Não foi sem uma ponta de orgulho que o secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, compareceu aos estúdios da TV Brasília, na tarde de ontem, para comentar importantes ações dispensadas à cultura e a expectativa da retomada dos grandes eventos na cidade. Em entrevista ao CB.Poder, uma parceria com o Correio, ele conversou com a jornalista Ana Maria Campos e apresentou o saldo que considera positivo de ações da pasta sob sua gestão. "Tivemos mais de R$ 200 milhões investidos na cultura. O DF tem o mais robusto programa de fomento à cultura do país", comenta.
A expectativa com as festas de fim de ano e o carnaval de 2022, que carregam a euforia após a redução da transmissão da covid-19, foram pontos discutidos pelo gestor, já que existe a expectativa da ampliação do processo de flexibilização para essas programações. Precavido, o secretário admitiu que há conversas nesse sentido, mas reforçou a necessidade de readequar as comemorações aos tempos da pandemia. "O vírus continua circulando, e é necessário que a população faça a sua parte", destaca, salientando a necessidade da colaboração dos brasilienses para a adesão das festas com formatos ainda em estudo.
Na entrevista ao programa, Bartô (como é conhecido) falou da reforma do Teatro Nacional, fechado desde 2014, e que é tema de sistemáticas cobranças. Ele tratou de esclarecer os ajustes para um projeto viável e atualizado da reforma para a sala Martins Pena, comentou sobre a realização do 54º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e sobre o futuro modelo de gestão compartilhada a ser adotado no Cine Brasília.
Para a "cidade monumento", como ele tacha a capital, o secretário aguarda bons ventos para o 62º aniversário, a ser completado em abril. "Talvez as pessoas, em 2022, estejam se abraçando e conversando com mais tranquilidade", vislumbra Bartolomeu, que qualifica a cultura como verdadeiro item "sanidade mental". Por enquanto, o titular da Cultura local diz ter se encorajado para duas idas ao teatro, e parabenizou a capacidade de organização dos espectadores, que seguem minuciosamente os protocolos para assegurar a segurança coletiva. Com a dose de reforço da vacina, ele cogita a ida aos cinemas.
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Entrevista / Secretário de Cultura
O que pode ser dito do carnaval da cidade?
Publicamos o resultado de um edital para fomentar a atividade carnavalesca. Não se trata de dizer que vai haver carnaval. Serve, sim, para implementar atividades que mantenham a produção do carnaval ativo. Aliás, a vontade é que tivesse carnaval, em 2022. É vontade do governo que voltemos à normalidade, o mais breve possível. Temos que entender que carnaval é uma atividade diferenciada de atividade cultural. Brasília tem blocos que reúnem 200 mil pessoas, então, é difícil pensar em protocolos associados para esse quantitativo.Temos que levar em consideração que o vírus ainda está circulando. É uma realidade, que pode trazer recaída. Entretanto, não deixamos desamparado o setor do carnaval. Estamos fazendo um esquenta para 2023. Mas vamos observar o que é possível fazer para o carnaval. Estamos estudando. Não consigo, no momento, visualizar uma festa de arromba. Mas alguma coisa por esta festa de rua estamos fazendo. Estamos cautelosos, mas a vontade existe. O governador Ibaneis quer que se volte o mais rápido à normalidade. Estamos avançando na vacinação, então, quando tivermos segurança, apresentaremos (ideias). Estamos fomentando as escolas de samba de Brasília, que estavam totalmente desamparadas. Pensamos na aquisição de instrumentos, em capacitação e treinamentos. A cadeira produtiva do carnaval é muito rica: gera impostos e gera empregos.
Como serão as festas de fim de ano para a cidade?
Teremos um réveillon descentralizado e dentro dos protocolos existentes. Veremos até onde poderemos flexibilizar, além do previsto que inclui sistema drive-in (de festejos). Com cautela, estamos seguindo o que estabelecem os protocolos. Não espere o réveillon como era antigamente: um grande show, na Esplanada, com artistas de fora. Não planejamos isso. Cinco grandes regiões administrativas receberão as festas. Valorizaremos os artistas locais que passaram por este difícil momento pandêmico. Eles passaram muito aperto.
A Cultura foi um setor muito abatido pela crise da pandemia, não?
Foi o primeiro setor a ser atingido e, talvez (na reabertura), venha a ser o último da fila. Nós não ficamos de braços cruzados. Este governo tem o que mostrar da classe cultural e, sobretudo, para a sociedade, consumidora da cultura. Quem financia cultura no nosso país é o contribuinte. E o que se investe na cultura, volta. Teremos a retomada do desenvolvimento e da economia, num caminho que passa pela cultura. A classe cultural de Brasília é bastante organizada. E no quadrilátero, temos uma cultura bem diversificada. Temos a síntese do Brasil, com todas as linguagens culturais representadas. Temos promovido uma gestão muito democrática, sempre ouvindo todos os setores. A crise nos permitiu vislumbrar os setores culturais da cidade. Setores, antes invisíveis, estão mais à mostra. A Lei Aldir Blanc serviu muito para isso. Os bastidores de quem faz a cultura foram atendidos. Esses profissionais não tinham acesso aos recursos públicos para fomentar atividades dele.
O Festival de Brasília chegará em dezembro. O que pode ser adiantado dele?
Desde o edital, havia o chamamento para o formato on-line. O 54º Festival de Cinema traz a expectativa de, neste formato, ser visto por 1,5 milhão de pessoas. Isso são quantas salas do Cine Brasília? Estudamos a possibilidade de abertura do evento atender a sistema híbrido. Presencial, com número limitado de convidados. É forma de sinalizar para a população que, em breve, o Cine Brasília reabrirá as portas.
Como está a situação da abertura do Teatro Nacional, que foi fechado em 2014?
Tenta-se dar uma impressão, alguns setores aí, que foi esse governo que fechou o teatro nacional. Nós não fechamos, pelo contrário, é bom que se diga, é importante que se diga e fique bem claro: A solução para o Teatro Nacional foi finalmente apontada neste governo. Foi dentro daquela onda que teve de que o Ministério Público Federal olhou para todos aqueles grandes equipamentos culturais depois daquele acidente que houve na boate Kiss lá em Santa Maria. Então, todos os equipamentos culturais passaram por uma vistoria muito grande. Muita coisa mudou e mesmo que o Teatro Nacional estivesse novinho em folha eu não poderia abrir agora, porque é necessário que seja feita uma revisão para que se atenda as normas de acessibilidade.
Para abrir o Teatro Nacional, o que é preciso?
Nós tivemos que praticamente começar do zero, em relação ao projeto de reforma. Não tínhamos ideia da quantidade de problemas que teríamos que transpor para chegar num momento como agora, e digo com muita alegria: nós já concluímos tudo que é necessário para dar início ao processo de licitação. Nós já entregamos para a Caixa Econômica e estamos aguardando ansiosamente, com o coração na mão, e a qualquer momento teremos essa reposta da Caixa, porque temos um acordo com o Ministério da Justiça que nos permite o acesso ao Fundo dos Direitos Difusos e conseguimos um valor de R$ 33 milhões para iniciarmos as obras na sala Martins Pena.
Confira a íntegra da entrevista: