O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue trabalhando para checar o que levou o avião que transportava a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas até Caratinga, no Vale do Rio Doce, a cair na tarde de 5 de novembro, deixando todos os ocupantes mortos. Como a aeronave não possuía caixa-preta, os celulares das vítimas e o sistema de GPS dos aparelhos, além do que estava no próprio avião, serão utilizados nas investigações.
As informações são extraídas no LabData, do próprio Cenipa. O local é especializado em fazer análise e leitura, por exemplo, de uma caixa-preta, que armazena dados e voz. Também foi solicitado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) informações sobre um possível registro do momento da queda do avião por meio de um radar local.
"Se a gente tem um GPS preservado, temos capacidade de extrair informação de celulares, GPS ou de qualquer equipamento que esteja, porventura, preservado após o impacto, para que possamos extrair o máximo de informação para fechar o quebra-cabeça que nos leve a entender quais foram os fatores contribuintes que levaram ao impacto", disse o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, ao "Fabcast", um podcast produzido pela Força Aérea Brasileira (FAB).
O Brigadeiro destacou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) exige que alguns tipos de aeronaves tenham caixa-preta. No entanto, há uma portaria que não torna obrigatório o equipamento em modelos de avião que transportem cinco ou menos passageiros, como foi o caso do King Air C90A, que levava Marília Mendonça e sua equipe para Caratinga.
O chefe do Cenipa disse que a ausência da caixa-preta dificulta o trabalho de investigação, uma vez que o equipamento permite à equipe entender a dinâmica da tripulação do avião nos momentos que antecederam a queda. Porém, o militar deixou claro que o fato não é um impeditivo para o órgão investigador, uma vez que celulares e o próprio GPS do avião podem ser recolhidos.
"Qual o valor que possui dentro da caixa-preta? Um valor imensurável, porque dentro daquela caixa-preta pode estar o fator contribuinte para os próximos 100 acidentes que podem estar acontecendo no mundo", afirmou o Brigadeiro, ao ressaltar a importância do equipamento em um avião.
Mensagem
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, na noite desse domingo (14/11), a mãe de Marília Mendonça, Ruth Dias, revelou ter recebido uma mensagem do tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho, de 43 anos, momentos antes do acidente. Ruth perguntou a Abicieli se já tinham chegado a Caratinga, quando, às 15h15 daquele 5 de novembro, o assessor de Marília respondeu: "Estamos quase pousando".
A mensagem pode ser importante para a investigação, uma vez que se pode chegar ao horário aproximado da queda da aeronave.
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