Após 42 versões e um ano e meio de espera, a banda Fresno lançou seu nono álbum de estúdio, Vou ter que me virar. Ao longo de 11 faixas, a banda mostra a grande versatilidade musical, passando pelo rock, pop e até batidas eletrônicas, acompanhados por grandes nomes da música nacional e internacional, como Lulu Santos.
“O lançamento desse álbum começou no dia em que a gente soltou a primeira foto da banda como um trio”, revela o vocalista Lucas Silveira em entrevista ao Correio. A divulgação da nova formação da banda ocorreu em agosto, junto com o anúncio da saída do tecladista Mario Camelo. Segundo comunicado publicado nas redes sociais da banda, Camelo decidiu sair do grupo para “seguir seu caminho”.
Uma semana após a saída, a Fresno deu início ao projeto INVentário, em que o grupo disponibilizou na internet, durante o período de um mês, 20 faixas inéditas. Além do intuito de “se livrarem” das músicas acumuladas, os artistas utilizaram o lançamento como estratégia de divulgação de Vou ter que me virar, mesmo antes do anúncio do álbum. “A gente percebeu que precisava angariar o nosso público de novo, que estava por aí ouvindo várias coisas, e o INVentário serviu para isso. São músicas que mexem com vários públicos diferentes. Tinham músicas pesadas, baladas, regravações, colaborações muito doidas e tudo isso foi pensado para ter mais pessoas ouvindo Fresno naquele momento”, explica Silveira.
“Hoje em dia a gente percebe que, quando um álbum sai, principalmente nesse período sem shows durante a pandemia, as pessoas ouvem e depois param de ouvir, já voltam com as músicas antigas. Os discos estão tendo muita pouca vida útil”, completa.
Apesar de se tratarem de projetos diferentes, algumas faixas que fazem parte do INVentário, como 6h34 (Se liga guria), Eles odeiam gente como nós e Agora deixa, também estão na tracklist do álbum Vou ter que me virar. As músicas entraram no disco para substituir EVA, Deus ex machina e Broken dreams, singles lançados pela Fresno no início de 2020, quando o grupo se preparava para lançar um novo disco, plano que foi adiado devido à pandemia. “Elas já tinham sido lançadas há bastante tempo e estavam ficando velhas para o momento atual da banda”, pontua o guitarrista Gustavo Mantovani, mais conhecido como Vavo. “A gente acabou pegando as músicas que a gente achava que mais se encaixavam no álbum novo para dar essa repaginada de última hora, há um, dois meses atrás”, compartilha.
Com um tom mais esperançoso, o novo álbum vem como contraponto do antecessor Sua alegria foi cancelada, um trabalho mais pessimista. “Eu acho que o lance esperançoso do álbum está em entrelinhas. Ele não é feliz, não é uma coisa 100% alegre. É algo que fica em uma nuance meio louca assim, porque ele é um pouco triste também. É como uma luz no fim do túnel”, analisa o baterista Thiago Guerra. No meio de um mix de músicas mais otimistas, faixas como Essa coisa (Acorda - trabalha - repete - mantém) dão espaço à descrença e ao derrotismo. “Até o que eu amo não mais me entretém / Meu coração se decompôs”, canta Lucas Silveira na música.
"Às vezes, a gente não consegue falar de maneira positiva ou feliz sem entender que a nossa vida é cheia de momentos que não são assim”, afirma Silveira. “Tem uma esperança ali, mas o jeito que a gente fala sobre as coisas sempre será através da melancolia. É difícil perder isso no nosso som e eu acho que, se perdesse, até perderia um pouco da nossa essência”, complementa.
Por sua vez, entre as faixas mais vibrantes do álbum, destaca-se Já faz tanto tempo, parceria com o cantor Lulu Santos. “É uma presença de peso”, aponta Guerra sobre a gravação com o artista. “A gente é meio que movido a realizar esse tipo de conquista, de ficar ‘Nossa, olha ali, o cara está na nossa música’, então isso meio que vira um troféu. Ele é o reizinho do pop para nós e para todo mundo”, vibra Silveira.
Além da ilustre presença nacional, o álbum ainda conta com importantes parcerias internacionais. Na música Tell me lover, que se divide entre trechos em língua portuguesa e inglesa, a Fresno compartilha os holofotes com o músico Alejandro Aranda, conhecido pelo projeto solo Scarypoolparty, e com a instrumentista Yvette Young, que, para Lucas Silveira, é a maior guitarrista do mundo atualmente. "Às vezes a gente fica pensando ‘Olha as pessoas que levam a gente a sério e cantam com a gente’, porque a gente ainda tem um sentimento de sermos só uns caras do colégio”, finaliza o vocalista.
*Sob a supervisão de José Carlos Vieira
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