Brasília, conhecida nacionalmente por ter uma cena cultural ativa muito ligada ao pop e ao rock, vai muito além. Esconde nas entrequadras de suas asas, bares, lojas, galerias e diferentes espaços culturais de tribos diversas. Lugares que oferecem variadas opções, desde exposições, cursos de manuseio com argila, até pintura em telas e estúdios de tatuagem. É o caso do Studiozin Criativo, que fica na Asa Norte.
"A ideia é que seja um espaço seguro para qualquer pessoa disposta a criar. O Studiozin veio com a missão de mostrar a importância da arte na educação", afirma a artista plástica e idealizadora do projeto, Duda Crisóstomo. O espaço, que comemorou primeiro ano de existência em outubro, proporciona ao público uma imersão em vários aspectos do universo cultural. Recebe eventos como exposições, lançamento de livros, shows e oficinas.
Outro local multicultural no Plano Piloto é o Infinu Comunidade Criativa. A proposta do espaço de funcionar como galeria, que oferece também uma variedade de opções e serviços, veio da inspiração de outras cidades mais tradicionais que já conhecem o formato.
A crescente adesão das pessoas, que enxergam nesses espaços a possibilidade de descobrir e explorar novas estruturas artísticas, evidencia a disposição dos consumidores em se fazerem, de fato, presentes na vida cultural da cidade. Essa é uma das potencialidades apontadas por Miguel Galvão, um dos sócios idealizadores do Infinu. "O público brasiliense está cada vez mais aberto ao vínculo que tem com a cidade, gosta de qualidade e entende que pode ser parte do desenvolvimento estético dela."
É fato que a imersão cultural do público em Brasília tem se tornado cada vez mais ativa, entretanto nem todos os aspectos são vantajosos para os empreendedores. "O custo de vitrine para se operar no Plano Piloto é muito alto, tornando as operações muito intensivas em investimento, o que dificulta o acesso ao mercado, sobretudo a quem está começando", relata Miguel.
Outra dificuldade é a falta de estruturas físicas e de pessoal para colaborar com os projetos. "Faltam museus, coleção e incentivo público, além de uma maior integração entre os espaços culturais com universidades e centros de ensino superior", destaca Oto Reifschneider, pesquisador, colecionador e dono da Oto Galeria.
Apesar dessas barreiras, a galeria, que já expôs no Museu Nacional, na Caixa Cultural e até mesmo na Universidade de Brasília (UnB), está em expansão. O projeto contará com um novo espaço expositivo, além de seu acervo permanente, que oferece ao público obras de arte datadas desde 1930 até 1970, como gravuras, desenhos e esculturas.
O enriquecimento que a atividade cultural proporciona encanta diversos tipos de público. "Nós temos a alegria de observar muitas pessoas de gerações diferentes consumindo arte e outros produtos. A gente percebe que a galera é muito aberta. O pessoal costuma ter algumas preferências, mas eles acreditam em nós para podermos apresentar as novidades", relata Paulo Stefanini, um dos sócios idealizadores do empório Imagina Juntos na Asa Norte.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira