Crítica // Noite passada em Soho ##
Depois do longa Bela vingança, com excelente roteiro, e do intrigante O homem invisível, que também abordava a decadência dos predadores sexuais, chegou a vez do diretor Edgar Wright dos cultuados longas Em ritmo de fuga e Scott Pilgrim contra o mundo investir no tema. A solidão de Eloise é bem narrada e crível, com um quê de O fabuloso destino de Amélie Poulain, até que Wright derrapa e descamba para o registro de uma ópera descontrolada de terror psicológico com contorno pop.
Em pesadelos, e na ousadia narrativa, há visões do passado, que nutrem crises mentais de Eloise. Ela passa a dividir o protagonismo com Sandie — a talentosa Anya Taylor-Joy —, exuberante nas pistas de dança dos anos 60, até se ver "jogada na sarjeta", ao seguir um esquema de "agradar aos homens", a fim de seguir uma carreira artística, numa era em que reinaram Cilla Black e Dusty Springfield. No papel de Jack, Matt Smith representa o mal para a personagem da talentosa Anya, que, em cena, arrasa cantando Downtown.
Seguindo uma vertente similar à do roteiro de Yesterday — de Danny Boyle —, Noite passada em Soho traz muito apoio na excelência da trilha sonora. O desespero patológico de Eloise, ao testemunhar a exploração de Sandie, esbarra no grotesco, inclusive gráfico. Consumida pela convivência por inimigos sem rosto — os abusadores — ela e o filme se perdem.
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