instala no longa que adquire proporções monumentais, tanto cênicas quanto no modo como dispõe complexas coreografias.

Na filmografia de Spielberg, o novo filme pende para as produções classudas, aos moldes de Prenda-me se for capaz e As aventuras de Tintim. No elenco, além de Mike Faist (que encara o enraivecido Riff), Rita Moreno (vencedora do Oscar de coadjuvante, pelo filme de 1961) volta à cena, agora na pele da sábia Valentina, que luta contra violência destinada a mulheres e intensifica o brilho de Ariana DeBose, quando ambas contracenam.

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