O artista Pedro Gandra foi em busca de diálogos entre os temas de seus trabalhos e de outros artistas para criar a exposição A construção de minimundos, em cartaz a partir desta sexta-feira (19/11) na Referência Galeria de Arte. Instigado pelo fato de que muitos dos temas de seus trabalhos também aparecem na obra de outros artistas, Gandra aceitou o convite para realizar uma coletiva na qual a reflexão repousa nos interesses comuns. Ele convidou oito artistas de Brasília para participar de um processo que incluiu um acompanhamento, visitas aos ateliês, muita conversa e a exposição.
Além da mostra, haverá também uma série de lives no Instagram da galeria em que os participantes falam sobre os próprios trabalhos. “A exposição parte de um ponto muito claro que é minha pesquisa individual e, a partir dessa pesquisa, abro diálogo com outros artistas e acompanho, durante três meses, o processo deles do zero”, conta. Apenas duas obras expostas em Construção de minimundos estavam prontas, todas as outras foram realizadas a partir da proposta do curador. Para integrar a mostra, o curador convidou Ana Júlia Vilela (SP), Annima de Mattos (SP), Gisele Camargo (MG), Joaquim Paiva (RJ), Léo Tavares (DF), Pedro Lacerda (DF), Raquel Nava (DF) e Vânia Mignone (SP). Trabalhos do próprio Pedro Gandra também estão na coletiva.
Gandra conta que tudo começou com um desejo de identificar temas caros a ele no recorte da produção de outros artistas que acabou se expandindo para um acompanhamento de três meses. A liberdade, ele explica, foi fundamental para a criação e não houve direcionamento de temáticas. Gandra prefere a ideia de organizador à de curador e lembra que essa posição remete às exposições organizadas por artistas nos anos 1980. “É um diálogo que permeia meu pensamento e questões da mostra. Durante o processo, me coloquei como totalmente aberto. Sabia que tínhamos interesses em comum, mas não impus. A gente estabeleceu uma troca. É uma exposição, sobretudo, sobre diálogos, meu diálogo com esses artistas e os diálogos deles”, avisa.
Ele cita pelo menos duas áreas que permearam o trabalho de boa parte dos artistas: a narrativa e a cena. “A narrativa é uma coisa que eu investigo, mas a narrativa que eu investigo é um tipo de narrativa que tem um tipo de qualidade. E cada artista tem a sua”, explica. “Mesmo que sejam artistas que pensam muito a narrativa, para os quais o texto tem influência muito grande, ela se manifesta de maneira diferente não só na imagem, mas na maneira como se pensa o texto.”
Outra necessidade que Gandra sentiu ao realizar a pesquisa para a exposição foi tentar articular como se constitui o imaginário dos artistas, do que é composto e como se apresenta ao mundo. “Porque não se apresenta como um todo”, garante. “As referências que compõem esse imaginário me interessavam como uma discussão na exposição. Outra discussão é do caráter de cena, cenário, ambientação, são temas caros a grande parte dos artistas da exposição e o fascinante do processo foi ver como se manifestam de maneiras distintas em cada trabalho.”
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