Há milhões em jogo no enredo de King Richard: Criando campeãs, que relata as bases esportivas para as carreiras vitoriosas das irmãs Venus (Saniyya Sidney) e Serena (Demi Singleton), furacões de talentos do tênis que fizeram história em circuitos como Roland Garros e Wimbledon. O longa parte das quadras de elitizadas disputas do esporte em clubes frequentados por brancos até chegar ao cotidiano suburbano de uma esforçada família norte-americana.
Praticamente administrada por Richard Williams (Will Smith), dado o tino comercial que ele possui, uma família se destacou na vizinhança de Compton (Califórnia), por conta da criação recebida pelas cinco filhas em que desponta ainda a maternal presença de Oracene (Aunjanue Ellis).
"Ele (no caso, Richard) é louco" e está "exigindo demais delas (das filhas)" eram comentários corriqueiros em referência ao patriarca do clã Williams, nos fins dos anos de 1980. Descarrilado dos caminhos naturais e rentáveis — que indicavam a rota dos torneios juvenis, para uma possível consagração das filhas nos esportes —, Richard optou por uma empreitada bastante protetora, em que, incansavelmente, entre longos expedientes no serviço de segurança em comércio, deu o melhor de si, como treinador amador da dupla de talentos.
Técnico de rédeas curtas, mas que propicia um ambiente familiar extremamente saudável, Richard defende que "Quem dorme só consegue sonhar". Na luta incansável de transformar as meninas prodígios em profissionais, o personagem passa por arrogante e controverso. Não deixa de ser, quando, com humor inesperado, se arroga o direito de fazer piada com o movimento da racista Ku Klux Klan ou ao assumir as estratégias de marketing e propaganda, que renderam dividendos como contrato de US$ 12 milhões para uma das adolescentes, aos 15 anos.
Uma composição convincente, com direito a sotaque diferenciado, alinha a mais nova interpretação ao visionário empresário Chris Gardner, protagonista de À procura da felicidade (2006). Ao som de um clássico country de Kenny Rogers, The gambler, conduzida por um trailer, a esforçada e unida família Williams tem uma das cenas mais emotivas do longa-metragem assinado por Reinaldo Marcus Green.
O roteirista Zach Baylin (escalado para responder por Creed III) constrói um painel de pressão e de confiança capaz de gerar um interesse admirável, em King Richard: Criando campeãs. Na tela, Serena e Venus desfilam com intérpretes de expoentes do tênis como Pete Sampras, John McEnroe, Arantxa Sánchez Vicario, Jennifer Capriati e Vic Braden. Um grande mérito está na dinâmica das quadras de tênis que espelha bem a exigência de concentração entre oponentes.
Em comunhão com as atitudes de espírito esportivo encorajadas por Richard, a civilidade é a chave (ao lado do tremendo esforço físico, claro) para o sucesso das irmãs tenistas.
Encorajado por alguns a treinar basquete (num claro preconceito), Richard busca ter as filhas educadas, com humildade e "sem ódio no coração". Desafiando a polícia, assistentes sociais e vizinhos maledicentes, o pai, na base da informalidade, desvia as filhas de serem "guetorellas", "as Cinderellas de gueto", como ele define. Na luta por ver as talentosas crianças empenhadas nos estudos, mas moldadas na maestria, a exemplo de violinistas, Richard, com perseverança e didatismo, chega longe com as filhas espremidas numa kombi: num dos menores feitos, elas ladeiam, num evento, a ex-primeira dama dos Estados Unidos Nancy Reagan.
Outras atrações
A mão de Deus
Vencedor do Oscar de melhor filme internacional, com A grande beleza, o diretor italiano Paolo Sorrentino, no mais recente filme, retrabalha um drama pessoal. Fabietto (Fillipo Scotti) é um menino que cresce na Nápoles dos anos de 1980, quando, a partir da visita do jogador Maradona, desvia de uma grande tragédia familiar.
Que mal eu fiz a Deus, 2
Na comédia de Philippe de Chauveron, um casal fica completamente enlouquecido com a possibilidade de partida dos quatro genros que, possivelmente, levarão todos os parentes juntos, em novas jornadas de desafios profissionais.
Vigaristas em Hollywood
Com direção de George Gallo, o filme reúne Robert De Niro e Tommy Lee Jones no elenco. Em dívida com a máfia, um fracassado produtor de cinema tenta aplicar golpes, com a finalidade de desviar o montante do seguro reservado a um ator igualmente decadente.
Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City
Neste sombrio filme, o cineasta Johannes Roberts retrata uma cidade decadente que enfrenta terríveis perigos e desafios, especialmente à noite.
Selvagem
Filme conduzido por Diego da Costa e com Lucélia Santos no elenco. Na trama, uma aluna mede as consequências de poder influenciar na transformação de uma escola ocupada pelos engajados colegas.
Clifford — O gigante cão vermelho
Baseado em série de livros de Norman Bridwell, o filme mostra a jovem Emily (Darby Camp) e o tio dela envolvidos na criação de um exótico cão de três metros, que foi entregue pelo criador de animais interpretado pelo veterano John Cleese. Direção de Walt Becker.
Missão Resgate
Diante de uma equipe de mineradores soterrados no Canadá, o motorista Mike (Liam Neeson) é destacado para prestar auxílio. Dirigido por Jonathan Hensleigh, o longa tem Laurence Fishburne no elenco.
Um conto de amor e desejo
Estrelado por Sami Outalbali, o segundo filme da tunisiana Leyla Bouzid coloca o astro na pele do argelino Ahmed que, a partir do contato com a literatura árabe, aumenta a carga sensual junto à colega de universidade vinda da Tunísia, Farah. Exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes, o longa será atração no Festival Varilux de Cinema Francês. Sessões, nesta quinta-feira (2/12), às 16h15, no Cine Cultura Liberty Mall, e, no Espaço Itáu de Cinema, às 16h55. Na sexta-feira (3/12), às 18h45, no cinema do Pier 21.
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