Com a chegada do Dia da Consciência Negra deste ano, comemorado em 20 de novembro, os brasileiros têm uma importante chance de refletir e aprender um pouco mais sobre a data. Produções culturais recentes podem ajudar a ilustrar melhor o tema e levantar o debate sobre o racismo na sociedade em diferentes formatos. Levantamos então uma lista com livros, filmes e séries que abordam o preconceito racial e a cultura negra e valem a pena serem lidos e vistos.
"A cultura é um mecanismo fundamental para abrir mentes, coração, e passar toda nossa história e ancestralidade. E hoje tem muitas formas de fazer isso, seja pelas redes sociais, ou os diversos meios de streaming”, explica ao Correio Geovanny Silva, coordenador do Movimento Negro Unificado do Distrito Federal.
O especialista lembra que a data (implementada pela lei nº 12 519, de 10 de novembro de 2011) remete à morte de Zumbi dos Palmares, um homem negro que nasceu livre ainda em 1655, mas que foi escravizado aos seis anos de idade e lutou pelo fim da escravidão no Brasil — que só ocorreu em 13 de maio de 1888.
“Este 13 de maio (de 1888) é um dia simbólico sim, mas não no sentido de felicidade ou comemoração. Digo isso, porque no dia seguinte os negros deste país não tinham para onde ir ou o que fazer. Tivemos um processo muito forte de descriminação ao longo da história. Então vendo esse formato da data, o movimento começa a propagar o dia 20 de novembro, com a morte de Zumbi dos Palmares, como uma forma de mostrar uma história de luta, por mais direitos, para simbolizar de fato toda a história e cultura negra ser muito rica”, diz Silva.
Confira a nossa seleção aqui:
Nó na garganta, de Mirna Pinsky (livro)
Em 2019, a paulista Mirna Pinsky apresentou o trabalho Nó na garganta, que explora uma perspectiva especialmente cruel do racismo: o sofrido por uma criança. Nas páginas da obra, o público conhece Tânia, uma garota de 10 anos, que está descobrindo a vida em uma nova cidade. Como se todas as angústias da pré-adolescência não fossem o suficiente, Tânia começa a entender como a sociedade lhe impugna valores por conta da cor de sua pele e, especialmente, aprende a lutar contra este preconceito.
Swagger (série)
A produção é a mais recente estreia da Apple TV+. O streaming que ainda não tem grande destaque no país é o responsável por excelentes produções, e a bola de vez é Swagger. Na história, o público acompanha Jace, um garoto negro de 14 anos que sonha em jogar basquete profissionalmente. Além dos desafios das competições em quadra, o jovem precisa ainda lidar com situações como abordagem policiais injustificadas e um olhar de desafio que, provavelmente, não seria direcionado a outros garotos brancos.
The hate U give — O ódio que você semeia (livro)
Quando a jovem Starr presenciou o assassinato do melhor amigo, um jovem negro, por um policial branco, um verdadeiro pesadelo tomou conta de sua vida. Contra extremas pressões e munida de um força sobre humana, a garota de apenas 16 anos luta contra quase todos para dar justiça (e honrar) o grande amigo. Vale lembrar que o livro teve uma adaptação para os cinemas — e você pode comprar no Google Play.
Pantera negra (filme)
A produção da Marvel de 2018 fez um verdadeiro ode ao protagonismo negro em superproduções de heróis e, com isso, importantes mensagens foram resignificadas: como a evolução tecnológia de países africanos, assim como a relação entre comunidades negras. Para assistir, basta assinar o Disney+.
Dear white people — Cara gente branca (série)
Disponível no streaming da Netflix, a série também se volta para uma perspectiva mais jovens (neste caso de estudantes universitários) em busca de debater o racismo. Nesta produção, o público acompanha um grupo de estudantes negros em uma grande “Ivy League” (ou universidade de elite) norte-americana lutando contra o preconceito de uma maioria branca esmagadora. Com pitadas de comédia, o enredo de Dear white people é uma daquelas séries que te fazem refletir sobre uma dura realidade.
Infiltrado na klan (filme)
A produção de Spike Lee de 2018 conta uma história incomum, mas genial: como um policial negro conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan (movimento de supremacia branca), ainda em 1978, e frustrou crimes de ódio nos Estados Unidos. Além de toda a ação, o filme apresenta uma reflexão coesa sobre a (imperfeita) relação da população negra com a democracia do país. O longa está disponível na Netflix e você também pode alugar pelo Prime Video.